quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Deus existe?

O fim do mundo



Para o cristão o Senhor sempre será a meta

Muita gente está assustada com as previsões feitas para o dia 12/12/2012. Isto não passa de mais um momento de sensacionalismo, daquilo que é próprio de uma cultura cheia de vulnerabilidade e insegurança. Dizem ser o “dia galáctico”, até interpretado como “fim do mundo”. Apenas digo ser verdade que a profecia não é verdade.

O profeta Daniel descreve o fim dos tempos e a evidência da ressurreição(Dn 12, 1-3), mas tal realidade só pode acontecer por uma intervenção decisiva de Deus, quando cada pessoa receberá o destino de acordo com o seu proceder na terra: uns para a vida eterna e outros para a ignomínia eterna.

Daniel cita a sabedoria como aquilo que constrói o destino das pessoas. Quem age com meios violentos não consegue fazer prevalecer o direito de Deus. É a partir daí que vai acontecer o julgamento divino, “que tarda, mas não falha”. O que vai ficar é a justiça divina e a glória para quem a faz acontecer.

A meta da história está centrada no fato de que é Deus quem a dirige, levando consigo a ideia de seu triunfo final sobre todo o mal. Isto significa que o mundo tem uma meta, a consumação do plano de Deus. Cabe às pessoas uma atitude de vigilância, porque há uma certeza de que o Senhor virá.

Na visão bíblica, parece não existir fim do mundo, mas fim dos tempos, que vai coincidir com o retorno de Jesus Cristo na glória de Sua Ressurreição. Ele virá para julgar o mundo e a história. O povo eleito, disperso por toda a terra, será reunido e os justos estarão definitivamente com o Senhor.

O cristão deve ter em mente que o fim é acontecimento presente, que influencia seu pensar, julgar e agir. Um presente que é passageiro, transitório, mas apoiado na firmeza da Palavra do Senhor. Só Deus pode determinar o que chamamos de fim dos tempos. O dia vai chegar, mas isto não está nas mãos dos homens, mas do Senhor.

Eu estava errado. Perdoe-me!

Por qual motivo temos dificuldade de pedir perdão?



Em muitas situações de desentendimento e desconfiança nos relacionamentos humanos, bem como nas separações, brigas no trabalho e nos ambientes sociais, é importante reconhecermos uma de nossas grandes falhas: a falta de um pedido de perdão. Não reconhecermos nossos erros é um grande obstáculo na qualidade do convívio. 

Por qual motivo temos estas dificuldades? Um deles é admitir a “perda da nossa dignidade”, ter de passar por cima do nosso orgulho, sentirmo-nos ameaçados ao expormos nossos pontos fracos, ou que, ao pedirmos desculpas, o outro “nos 'passe na cara' ou use isto como uma vingança”, ou ainda que “seja lembrado pelos erros ou punido por ser honesto”. (Powell, J. 1985). Acho que, muitas vezes, você já viveu isto, não é mesmo? 

Em várias situações, sentimo-nos inferiores ao pedir desculpas; temos a necessidade de passar parte de nossa vida provando que somos sempre certos, que somos sempre capazes, que somos fortes e invencíveis. De alguma forma, esta necessidade vai sendo imposta a nós e pode ser uma grande armadilha em nossas vidas. 

Em outras situações, posso usar o seguinte pensamento: "se não recebi as desculpas do outro, por que eu vou me sujeitar a pedir desculpas?”. Isto nada mais é do que um grande processo de imaturidade, ao deixarmos que os comportamentos da outra pessoa possam determinar os nossos comportamentos e atitudes. É como achar certo roubar, porque alguém já roubou, não foi descoberto e nunca foi punido. 

Assista também: "O perdão é o caminho para a cura", com o saudoso padre Rufus 

Para que possamos chegar ao ponto de pedir desculpas, é válido encontrar um ponto de honestidade com nós mesmos, assumindo falhas e limitações. Esta honestidade interior faz com que vejamos, verdadeiramente, nossa responsabilidade nas situações, possamos reconhecer o que fizemos e entrar numa atitude de reconciliação com o outro. Talvez, nem sempre consigamos perdão, mas a atitude de reconhecer é totalmente sua e, certamente, muito libertadora. 

Peça desculpas, mas livre-se dos que levam você a pensar: “você provocou isto”, “só reagi assim, porque você é culpado”, “estou tratando você como fui tratado por você”. Tais formas “racionais” de explicar um fato, apenas alimentam em nós mais raiva e mais ressentimento. Faz com que cubramos nossos erros e não permite que, honestamente, possamos admitir o que foi feito de errado. 

“O perdão é instrumento de vida” (Cencini, A . 2005) e “força que pode mudar o ser humano”. Certamente, “a falha em pedir desculpas”  e em perdoar só servirão para prolongar a separação entre duas pessoas. Para isto, “a verdade precisa estar presente em todos os sinceros pedidos de desculpa” (Powell, J. 1985), compreendendo a extensão dos prejuízos que nossas atitudes, por vezes desordenadas e desmedidas, possam ter provocado na vida do outro. 

Por vezes, precisamos quebrar nossas barreiras interiores e realizarmos um grande esforço ao dizer: “Eu estava errado, perdoe-me!”, pois este esforço fará sua vida muito melhor, mesmo que o outro não aceite, de imediato, seu pedido, mas sua vida já foi mudada a partir deste gesto. 
 
Pense nisto: Para quem você gostaria de pedir perdão hoje? 

Elaine Ribeiro

Você sabe como a Bíblia foi escrita?


Como foram escritos os primeiros livros da Bíblia?
Os textos da Bíblia começaram a ser escritos desde os tempos anteriores a Moisés (1200 a.C.). Escrever era uma arte rara e cara, pois se escrevia em tábuas de madeira, papiro, pergaminho (couro de carneiro). Moisés foi o primeiro codificador das leis e tradições orais e escritas de Israel. Essas tradições foram crescendo aos poucos por outros escritores no decorrer dos séculos, sem que houvesse uma catalogação rigorosa das mesmas. Assim foi se formando a literatura sagrada de Israel. Até o século XVIII d.C., admitia-se que Moisés tinha escrito o Pentateuco (Gen, Ex, Lev, Nm, Dt); mas, nos últimos séculos, os estudos mais apurados mostraram que não deve ter sido Moisés o autor de toda esta obra.
A teoria que a Igreja Católica aceita é a seguinte: O povo de Israel, desde que Deus chamou Abrão de Ur na Caldéia, foi formando a sua tradição histórica e jurídica. Moisés deve ter sido quem fez a primeira codificação das Leis de Israel, por ordem de Deus, no séc. XIII a.C.. Após Moisés, o bloco de tradições foi enriquecido com novas leis devido às mudanças históricas e sociais de Israel. A partir de Salomão (972 – 932), passou a existir na corte dos reis, tanto de Judá quanto da Samaria (reino cismático desde 930 a.C.) um grupo de escritores que zelavam pelas tradições de Israel, eram os escribas e sacerdotes. Do seu trabalho surgiram quatro coleções de narrativas históricas que deram origem ao Pentateuco:
1. Coleção ou código Javista (J), onde predomina o nome Javé. Tem estilo simbolista, dramático e vivo; mostra Deus muito perto do homem. Teve origem no reino de Judá com Salomão (972 – 932).
2. O código Eloista (E), predomina o nome Elohim (=Deus). Foi redigido entre 850 e 750 a.C., no reino cismático da Samaria. Não usa tanto o antropomorfismo (representa Deus à semelhança do homem) do código Javista. Quando houve a queda do reino da Samaria, em 722 para os Assírios, o código E foi levado para o reino de Judá, onde ouve a fusão com o código J, dando origem a um código JE.
3. O código (D) Deuteronômio (= repetição da Lei, em grego). Acredita-se que teve origem nos santuários do reino cismático da Samaria (Siquém, Betel, Dã,…) repetindo a lei que se obedecia antes da separação das tribos. Após a queda da Samaria (722) este código deve ter sido levado para o reino de Judá, e tudo indica que tenha ficado guardado no Templo até o reinado de Josias (640 – 609 a.C.), como se vê em 2Rs 22. O código D sofreu modificações e a sua redação final é do século V a.C., quando, então, na íntegra, foi anexado à Torá. No Deuteronômio se observa cinco “deuteronômios” (repetição da lei). A característica forte do Deuteronômio é o estilo forte que lembra as exortações e pregações dos sacerdotes ao povo.
4. O código Sacerdotal (P) – provavelmente os sacerdotes judeus durante o exílio da Babilônia (587 – 537a.C.) tenham redigido as tradições de Israel para animar o povo no exílio. Este código contém dados cronológicos e tabelas genealógicas, ligando o povo do exílio aos Patriarcas, para mostrar-lhes que fora o próprio Deus quem escolheu Israel para ser uma nação sacerdotal (Ex 19,5s). O código P enfatiza o Templo, a Arca, o Tabernáculo, o ritual, a Aliança. Tudo indica que no século V a.C., um sacerdote, talvez Esdras, tenha fundido os códigos JE e P, colocando como apêndice o código D, formando assim o Pentateuco ou a Torá, como a temos hoje. Se não fosse a Igreja Católica, não existiria a Bíblia como a temos hoje, com os 73 livros canônicos, isto é, inspirados pelo Espírito Santo.
Foi num longo processo de discernimento que a Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, foi “berçando” a Bíblia, e descobrindo os livros inspirados. Se você acredita no dogma da infalibilidade de Igreja, então pode acreditar na Bíblia como a Palavra de Deus. Mas se você não acredita, então a Bíblia perde a sua inerrância, isto é, ausência de erro.
Demorou alguns séculos para que a Igreja chegasse à forma final da Bíblia. Em vários Concílios, alguns regionais outros universais, a Igreja estudou o cânon da Bíblia; isto é, o seu índice.
Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: “Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (DV 8; CIC,120).
Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).
Prof. Felipe de Aquino

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Igreja reafirma casamento ” Monogâmico entre um homem e uma mulher como uma conquista da civilização”.



O Vaticano, reagindo às “conquistas” para o casamento gay nos Estados Unidos e na Europa,  reafirmou nunca parar de lutar contra as tentativas de “apagar” o papel privilegiado do casamento heterossexual, que descreveu como sendo “uma conquista da civilização”.
Pelo segundo dia consecutivo, a mídia do Vaticano publicou editoriais contundentes declarando a inequívoca oposição da Igreja Católica Romana.
Está claro que nos países ocidentais há uma tendência disseminada de modificar a visão clássica do casamento entre um homem e uma mulher, ou então de renunciar a ela, apagando seu reconhecimento legal específico e privilegiado em comparação a outras formas de união”, disse o padre Federico Lombardi em um duro editorial na Rádio Vaticano.
Eleitores nos Estados norte-americanos de Maryland, Maine e Washington aprovaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo na terça-feira, a primeira vez que os direitos matrimoniais foram estendidos a casais do mesmo sexo por voto popular.
O editorial de Lombardi na Rádio Vaticano, que é transmitida para o mundo todo em cerca de 30 línguas, descreveu os votos como míopes, afirmando que “a lógica deles não pode ter uma percepção de longo alcance pelo bem comum”.
Lombardi, que também é o principal porta-voz do Vaticano e diretor da Rádio Vaticano e da Televisão do Vaticano, disse ser “conhecimento público” que o “casamento monogâmico entre um homem e uma mulher é uma conquista da civilização”.

Estudo revela que aborto não ajuda a “baixar taxa de mortalidade materna” mundial, como afirmam abortistas.


Um recente estudo publicado no jornal inglês The Lancet revela que a mortalidade materna no mundo descendeu de 526 300 em 1980 a 342 900. Para Scott Fischbach, Diretor Executivo do Minnesota Citizens Concerned for Life Education Fund (MCCL ou Fundo de Educação Cidadãos Preocupados pela Vida de Minnesota nos EUA), esta investigação “é clara prova de que a água potável, o sangue saudável e o adequado acesso à saúde  –e não o aborto à pedido– ajuda as mulheres grávidas e seus bebês globalmente”.http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(10)60518-1/fulltext
O Dr. Richard Horton, editor do The Lancet, explicou que durante algum tempo diversos “promotores do aborto” pressionaram para não dar a conhecer os resultados desta investigação ou pelo menos para adiá-lo até que se realizasse a cúpula mundial na ONU sobre a Mulher denominada Beijing +15, que já foi realizada.
“Por anos os advogados do aborto usaram o assunto da mortalidade materna para derrubar as leis pró-vida em distintos países. Sem o argumento da mortalidade materna, têm agora outro vazio em suas pressões pelo aborto a pedido”, explica Fischbach.
Distintos grupos Pró-vida, incluído o MCCL consideram que “a solução para os abortos ilegais e as altas taxas de mortalidade materna é muito simples: dar esperança, oportunidades e apoio às mulheres grávidas assegurando-lhes água potável, um fornecimento oportuno de sangue saudável e adequados cuidados de saúde. As estatísticas confirmam que estas ações podem salvar as mulheres, e não a legalização do aborto”.
O estudo também assinala que do total de mortes maternas de 2008, 60 mil correspondem a mulheres com vírus da AIDS no leste da África.
Este estudo foi realizado pela University of Washington e a University of Queensland em Brisbane, Austrália. Foi financiado pela Fundação do Bill e Melinda Gates.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Bela entrevista.



A revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” (Nº 329 – Ano 1989 – Pág. 457) publicou uma entrevista esclarecedora com o  Cardeal Paul Poupard, ex-Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo com os Não Crentes, dada ao repórter Angelo Bertani, da revista JESUS (edição de maio 1989, pp. 74s): 
Repórter: “Afirma o Cardeal Daneels¹ que a alternativa para a fé não é necessariamente o ateísmo, mas pode ser a  idolatria. Que diz V. Em.cia?” 
Paul Poupard: “De fato; o ateísmo puro é extremamente raro. Sartre diz em uma de suas obras,“Les Mots”, aliás uma obra-prima literária: “O ateísmo é um empreendimento difícil e de longo fôlego. Creio tê-lo realizado até o fim”. Sim; Sartre, Marx, Engels tinham uma certa inteligência cientificista ou niilista. Mas a questão se põe para Nietzsche: que é a sua exaltação da vida e do super-homem senão  uma série de ídolos feitos absolutos no lugar de Deus? E Lênin, com o mito do proletariado, da revolução, do comunismo… Não seriam ídolos tudo isto?  E não falamos da grande multidão daqueles que se dizem não-crentes com os seus ídolos mais terra-a-terra: sexo, dinheiro, drogas, esporte, sucesso econômico e social, prazeres estéticos e de outra ordem meramente terrena. 
A idolatria conheceu um desenvolvimento extraordinário e adquiriu o caráter de culto do Estado nos países socialistas. Por exemplo, assistimos na União Soviética ao ressurgimento dos mitos arcaicos, como o culto dos heróis, dos quais o primeiro é Lênin, do fogo eterno, símbolo da vida, dos ritos do batismo (imposição do nome), da iniciação da juventude (Confirmação), do casamento e das exéquias socialistas. Aliás, é preciso dizer que essas formas de idolatria socialistas não são senão um infeliz plágio dos ritos cristãos, plágio um pouco ridículo e que desagrada ao povo”. 
R.: “Por conseguinte, os “novos crentes” não têm muita segurança. E os “novos ateus” não deixam de ter esperanças…” 
P.P.: “Os novos crentes, os adoradores dos ídolos, encontram-se em posição insustentável. E isto, porque, após Jesus Cristo, os ídolos, os verdadeiros ídolos, são simplesmente impossíveis. Os  velhos deuses não podem mais ressuscitar, não podem ser levados a sério. É impossível crer sinceramente em Vênus, Mercúrio, Dionísio, etc. Ao homem europeu que fez a experiência de Cristo e teve o conhecimento da Revelação, não resta senão uma alternativa: ou Cristo ou o nada. Os deuses pagãos morreram realmente. 
Os “novos ateus”, os verdadeiros ateus, podem ter esperança? Sim, porque a esperança é a virtude dos tempos trágicos. E os dados são inequívocos: adesão a Deus, que se revelou
em Jesus Cristo, ou a escolha do nada. É diante desta prospectiva séria que Dostoievskij põe nos lábios de seus personagens: “O ateísmo pleno se encontra no alto da escada, no penúltimo degrau que leva à fé plena”. 
R.: “Que diria hoje V. Em.cia a um ateu que lhe afirmasse: “Eu sou ateu!?” 
P.P.: “Eu o contemplaria profundamente nos olhos (como Jesus) e lhe diria: “Que maravilha! Tu, com o teu semblante iluminado pelo Espírito, com os teus olhos em que se lê uma individualidade imortal, com todo o teu corpo, obra-prima da criação, tu, com aquilo que és, tu és a prova mais estupenda de uma evolução criadora do universo, que, logicamente, não pôde ser orientada senão por uma inteligência amorosa, que os homens, há milênios, chamam Deus”. E, se ele me dissesse ainda: “Não creio em Deus”, eu lhe responderia: “Mas Deus crê em ti”. 
R.: “E que diria V. Em.cia a quem afirmasse: “A nós o fato religioso não interessa em absoluto?” 
P.P.: “Eu lhe diria: “É porque vives na superfície de ti mesmo, na distração e no divertimento. E negligencias a dimensão mais profunda, mais bela, mais interessante do teu ser. A vida provavelmente tem, em certos momentos (e tu o sabes bem!), um sabor de fastio; talvez em certas ocasiões um sentimento de desespero te acometa, e isto te leva a uma procura insaciável de prazeres. Mas sabes que se trata de um beco sem saída. Entra, pois, de novo dentro de ti mesmo, descobre as tuas profundidades, a dimensão total do teu ser e então descobrirás dentro de ti algo de sagrado, inviolável, uma santidade que tu mesmo não pudeste poluir, uma fome do além, uma nostalgia de beleza”. 
R.: “Enfim, como enfrentar aqueles que dizem: “Fiz uma experiência à altura das minhas necessidades em tal ou tal grupo ou seita, no(a) qual me sinto realizado e seguro?” 
P.P.: “Dir-lhe-ia: “Uma experiência religiosa que não seja senão a satisfação de necessidades íntimas e um meio de realizar-se, só pode ser uma ilusão, uma procura de si mesmo, o arbitrário elevado à categoria do absoluto, uma falsa segurança. Quem a faz, não sai deste mundo nem do seu eu mais ou menos turvo e egoísta. É preciso renunciar à auto-suficiência, à auto-suficiência deste mundo, e aceitar uma verdade que vem de outra fonte, abrir-se ao absolutamente outro. Aceitar esse absolutamente outro que nos põe radicalmente em foco, é uma via para nos libertarmos do mundo e de nós mesmos. Esse Outro é Jesus Cristo e o seu Evangelho, vivo na sua Igreja”. 
R.: “Portanto, que é que ainda ensinam os “novos crentes”, os “ateus” ou os “indiferentes”? 
P.P.: “Os novos crentes, para os cristãos, são figuras do passado, “os velhos deuses que dormem em mortalhas de ouro” (Renan), que nada pode ressuscitar: uma posição impossível e falsa. Os indiferentes, por princípio, nada têm a dizer. “Boh!” não é uma resposta. Os “novos ateus” que levaram o seu ateísmo até o extremo, os ateus coerentes consigo mesmos, os ateus heróicos e trágicos, são os que ficam mais próximos de nós e paradoxalmente nos podem ensinar algo: um mundo de total ausência de Deus, escolhido de maneira consciente e vivido de modo trágico. Eles nos dizem o que é a ausência real e, conseqüentemente, nos fazem saber o que é a presença real de Deus entre nós:  luz do coração, sentimento de liberdade, alegria e esperança”. 
Comentário: 
Eis como o cardeal Poupard vê o ateísmo contemporâneo; julga que é algo de artificial ou violento demais para o homem, a tal ponto que os ateus mais radicais parecem fadados a ter pouca estabilidade na sua posição atéia; experimentando o vazio e o trágico de um mundo sem Absoluto e sem plenitude de valores, estão perto de passar para o campo da fé  ou do reencontro do homem consigo e com os mais profundos anseios da alma humana. 
O caso mais doloroso e lamentável é o dos indiferentes ou o dos que ficam descomprometidos com qualquer ideal, ainda que errôneo. Já o Apocalipse comenta a hediondez de tal atitude, atribuindo a Cristo as palavras: “Conheço tua conduta; não é nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque é morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca” (Ap 3,15s).O cristão, portanto, ao ver um ateu sincero, honesto, fiel aos seus deveres, alimenta esperanças a seu respeito. Sim; Deus está no termo de chegada da retidão e lealdade de consciência. 


¹ Arcebispo de Malines-Bruxelas (Bélgica). 

Entendendo as “entranhas” da perseguição anti cristã pelo Mundo e desfazendo mitos. Parte III



John L. Allen Jr - National Catholic Reporter

Mito nº 3: Ninguém a viu chegar
Quando os cristãos são alvejados, os políticos e a polícia muitas vezes desempenham o papel de capitão Louis Renault, em Casablanca, que professa seu choque com o que aconteceu, mas sugerindo que a violência foi uma calamidade imprevisível, em vez de uma falha de vigilância. No entanto, em um número perturbador de casos, os sinais de advertência foram muito claros.

Turquia é um exemplo. No dia 3 de junho de 2010, o bispo Luigi Padovese, um capuchinho italiano e vigário apostólico de Anatólia, foi assassinado pelo seu motorista, que alegou ter tido uma revelação privada identificando Padovese como o anti-Cristo. Como o motorista estava recebendo tratamento psiquiátrico, as autoridades turcas anunciaram que não houve “motivo político” e declararam o caso encerrado.

O que não se reconheceu foi o clima geral em que um louco pôde ter tido a ideia de que um bispo católico era a encarnação do mal.

Pouco depois que Padovese chegou em 2004, começaram as negociações para a adesão da Turquiaà União Europeia, inflamando ressentimentos nacionalistas. Entre esse ponto e a morte Padovese em 2010, um claro padrão de ameaça surgiu para a pequena minoria cristã (150 mil de 72 milhões):
- Em 2005, polêmicos minidramas sobre as Cruzadas foram ao ar na televisão turca, o que fez com que pedras começassem a ser atiradas contra as janelas de igrejas cristãs, lixo fosse deixado na porta das igrejas e abusos verbais fossem proferidos contra o clero cristão pelas ruas;

Também em 2005, um livro sensacionalista foi publicado por um turco chamado Ilker Cinar, que alegava ser um ex-protestante que havia retornado ao Islã, intitulado Eu fui um missionário. O Código está decodificado. Ele afirmava que os cristãos estavam trabalhando com os separatistas curdos e queria, destruir a nação.

No dia 8 de janeiro de 2006, um líder da Igreja Protestante de Adana foi espancado por cinco homens jovens;

- No dia 5 de fevereiro de 2006, um missionário católico italiano chamado Pe. Andrea Santoro foi assassinado a tiros na cidade de Trabzon por um jovem de 16 anos que gritava Allahu Akhbar(Padovese celebrou a missa fúnebre);

Nas semanas seguintes ao assassinato de Santoro, o padre esloveno Martin Kmetec foi jogado em um jardim e ameaçado de morte na cidade portuária de Izmir, enquanto o padre francês Pierre Brunissen foi esfaqueado no porto de Samsun, no Mar Negro;

No dia 19 de janeiro de 2007, um proeminente cristão turco de origem armênia, Hrant Dink, foi assassinado em Istambul;

No dia 18 de abril de 2007, três missionários cristãos que dirigiam uma pequena editora foram assassinados em Malatya;

- Em 2009, a imprensa turca publicou notícias sobre o “Plano Cage”, um esquema preparado por ultranacionalistas em conjunto com membros das Forças Armadas para desestabilizar o Estado por meio de ataques contra cristãos, armênios, curdos, judeus e alevitas.
Nesse contexto, realmente faz sentido definir o assassinato de Padovese como um ato isolado? Ou seria mais correto dizer que, mesmo que ninguém pudesse prever o momento e o alvo precisos do próximo ataque, a Turquiahavia permitido um clima perigoso se exasperasse?

Para ser justo, as autoridades turcas deram passos depois de 2007 para suavizar as polêmicas anticristãs na mídia e, segundo a Associação das Igrejas Protestantes da Turquia, a violência diminuiu. Seu relatório anual listou 19 ataques anticristãos em 2007 e 14 em 2008, mas apenas dois em 2009. O assassinato de Padovese, no entanto, sugere que a mudança do clima continua sendo um trabalho em andamento.

(Como nota de rodapé, o maior jornal de fala inglesa da TurquiaToday’s Zaman, publicou uma fascinante coluna em meados de dezembro comparando a tépida resposta do Vaticano aos assassinatos de Santoro Padovese com a agressiva abordagem protestante nos casos DinkMalatya. Os protestantes reuniram uma altamente poderosa equipe de advogados para pressionar por uma investigação séria e trabalharam duro para manter o interesse da mídia. De acordo com o colunista Orhan Kemal Cengiz, houve, por contraste, “uma absoluta falta de pressão por parte do Vaticano“. Ele atribui isso a um diagnóstico errado em Roma de que muita pressão poderia inflamar as tensões cristão-muçulmanas. Na verdade, diz Cengiz, os culpados são nacionalistas turcos extremistas).

Estado laico não é Estado ateu!



IVES GANDRA DA SILVA MARTINS
A esmagadora maioria do país crê em Deus. Se manifestações contrárias ao ateísmo forem vetadas, como querem alguns, será uma ditadura da minoria.
No “Consultor Jurídico”, leio artigo de Lenio Streck, eminente constitucionalista gaúcho. Ele, até com certa ironia e um misto de humor britânico e local, destrói todos os argumentos da pretensão de membro do Ministério Público que impôs ao Banco Central 20 dias para retirar das cédulas do real a expressão “Deus seja louvado”.
Concordo com todos seus argumentos. Lembro que o referido procurador deveria também sugerir aos constituintes derivados, que são todos os parlamentares brasileiros (513 deputados e 81 senadores), que retirassem do preâmbulo da Constituição a expressão “nós, os representantes do povo brasileiro, sob a proteção de Deus, promulgamos esta Constituição”.
Creio, todavia, que por ser preâmbulo da lei suprema, é imodificável. Terá o probo representante do parquet de suportar a referência ao Senhor.
Aliás, é bom lembrar que, sob a proteção de Deus, a Constituição promulgada permitiu que, pelos artigos 127 a 132, tivesse o Ministério Público as relevantes funções que recebeu e que ensejaram ao digno procurador ingressar com a ação anticlerical.
Tem-se confundido Estado laico com Estado ateu. Estado laico é aquele em que as instituições religiosas e políticas estão separadas, mas não é um Estado em que só quem não tem religião tem o direito de se manifestar. Não é um Estado em que qualquer manifestação religiosa deva ser combatida, para não ferir suscetibilidades de quem não acredita em Deus.
Há algum tempo, a Folha publicou pesquisa mostrando que a esmagadora maioria da população brasileira, mesmo daquela que não tem religião, diz acreditar em Deus, sendo muito pequeno o número dos que negam sua existência.
Na concepção dos que entendem que num Estado laico, sinônimo para eles de Estado ateu, só os que não acreditam no criador é que podem definir as regras de convivência, proibindo qualquer manifestação contrária ao seu ateísmo ou agnosticismo. Isso seria uma autêntica ditadura da minoria contra a vontade da esmagadora maioria da população.
Deveria, inclusive, por coerência, o procurador mencionado pedir a supressão de todos os feriados religiosos, a partir do maior deles, o Natal. Deveria pedir a mudança de todos os nomes de cidades que têm santos como patronos e destruir todos os símbolos que lembrassem qualquer invocação religiosa, como uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor, para não criar constrangimentos à minoria que não acredita em Deus.
O que me preocupa nesta onda do “politicamente correto” é a revisão que se pretende fazer de todo o passado de nossa civilização, desde livros de Monteiro Lobato às epístolas de São Paulo -não ficando imunes filósofos como Aristóteles, Platão ou Sócrates, que elogiavam uma democracia elitista servida por escravos.
Talvez o presidente Sarney tenha resumido com propriedade a ação do eminente membro do parquet ao dizer que, com tantos problemas que deve a instituição enfrentar, deveria ter mais o que fazer.
A moeda padrão do mundo, que é o dólar, tem como inscrição “In God We Trust”. A diferença é que os americanos confiam em Deus e na sua moeda -nós “louvamos a Deus” na esperança de que também possamos confiar na nossa.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A retirada da expressão “Deus seja louvado” das cédulas. Bispo se manifesta.




A expressão “Deus seja louvado” pode ser retirada das cédulas da moeda brasileira. Isto é o que pede uma ação da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), em São Paulo. O principal argumento utilizado é o de que o Brasil é um país laico e, portanto, não deve estar vinculado a qualquer manifestação religiosa. De acordo com a assessoria de comunicação da PRDC, no ano passado, houve uma representação questionando a permanência da frase nas cédulas de reais.
Durante a fase de inquérito, a Casa da Moeda informou que cabe privativamente ao Banco Central (Bacen) “não apenas a emissão propriamente dita, como também a definição das características técnicas e artísticas” das cédulas.
Já o Bacen afirmou que o fundamento legal para a existência da expressão “Deus seja louvado” nas cédulas é o preâmbulo da Constituição, que afirma que ela foi promulgada “sob a proteção de Deus”.“Deveríamos nos preocupar com coisas muito mais essenciais. Muitas pessoas dar-se-ão conta da frase somente depois desta ação. Não é novidade esse tipo de ação! A frase, agora, recordará a presença de Deus na vida do povo brasileiro”, afirma o Secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Ulrich Steiner.

A ação também pede que seja concedido à União o prazo de 120 dias para que as cédulas comecem a ser impressas sem a frase, sob pena de multa diária de R$ 1,00 caso a União não cumpra a decisão de retirar a expressão religiosa das cédulas. A multa teria caráter simbólico. O pedido da PDCR ainda alega que a expressão “constrange a liberdade de religião de todos os cidadãos que não cultuam Deus, como os ateus e os que professam a religião budista, muçulmana, hindu e as diversas religiões de origem africana”.
Para Dom Leonardo, a expressão não constrange, mas pode incomodar aos que afirmam não crer”. “As pessoas que vivem a sua fé, em suas diversas expressões, certamente não se sentem constrangidas, pois vivem da grandeza da transcendência. É que fé não é em primeiro lugar culto a um deus, mas relação. Se a frase lembra uma relação, poderia lembrar que o próprio dinheiro deve estar a serviço das pessoas, especialmente dos pobres, na partilha e na solidariedade. Se assim for, Deus seja louvado!”afirma Dom Leonardo. (SP-CNBB)

Entendendo as “entranhas” da perseguição anti cristã pelo Mundo e desfazendo mitos. Parte II




Mito nº 2: Tudo tem a ver com o Islã
Uma parcela desproporcional de perseguições anticristãs é, na verdade, alimentada pelo Islãradical. Open Doors, um grupo evangélico, colocou nove Estados muçulmanos em sua lista “Top 10″ de 2011 dos lugares mais perigosos para os cristãos, incluindo AfeganistãoArábia SauditaSomáliaIrã.

No entanto, simplesmente identificar a perseguição anticristã com o Islã é enganoso. Há exemplos convincentes de colaboração entre cristãos e muçulmanos em várias partes do mundo, e essa é a base da visão do Papa Bento XVIde uma “Aliança de Civilizações” (um dos principais partidos políticos das Filipinas, por exemplo, é o Democratas Muçulmanos Cristãos). Também não se deveria esquecer que as vítimas mais numerosas do extremismo muçulmano são, de fato, outros muçulmanos.

Além disso, o Islã radical dificilmente é a única fonte de animosidade anticristã. Os cristãos sofrem de uma série de outras forças, incluindo:
O ultranacionalismo (como na Turquia, onde nacionalistas extremistas tendem a ser uma ameaça maior do que os islamistas);

Estados totalitários, especialmente do âmbito comunista (ChinaCoreia do Norte);

- O radicalismo hindu (a agressão anticristã se tornou rotineira em algumas regiões da Índia. Nesta semana, radicais hindus armados com paus e barras de ferro atacaram 20 cristãos pentecostais em uma casa particular perto de Bangalore, um ataque que deixou o pastor sem um dedo de sua mão esquerda. Quando os cristãos denunciaram agressões semelhantes há duas semanas, um membro da comissão oficial do Estado para as minorias, que está sob o controle de um partido nacionalista hindu, deu de ombros: “Se realmente conhecessem os ensinamentos de Jesus, os cristãos não deveriam estar reclamando”, ele teria dito);

- O radicalismo budista (como no Sri Lanka, onde, ao contrário dos estereótipos de tolerância budista, manifestações lideradas por monges budistas atacaram igrejas cristãs e outros alvos em todo o país em 2009);

- Interesses corporativos (como na região amazônica do Brasil, onde ativistas cristãos foram mortos por protestar contra injustiças dos conglomerados do agronegócio);

- O crime organizado, narcotraficantes e bandidos menores (por exemplo, o assassinato, em 1993, do cardeal mexicano Juan Jesús Posadas Ocampo, alvejado 14 vezes no aeroporto de Guadalajara por homens armados ligados a um cartel de drogas, ou o assassinato no mesmo ano do padre italiano Giuseppe Puglisi, um crítico feroz da máfia siciliana);

- Políticas de segurança impostas pelo Estado (como em Israel, onde postos de controle, requisitos de visto e outras restrições dividem as famílias cristãs entre a Jerusalém Oriental e a Cisjordânia e tornam praticamente impossível que os cristãos de um local prestem culto em outro);

E até mesmo, acredite ou não, o radicalismo cristão.
Se esse último dado parece ser contraintuitivo, considere-se o que aconteceu no vilarejo de San Rafael Tlanalapan, no estado mexicano de Puebla, em setembro passado. Setenta protestantes locais foram forçados a fugir depois que um grupo de católicos tradicionalistas emitiram um ultimato assustador: saiam imediatamente ou serão “crucificados ou linchados”.

A questão é que o extremismo e a intolerância de qualquer tipo, não o Islã, são a ameaça.

Livro desmente de forma categórica acusações contra o Papa Pio XII em sua relação com os judeus perseguidos.



Por Beja Santos
“Os Judeus do Papa, O plano secreto do Vaticano que salvou milhares de judeus no Holocausto”, por Gordon Thomas, Casa das Letras, 2012, é uma reportagem altamente documentada sobre acontecimentos históricos que têm vindo a ser deturpados, numa tentativa de caluniar ou denegrir os esforços de Pio XII para salvar os judeus da sanha nazista, entre 1939 e 1945.
Em 1958, falecido Pio XII, Golda Meir, a ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, fez o seguinte elogio do Papa na Assembleia Geral das Nações Unidas: “Quando chegou o martírio terrível do nosso povo, na década do terror nazi, o Papa Pio XII elevou a sua voz pelas vítimas. A vida dos tempos que vivemos foi enriquecida por uma voz que se erguia, com grandes verdades morais, acima do tumultuo do conflito diário. Choramos um grande servo da paz”.
Finda a II Segunda Mundial, sucederam-se os ataques a Pio XII: “que nunca fizera frente a Hitler, que trabalhara em segredo com Mussolini, que se mantivera em silêncio durante o Holocausto, que odiara os judeus, que não os avisara de que estava prestes a ocorrer o extermínio em massa, que não publicara qualquer condenação do Holocausto”, etc. Depois, seguiram-se livros de escândalo, como a peça O Vigário, de Rolf Hochhuth, que apresentava o retrato de um pontífice ganancioso que guardou silêncio sobre o Holocausto, tal como o livro “O Papa de Hitler”, de John Cornwell.
Todos estes ataques tinham algo em comum, a saber: que Pio XII dirigira uma igreja institucionalmente antissemita. Que prestara pouca atenção ao assassínio de 6 milhões de judeus, etc. Claro está que outros historiadores e autores quiseram apresentar provas a refutar totalmente essas acusações. Isto, enquanto já havia provas que refutavam totalmente estas acusações.
A título exemplificativo, Pinchas Lapide, um antigo diplomata israelita escreveu preto no branco num dos seus livros que durante o pontificado de Pio XII, “a Igreja contribuiu para salvar pelo menos 700 000, mas provavelmente 860 000 judeus de uma morte certa às mãos dos nazis”.
Michael Tagliacozzo, indiscutivelmente a maior autoridade sobre os judeus romanos durante o holocausto refuta as acusações: “Calúnias sobre Pio XII. Sem ele, muitos membros do nosso povo não estariam vivos”.
Chaim Weizmann, que viria a ser o primeiro presidente de Israel, escreveu em 1943: “A Santa Sé está a dar a sua poderosa ajuda, onde pode, para mitigar o destino dos meus correligionários perseguidos”.
Em 1944, o rabi principal de Jerusalém, Isaac Herzog, enviou uma mensagem ao Papa: “O povo de Israel nunca esquecerá o que Sua Santidade e os seus ilustres representantes, inspirados pelos princípios eternos da religião que são os pilares da verdadeira civilização, fizeram pelos nossos infelizes irmãos e irmãs no momento mais trágico da nossa história”.
Esta admirável reportagem descreve-nos a personalidade de Eugenio Pacelli, já em cardeal camerlengo, estava em perfeita sintonia com o Papa Pio XI, que era manifestamente hostil ao antissemitismo do fascismo italiano e do nazismo. A Santa Sé começou a acolher os judeus romanos que tinham sido metidos às ordens de Mussolini, foi enchendo uma série de serviços com investigadores de primeira água, os edifícios pontifícios eram ocupados pelas famílias dos judeus.
A reportagem verifica o relacionamento entre a comunidade judaica de Roma e Pio XII, revela os nomes dos dignatários da Cúria que foram encarregados de acolher esta comunidade e de lhe prestar todo o auxílio. O primeiro discurso de Pio XII recuperou uma passagem na encíclica que ele tinha escrito para Pio XI intitulada “Com profunda preocupação”: “Aquele que exalta a raça, ou o povo, ou o Estado, ou uma forma particular de Estado, ou os detentores do poder, ou qualquer outro valor fundamental da comunidade humana – por mais necessária e honrosa que seja a sua função nas coisas terrenas –, quem quer que eleve essas noções acima do seu valor normal e as divinize alçando-as a um nível idolatra, distorce e perverte uma ordem do mundo planeada e criada por Deus; está longe da verdadeira fé em Deus e do conceito de vida conforme com ela…”. Acompanhamos o dia-a-dia no Vaticano, as tomadas de posição do Papa, apoiando a Igreja alemã contra o totalitarismo de Hitler.
Acompanhamos igualmente os canais diplomáticos quer dos Aliados quer alemães sobre a política papal, a entrada da Itália ao lado de Hitler na II Guerra Mundial, obrigou todos os parceiros a terem que contar com a intervenção do Vaticano. Por exemplo, os diplomatas acreditados do Reino Unido, França, Bélgica e Países Baixos foram instalados em território do Vaticano, o mesmo é dizer que cercados por forças hostis. Nomeadamente a partir de 1943, quando o fascismo italiano estava em vias de colapsar, a política pontifícia foi a de acolher na medida das suas possibilidades os judeus que iriam ser transferidos para os campos de concentração, isto enquanto em todos os países, e por ordem do Papa, os diplomatas da Santa Sé emitiam passaportes ou pagavam viagens para os judeus fugirem.
A reportagem ganha enorme vivacidade nesses momentos críticos em que os alemães vão buscar os judeus ao gueto de Roma e os serviços do Vaticano se desdobram no seu acolhimento. E surgiram novos problemas: muitos prisioneiros de guerra aliados caminhavam para Roma ao mesmo tempo que os exércitos do marechal Kesselring recebem instruções inequívocas para usar de mão de ferro em Roma. Fica-se depois a saber que Hitler pretendeu raptar Pio XII, acreditava que este rapto permitiria convencer a Grã-Bretanha e os Estados Unidos de que estavam a travar a guerra errada e que deveriam juntar-se à Alemanha e derrotar a URSS. Encarregou o general Wolff, em Setembro de 1943, de elaborar um plano tanto para raptar o Papa como para saquear o Vaticano, há muito que os dirigentes nazis pretendiam ter acesso a alguns desses tesouros, uns, por motivos ideológicos, outros, para poderem pagar a continuação da guerra. O plano viria a ser rejeitado, os alemães temeram a reação popular, cedo a resistência italiana deu provas de ser contundente e sabotar objetivos alemães. Vemos como os alemães, de cabeça perdida, invadem território do Vaticano e como a Cúria reage; a rusga alemã ao gueto já tinha sido prevista por Pio XII que apoiou um plano de recolha dos fugitivos. Esse sábado negro é descrito como um dos momentos fulcrais da determinação do Papa.
E chega a alvorada da libertação, as lutas nas ruas de Roma, as explosões perpetradas pelos resistentes e a reação alemã através de execuções. O livro enumera o que aconteceu a todos estes protagonistas de um lado e do outro, de forma tocante. E a 20 de Novembro de 1945, Pio XII recebe em audiência 80 representantes libertados de vários campos de concentração alemães que lhe vieram agradecer a sua ajuda, este foi o primeiro de muitos tributos comoventes e eloquentes que Pio XII recebeu nos anos do pós-guerra. O Papa nunca se recompôs fisicamente dos esforços sofridos, irá manter-se com a sua saúde precária até 1958. Em 1952 encontra-se com Moshe Sharett, primeiro-ministro de Israel, que lhe disse: “O meu primeiro dever é agradecer-vos e, através de vós, à Igreja Católica, em nome de todo o povo judeu, tudo o que fizestes em vários países para salvar os judeus”.Nunca existiu, pois, o Papa de Hitler, mas sim aquele que mais perto esteve dos judeus e contribuiu para salvar centenas de milhares deles, dando o exemplo logo nos territórios

Preconceitos



Assim como eu e os milhares de leitores de minha coluna diária, todos possuímos preconceitos. Isso nem é de todo uma desgraça. Alguns de nossos preconceitos são tolos e, talvez, perniciosos, mas outros são, simplesmente, as regras necessárias pelas quais vivemos.
"Pré-conceito" significa pré-julgamento: ou seja, decisões a que chegamos rapidamente sem ter de pesar muito as provas. Assim, se os "pré-conceitos" que temos são sensatos ou insensatos, dependerá das fontes de nossas crenças e de nossas preferências mais arraigadas.
É claro que uma pessoa pode nutrir preconceitos tolos a respeito do tom da pele ou dos cabelos de outro ser humano ou sobre a natureza de sua religião. Mas também é verdade, como escreveu Edmund Burke (1729-1797), que por um sábio preconceito a virtude se torne hábito.
Dessa maneira, povos de inclinações saudáveis e de instrução moral decente alimentam um preconceito a respeito do assassinato. Quando ouvimos que foi cometido um homicídio, reagimos a partir de nossos pré-conceitos -- e é justo que o façamos. Não perguntamos se o homem assassinado era bom ou se o assassino tinha boas maneiras, ou (supondo que sintamos como se estivéssemos desferindo o derradeiro golpe) podemos conseguir escapar sem sermos notados. Diferente da personagem principal do romance de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), "O Idiota", não pesamos racionalmente os aspectos benéficos e nocivos de um determinado assassinato para então decidir se iremos eliminar outra vida humana.
Ao contrário, simplesmente obedecemos ao mandamento "Não matarás", caso sejamos pessoas normais. Ao tomarmos conhecimento de um assassinato, decidimos que independente das circunstâncias particulares, o assassinato é mau e que a justiça deve ser feita. Um preconceito sensato, adquirido desde cedo na vida, nos informa que o assassinato é algo proibido e que não deve ser tolerado por sentimentalismos.
Igualmente, somos capazes de manter uma decente ordem social civil porque a maioria de nós age com base em sábios preconceitos sobre roubo, crueldade e fraude. Não temos de titubear e tentar ponderar as possíveis perdas e ganhos que encerram atividades como a trapaça ou o espancamento do próximo. Se somos bons, a maioria das pessoas é boa por ter hábitos morais. Não temos de realizar uma espécie de cálculo todas as vezes em que somos compelidos a tomar uma decisão moral.
Instilamos, deliberadamente, preconceitos desejáveis desde o início da vida -- por exemplo, no ato de dar umas palmadas caso nossos meninos persistam em chutar as canelas de outros meninos. Pais prudentes, de modo acertado, criam suas crianças com preconceitos a respeito de pequenos furtos em lojas, de estilhaçar janelas e de atormentar os cães. Não ensinam aos seus rebentos a perguntar: "Será que alguém vai me assistir torturando aquele cãozinho?"ou "Não seria mais divertido que perigoso dar um jato d'água na Sally?"
Permitam-me acrescentar que pais saudáveis também tentam manter os filhos livres de falsos preconceitos. É uma questão de discriminação precoce, mas criar alguém completamente sem preconceito é educar de modo indeciso e totalmente imoral. Não é errado ser preconceituoso com trapaceiros, mentirosos, fanáticos e demagogos.
Traduzido do inglês por Márcia Xavier de Brito
O presente ensaio foi publicado originalmente no livro "Confessions of a Bohemian Tory: Episodes and Reflections of a Vagrant Career". New York: Fleet Publishing Corporation, 1963.
Fonte: CIEEP: Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Entendendo as “entranhas” da perseguição anti cristã pelo Mundo e desfazendo mitos. Parte I



John L. Allen Jr - National Catholic Reporter

O intelectual francês Régis Debray observou que a perseguição anticristã se desdobra diretamente no ponto cego político do Ocidente – as vítimas são geralmente “muito cristãs” para estimular a esquerda e “muito estrangeiras” para o interesse da direita. 
Como contribuição para apagar esse ponto cego, vamos desmascarar cinco mitos comuns sobre a perseguição anticristã.
Mito nº 1: Os cristãos são vulneráveis apenas quando são minoria
Acima de tudo, mesmo que isso fosse verdade, dificilmente diminuiria a seriedade da questão. De acordo com uma recente análise do Pew Forum, 10% dos cristãos vivem em sociedades em que são uma minoria. Dado que existem 2,18 bilhões de cristãos no planeta, isso se traduz em mais de 200 milhões de pessoas, muitas delas enfrentando ameaças, como as da Faixa de Gaza.

Qualquer flagelo que põe 200 milhões de pessoas em perigo, seja qual for a causa, mereceria preocupação.

No entanto, é palpavelmente falso que a perseguição ocorre apenas onde os cristãos são uma minoria. Segundo dados de outubro de 2010 do Pew Forum, os cristãos enfrentam ataques em um impressionante total de 133 países, o que representa mais de dois terços de todas as nações da terra, incluindo muitas onde os cristãos são uma forte maioria.

Um olhar sobre uma recente lista reunida pela Agência Fides, a agência de notícias missionária do Vaticano, de agentes de pastoral católicos mortos durante o ano passado, ilustra esse ponto.

Dos 26 que perderam suas vidas em 2011, apenas um morreu em um país onde os cristãos são uma minoria: o padre salesiano Marek Rybinski, morto na Tunísia, em fevereiro. Todos os demais morreram em países onde os cristãos são maioria, incluindo várias nações majoritariamente católicas, como ColômbiaMéxicoBurundiSudão do Sul Filipinas.

Colômbia, o sexto maior país católico do planeta, também foi lugar mais perigoso do mundo para ser um agente de pastoral católico em 2011. Seis padres e um leigo morreram, somando-se a uma sangrenta contagem de 70 padres, dois bispos, oito religiosos e três seminaristas mortos na Colômbiadesde 1984.

Um dos mais angustiantes e novos martirológios de 2011 veio do México, onde 92% da população é católica. Mary Elizabeth Macías Castro, líder do Movimento Leigo Scalabriniano e blogueira, foi decapitada por expor as atividades de um cartel de drogas. De acordo com a Comissão para a Proteção dos Jornalistas norte-americana, ela foi a primeira jornalista do mundo morta devido ao uso de mídias sociais.

Em qualquer lugar em que os cristãos professam a sua fé abertamente, tomam posições contra a injustiça ou se colocam em perigo por causa do Evangelho, eles estão em risco – seja qual for a demografia religiosa do lugar.

Liberdade de consciência é “inegociável”. Leia e entenda.



Zenit
Superando as fortes pressões do lobby gay e abortista contra sua eleição, o político católico maltês Tonio Biorg (Foto) foi confirmado para a Comissão de Saúde e Consumo da União Europeia (UE). 

O Parlamento da UE decidiu a vitória de Borg ontem, 21, por 386 votos a favor e 281 em contra e 28 abstenções. 

Conforme assinala a plataforma espanhola pró-família HazteOir (HO), esta votação “vinha precedida de uma formidável polêmica internacional, provocada pela agressão de determinados lobbys radicais –financiados pela própria UE–”.

Entre estes grupos estão a Federação Humanista Européia, a Associação Internacional de Lésbicas e Gays (ILGA) e a multinacional abortista Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF), “que quiseram impor o veto ao político maltês exclusivamente por suas convicções morais e religiosas”.

Com o caso do Borg, assinala HO, “o verdadeiro respeito a um dos valores indisputáveis da Europa –a liberdade de consciência– foi novamente posto à prova. E o resultado, defendido por milhares de cidadãos através do alerta da HO, não pôde ter sido mais satisfatório: venceu a liberdade. Venceram os cidadãos”.

O alerta do grupo espanhol HazteOir pedindo a nomeação de Borg passou de 21 mil assinaturas no dia 20 de novembro a 37 526 (mais de 15 mil novas assinaturas) em menos de 24 horas.

Durante as últimas semanas Borg, ministro maltês de Assuntos Exteriores foi submetido ao escrutínio do Parlamento Europeu para comprovar sua idoneidade para o cargo.

Como parte do processo de escrutínio da Euro câmara, Borg respondeu por escrito a cinco perguntas dos deputados e respondeu às perguntas dos representantes de três comissões parlamentares da câmara em uma audiência de três horas de duração.

“Matrimônio” gay na França: Hollande respeitará objeção de consciência dos prefeitos do país.



ACI
O presidente da França, François Hollande, comprometeu-se ontem ante um congresso de prefeitos a que a lei do mal chamado “matrimônio” homossexual que ele impulsiona, inclua a cláusula de respeito à objeção de consciência para os funcionários que rejeitem casar a casais do mesmo sexo.
Conforme informa o jornal La Razón, Hollande disse ante o congresso da Associação de Prefeitos da França (AMF) que “os prefeitos são representantes do Estado e, se a lei for aprovada, deverão aplicá-la. Mas existem possibilidades de delegação e que podem ser ampliadas. E está a liberdade de consciência”.
O mandatário disse que o Estado deve respeitar “o laicismo e a igualdade” e precisou que “a lei se aplicará a todos no respeito da liberdade de consciência”.
O projeto de matrimônio de pessoas do mesmo sexo na França, apresentado pelo Governo no último dia 7, chegará ao Parlamento no final do próximo mês de janeiro, onde conta com o respaldo da maioria, embora alguns partidos também tenham expressado sua oposição.
Centenas de prefeitos enviaram uma carta ao presidente na qual asseguravam que se negariam a efetuar uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Do mesmo modo, no sábado passado, dia 17 de novembro, 250 mil pessoas saíram às ruas de 10 cidades da França em uma grande manifestação a favor do autêntico matrimônio, formado por um homem e uma mulher; e contra as uniões homossexuais.
Paris, Lyon, Toulouse, Rennes, Dijon, Metz, Marsella, entre outras, estavam lotadas por franceses que fizeram uma marcha pela defesa dos direitos das crianças a ter pai e mãe.
Em Lyon, desfilaram juntos o Arcebispo, Cardeal Philippe Barbarin, e o reitor da grande mesquita, Kamel Kabtane, quem assinalou que “compartilhamos os mesmos valores fundamentais e esses, devemos defendê-los juntos”.