quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sobre a AIDS

AIDS: eufemismos, manipulações e verdadeira prevenção
No dia mundial de prevenção a essa enfermidade
ROMA, terça, 1 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- É uma utopia educar os jovens do século XXI em programas de abstinência e fidelidade como os únicos meios para prevenir a difusão da AIDS? Tornaram-se inúteis os programas de educação sexual para reduzir o número de contágios no mundo?
“Creio que programas como ‘Educação para a vida’ e ‘Juventude viva’, que tiveram seus inícios em Uganda e que agora estão-se apresentando na África e em outros países do mundo, têm uma aproximação positiva”, afirma a ZENIT Dom Robert Vitillo, conselheiro especial de Cáritas Internacional sobre HIV e AIDS.
O prelado refere-se a uma campanha do Ministério da Saúde de Uganda, iniciada em 1986 com o nome ABC (referindo-se a abstinência, fidelidade e preservativo como última via), que reduziu as taxas de contágio da AIDS de 30% para 5%.
Mas como podem se tornar atrativos tais programas para os jovens de hoje? “Nós os apresentamos como ‘boa notícia’ –explica Dom Vitillo– e não simplesmente como uma série de mandamentos negativos ou como um alerta para prevenir a infecção do HIV”.
O prelado indica que se trata, em primeiro lugar, de que o ser humano reconheça sua dignidade para logo “ajudar as pessoas a entender o significado especial da sexualidade que Deus nos deu”.
E “depois ajudá-los a desenvolver suas capacidades, a atuar responsavelmente e a seguir o mandamento de Deus de que a atividade sexual deve ser exercida somente no contexto de uma relação permanente e fiel no matrimônio entre um homem e uma mulher”.
Preservativo... seguro?
No entanto, são outros os “valores” cada vez mais presentes nos diferentes programas de educação sexual ao redor do mundo.
O Papa Bento XVI, no dia 18 de março passado, durante sua viagem à África, deu a um dos jornalistas a conhecida resposta que logo criou uma forte polêmica mundial sobre o uso do preservativo.
“Não se pode superar o problema da AIDS apenas com slogans publicitários. Se não está a alma, se não se ajudam os africanos, não se pode solucionar este flagelo somente distribuindo profilácticos: ao contrário, existe o risco de aumentar o problema”.
Bento XVI tinha razão?
O índice de falhas no preservativo é de ao menos 15,7% só na prevenção da gravidez. “Devido a que uma mulher possa conceber só uns poucos dias (6 a 8) por mês, e também sabemos, que o índice de deficiência dos preservativos deve ser mais alto quando se trata de prevenir uma enfermidade que pode ser transmitida nos 365 dias do ano”, assegurou em um artigo enviado a ZENIT o médico peruano Raúl Cantella Salaverry, fundador, diretor e gerente do Centro de Diagnóstico Cantella SAC, na cidade de Lima.
Entre heterossexuais, assinala Cantella, a seção médica da Universidade do Texas descobriu recentemente que os preservativos só resultam efetivos em 69% dos casos para a prevenção à transmissão do HIV.
Um estudo de casais casados realizado durante um ano e meio em que um deles estava infectado determinou que 17% dos companheiros que utilizavam preservativos para se proteger foram contagiados.
Segundo o doutor Cantella, os planos de educação sexual para os jovens trazem consequências muito perigosas: a primeira é convencê-los de que podem ter relações de modo “100% seguro”, a segunda é ver a iniciação cada vez mais cedo da sexualidade como um comportamento “que todos estão fazendo”. Por outro, fazem crer aos jovens “que os adultos ‘responsáveis’ esperam que o façam”.
No entanto, a realidade é outra: um estudo realizado por Bayer, MTV e MySpace em uma população de 5.000 jovens da Argentina, Colômbia e México demonstra que dois em cada três jovens não utilizam nenhum sistema de proteção frente a uma gravidez ou possíveis enfermidades de transmissão sexual.
Prevenção realmente segura
Nas famosas declarações de 18 de março passado, durante a viagem à África, o Papa propôs a “humanização da sexualidade”, que se define como “uma renovação espiritual e humana que leve consigo um novo modo de comportar-se um com o outro, e, segundo, uma verdadeira amizade também e sobretudo com os que sofrem”.
Para realizar tal proposta, Raul Cantella indica a ZENIT que "o melhor professor de educação sexual para os meninos é um pai responsável, e a melhor professora para as meninas, uma mãe responsável”.