quinta-feira, 29 de setembro de 2011

27º Domingo do Tempo Comum - Liturgia da Palavra: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”

Leituras: Is 5, 1-7; Sl 79 (80) 9.12.13-14, 15-16.19-20; Fl 4, 6-9; Mt 21, 33-43
A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; pelo Senhor foi feito isso e é maravilha aos nossos olhos” (Mt 21, 42)
“A celebração do ano litúrgico encerra força peculiar e eficácia sacramental. Através dela, o próprio Cristo, [...] continua a sua via de imensa misericórdia, de tal modo que os fiéis de Cristo, não só comemoram e meditam os mistérios da Redenção, mas entram mesmo em contato com eles, comungam neles e por eles vivem” (Paulo VI, Mysterii paschalis, AAS 61 (1969), pp. 223-224).
Estas oportunas palavras do saudoso papa Paulo VI ilustram de modo admirável a importância da celebração do mistério de Cristo ao longo do tempo. A Igreja ao celebrar neste 27º domingo do Tempo Comum, nos coloca em contato direto com a presença do mistério pascal de Cristo, um mistério ocorrido na história há tanto tempo, mas atualizado no nosso hoje trâmite a liturgia. Esse mistério celebrado no tempo continua realmente a “via de imensa misericórdia” de um Deus que continua apaixonado pela humanidade.
É o que encontramos afirmado de modo solene na Oração do Dia: “Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir”.
O profeta Isaías na primeira leitura apresenta esse amor desmedido de Deus para conosco; um amor que vai muito além do que de fato “merecemos e pedimos”. A imagem usada pelo profeta para indicar essa realidade amorosa será aquela da vinha (cf. Ct 1, 6; 2,15; 8,12).
Por meio de um poema, talvez baseado em alguma música usada durante o trabalho da vindima, o profeta narra uma paisagem inicialmente idílica: numa colina fértil o amado resolve plantar uma vinha. Lança mão de um trabalho amoroso, cercando de cuidados suas videiras, criando um ambiente no qual estas possam produzir as melhores uvas.
Porém, de uma imagem paradisíaca, rapidamente a cena muda: malgrado os cuidados do amado, contrariando todas as suas expectativas, a vinha apresentou-lhe apenas uvas bravas, azedas. Todo o enfado se faz então sentir por parte do amado: seus atos de amor e ternura não foram correspondidos.
Como se dá muitas vezes entre os amantes, quando um não corresponde ao outro, não corresponde à altura, a mágoa se faz grande...
O próprio profeta nos dá a conhecer que a vinha é uma imagem. É a figura de Israel em sua relação com Deus, representado neste cântico pela personagem do amado cheio de atenção para com suas videiras: “A vinha do Senhor é a casa de Israel” (Salmo responsorial).
No Antigo Testamento, com certa freqüência, a vinha é também imagem do amor para com o próximo, da solidariedade para com o outro (cf. Ex 23, 11; Dt 24, 21; Dt 23, 24; Lv 25, 3), ou seja, os frutos doces que o amado espera, são aqueles que lhe façam ver a correspondência do amor que brota de si nos corações dos homens, transbordado em ações que resultem no amor e no interesse para consigo e para com o próximo.
Deus porém, não é como um amante humano. Ele é a fonte do amor (cf. 1Jo 4,16) e por isso mesmo quer a nossa felicidade. Nosso grande problema é que vivemos por vezes num constante afastamento dele, em busca de outros amores ilusórios. Somente um retorno livre ao amor primeiro, uma metanóia profunda de nosso ser, poderá nos abrir a novas perspectivas: “Não mais nos apartaremos de Vós: fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome. Senhor, Deus dos Exércitos, fazei-nos voltar, iluminai o vosso rosto e seremos salvos”. (Salmo responsorial).
Essa imagem da vinha é retomada também por Jesus no Evangelho. A parábola é bem conhecida e faz referência à imagem apresentada por Isaías na primeira leitura. Um proprietário planta uma vinha e, à diferença do relato de Isaías, a arrenda para que outros aí trabalhem.
Quando chega o momento de colher os frutos de sua iniciativa, os arrendatários simplesmente negam-se a dar-lhe o que era devido: chegam mesmo a cometer diversas injustiças para com os emissários do proprietário. Ao final, depois de várias tentativas, o proprietário envia seu próprio filho que será morto de modo brutal pelos agricultores e a estes esperará a vingança do proprietário.
A parábola é uma alusão possível à situação que Jesus vivia junto aos judeus de sua época: o proprietário da vinha é Deus; os agricultores arrendatários seriam uma imagem para indicar os judeus; os servos emissários do proprietário seriam os profetas e, finalmente, o filho assassinado brutalmente seria o próprio Jesus, que ao se colocar em rota de colisão com as autoridades religiosas de sua época, muito provavelmente intuira sua possível morte violenta - “lançaram-no fora da vinha e o mataram”: curiosamente, de modo análogo, Jesus foi crucificado fora dos muros de Jerusalém e aí morreu.
Ao final da parábola aparece a imagem que apresentaria a superação de Israel pelo Novo Israel/Igreja.
Parece que Jesus ao construir essa parábola usou não só as imagens do Antigo Testamento – especialmente a história narrada no livro dos Reis sobre a vinha de Nabot (cf. 1Rs 21, 1ss) – mas também a realidade do seu tempo, o quotidiano das pessoas.
De fato, segundo alguns estudiosos, a Galiléia dos tempos de Jesus apresentava áreas cultiváveis que estavam, em sua maioria, nas mãos de proprietários estrangeiros. Por isso mesmo seria fato bastante comum estes grandes proprietários disporem de agricultores que trabalhassem como arrendatários. Ao final de determinados períodos do ano estes agricultores deviam pagar aos proprietários estrangeiros o percentual devido. Isso explicaria a necessidade do envio de servos para a cobrança das taxas cabíveis.
Nesse período da história é bem possível que houvesse um clima revolucionário entre os agricultores da Galiléia, haja vista as diversas correntes contrárias ao poder estrangeiro vigente em toda a Palestina.
A decisão de matar o filho para “ficar com a herança”, refletiria igualmente um aspecto da legislação judaica (cf. 1Rs 21, 15) e romana de então. Essa legislação previa que terceiros poderiam entrar na posse de todo e qualquer bem, quando deixasse de existir um legítimo proprietário.
Embora esta narração componha a maior parte do Evangelho proclamado neste domingo, ele deve ser ouvido na sua totalidade. Os versículos finais, com a citação do salmo 118, são de grande importância para uma melhor compreensão da mensagem deste evangelho, desta boa notícia.
Numa primeira leitura a parábola parece corresponder satisfatoriamente à compreensão humana da realidade, aliás, é baseado neste mecanismo de compreensão que são feitos alguns clichês utilizados na linguagem cinematográfica: toda vez que num filme há a figura de um herói, se constrói com freqüência uma história onde este deve sofrer desmedidas violências por parte de um inimigo.
Esses atos de injustiça atingem seu clímax na medida em que se mostra de algum modo a fragilidade do herói, evidenciando ainda mais a total iniqüidade e injustiça perpetrada pelos inimigos.
Tudo isso prepara a cena seguinte onde o herói, restabelecido em suas forças, contra-ataca e destrói seus inimigos levando os espectadores à total aprovação de seu ato heróico justificado, porém igualmente violento, ou melhor, ainda mais violento, já que normalmente os inimigos são totalmente destruídos.
De fato, na conclusão da parábola encontramos a resposta à pergunta de Jesus que bem reflete essa compreensão: “Quando voltar o dono da vinha, como tratará aqueles agricultores? Certamente destruirá aqueles malvados...”.
Porém, em meio à injustiça humana, ao pecado, Deus vai muito além, ao oferecer a sua misericórdia e o seu perdão: “derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que mais nos pesa na consciência”. (Oração do dia).
Perdão divino oferecido por meio do sacrifício agradável do Filho e que necessita da resposta humana, traduzida em conversão e santificação. De fato, este é o alerta do apóstolo: “ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor. (...) Então o Deus da paz estará convosco.” (2ª Leitura, Fp 4, 8-9).
O dom de Deus pressupõe sempre uma atitude concreta e uma resposta livre dos cristãos, homens e mulheres, certamente imperfeitos, mas abertos à gratuidade: “Acolhei, ó Deus, nós vos pedimos, o sacrifício que instituístes e, pelos mistérios que celebramos em vossa honra, completai as santificação dos que salvastes” (Oração sobre as oferendas).
Deus, ao contrário das expectativas humanas, vai sempre muito mais além. Ele vê aquilo que os homens não enxergam: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; pelo Senhor foi feito isso e é maravilha aos nossos olhos” (Evangelho)
Deus, mediante a Ressurreição de seu Filho, injustamente morto “para a remissão dos pecados”da humanidade nos quer dar aquilo que do ponto de vista humano seria impensável, que sequer “ousaríamos pedir” (cf. Oração do dia): a própria vida divina.
Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do pão celeste e inebriar-nos do vinho sagrado, para que sejamos transformados naquele que agora recebemos” (Oração depois da comunhão).
Somente assim poderemos de fato produzir frutos doces de amor, de paz e justiça.

Por Gabriel Frade, professor de Liturgia e Sacramentos
SÃO PAULO, quinta-feira, 29 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à Liturgia da Palavra do 27º Domingo do Tempo Comum – Is 5, 1-7; Sl 79 (80) 9.12.13-14, 15-16.19-20; Fl 4, 6-9; Mt 21, 33-43 – redigido pelo professor Gabriel Frade. Natural de Itaquaquecetuba (São Paulo), Gabriel Frade é leigo, casado e pai de três filhos. Graduado em Filosofia e Teologia pela Universidade Gregoriana (Roma), possui Mestrado em Liturgia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora D’Assunção (São Paulo). Atualmente é professor de Liturgia e Sacramentos no Mosteiro de São Bento (São Paulo) e na UNISAL – Campus Pio XI. É tradutor e autor de livros e artigos na área litúrgica.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O maior suícidio coletivo da História teve origem religiosa.




Fonte: O contorno da sombra
Está disponível no youtube, com legendas em português, o documentário “Jonestown: Vida e Morte no Templo do Povo”, dividido em 9 partes, num total de 86 minutos. Foi produzido em 2006 sob a direção de Stanley Nelson, e relata a tragédia ocorrida em 18 de novembro de 1978, quando o líder da igreja conhecida como Templo do Povo, Jim Jones, levou ao suicídio coletivo algo em torno de 1.000 pessoas (nunca foi possível precisar o número exato das vítimas).
Das 9 partes em que foi dividido o documentário, os dois últimos são os mais difíceis de assistir, pois mostra o áudio do momento final do suicídio, em que só de crianças mortas foram quase 300. É o retrato do pior a que a humanidade pode chegar, a profundeza do horror sem fim. Realmente, é muito difícil ter estômago para acompanhar essas duas partes finais. É a banalização do mal em essência, algo que – guardadas as devidas proporções e circunstâncias – relembra o holocausto perpetrado pelos nazistas.Em comum, talvez, ambos os acontecimentos tenham o elemento religioso como agente causador do fanatismo e da chacina.
Os 7 primeiros capitulos, entretanto, servem para ter uma ideia do perigo que representa deixar-se controlar por alguém que diz deter uma revelação divina especial e particular, que lhe permitiria manipular as mentes e os corações de uma legião de seguidores. Assim como no nazismo, os sinais prenunciavam a tragédia muito antes da fuga para a Guiana inglesa. Bastava o assédio sexual chulo e explícito de Jim Jones aos homens e mulheres que o seguiam para saber que aquilo não vinha de Deus, mas mesmo assim muitos o seguiram até o fim.
Fica claro no documentário que não houve exatamente “suicídio” de muitos dos seguidores, já que, além da tortura psicológica, a outra opção era enfrentar os tiros dos seguranças armados. Como Jim Jones já havia “ensaiado” um suicídio coletivo anteriormente – sem veneno – para testar a lealdade dos seguidores, é possível que alguém tenha pensado que era mais uma de suas loucuras. De qualquer maneira, a frase de George Santayana que estava escrita numa placa acima do “trono” de Jim Jones em Jonestown segue sendo – paradoxal e tetricamente – um conselho válido: “aqueles que não relembram o passado, estão condenados a repeti-lo”.
O  video citado foi retirado do You Tube. Veja esse outro:
http://video.google.com/videoplay?docid=3501494540295584445

Igreja sabe o que diz: “Mais filhos trazem mais felicidade”, afirma pesquisa acadêmica SECULAR.



Revista Época-  DANIELLA CORNACHIONE
A relação tradicional entre a qualidade de vida de um país e o número de filhos em suas famílias é bem conhecida: em geral, vivem melhor as sociedades que têm menos crianças.
A média de filhos por mulher cai conforme avança o desenvolvimento econômico de uma nação. Nessas sociedades, cidadãos mais bem educados levam em conta as responsabilidades e os custos de criar cada filho. As mulheres se preocupam mais com a carreira, decidem com autonomia, têm acesso difundido à informação e a métodos contraceptivos. Os empregos migram para as cidades, e os filhos deixam de ser vistos como mão de obra necessária, como ocorre com as famílias pobres no campo.
Um estudo feito em uma das melhores escolas de negócios do mundo, a espanhola Iese, parece finalmente ter encontrado o papel dos bebês como geradores de felicidade.
A pesquisa foi organizada pelo engenheiro Franz Heukamp, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e pelo matemático Miguel Ariño, da Universidade de Barcelona. O objetivo era encontrar as características não econômicas de cada país que pudessem explicar o fato de as pessoas se dizerem mais ou menos satisfeitas com a vida.
Ariño e Heukamp cruzaram dois grupos de informações. O primeiro é de questionários sobre bem-estar subjetivo, combinados com características pessoais como estado civil, idade e gênero. Os dados são da Pesquisa Mundial de Valores, do Unicef, de 1981 a 2004, com informações de 100 mil pessoas de 64 países. O segundo grupo inclui indicadores sociais e econômicos, entre eles natalidade, inflação e PIB.
Eles perceberam que, entre sociedades com o mesmo nível de desenvolvimento econômico, o bem-estar tende a ser maior naquelas com menor nível de corrupção e naquelas em que a religião mais difundida não é o islamismo (atualmente associado, em muitos países pobres, à falta de liberdade política e religiosa). E encontraram também uma tendência, entre países desenvolvidos, de haver maior nível de satisfação onde há taxas de fecundidade superiores. Dinamarqueses e holandeses se dizem mais felizes do que alemães e japoneses, que desfrutam os mesmos confortos materiais. “Baixas taxas de natalidade sempre estiveram associadas a alto nível de desenvolvimento. Mas também podem significar egoísmo em uma sociedade, e isso afeta o bem-estar”, afirma Ariño.
A conclusão de que maior natalidade traz maiores chances de bem-estar deve ser vista com cuidado, já que outras variáveis não contempladas no estudo poderiam influir no resultado.Mas incluir a natalidade como fator de bem-estar coletivo é uma abordagem nova e promissora para a economia da felicidade, um campo que mistura psicologia e economia.Seu precursor é John Helliwell, professor da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. O palpite dele para explicar a conclusão do estudo é que quando um país sofre privações de alguma ordem, mesmo que seja desenvolvido, a sensação de bem-estar subjetiva cai e acelera a redução da taxa de natalidade. “As conclusões desse tipo de estudo não encontram, necessariamente, uma relação de causalidade direta. Nosso desafio é entender o que causa o quê”, afirma o economista Alois Stutzer, coautor do livro Economics & hapiness (Economia & felicidade). “Quando o filho nasce, mesmo que não tenha sido planejado, as pessoas tendem a racionalizar como algo bom. Já ter menos filhos do que se gostaria pode causar a sensação de infelicidade”, diz o demógrafo do IBGE José Eustáquio Alves.
Nas últimas décadas, a fecundidade caiu tanto na Europa que se tornou um problema. Em muitos países, como França, Holanda, Dinamarca e Reino Unido, existem políticas de incentivo à natalidade. O governo oferece benefícios à família e à criança, às vezes até a idade adulta. Mesmo assim, os casais europeus, na média, têm bem menos de dois filhos, um fenômeno que os demógrafos chamam de fecundidade indesejada por falta, quando a mulher tem menos filhos do que gostaria. A demografia diz que a “taxa de reposição” de uma população tem de ser, em média, de 2,1 filhos por mulher, para que não desapareça em algumas centenas de anos. Também há prejuízo econômico em ter mais idosos aposentados do que jovens trabalhando.
Há alguns sinais de reação a essa tendência. As taxas de fecundidade de alguns países estão estabilizadas ou cresceram. Um deles é a Dinamarca, que pertence ao grupo de países mais felizes, de acordo com o estudo. “Até 1985, cada dinamarquesa tinha durante a vida, em média, 1,4 filho. O número foi para 1,8 em 2010”, afirma o demógrafo Ralph Hakkert, consultor da ONU. “Na Suécia, a taxa de fecundidade era de 1,5 entre 1995 e 2000 e foi para 1,9 em 2010. É uma evolução importante.” A explicação pode estar na mudança do estilo de vida das europeias, segundo Hakkert. Nos anos 1980, elas estavam em plena disputa por espaço no mercado de trabalho. Como os países nórdicos avançaram rapidamente em oferecer oportunidades iguais, mais mulheres podem voltar a pensar em ser mãe e manter a vida profissional. Ainda não se pode dizer que seja uma tendência global, mas trata-se de uma mudança promissora – e bem simpática.

Uma fé pensada e vivida de um modo novo salvará o cristianismo, disse o Papa aos evangélicos

ERFURT, 23 Set. 11 (ACI/EWTN Noticias) .- Em seu discurso esta manhã aos representantes da Igreja Evangélica Alemã (IEA) no convento agostino de Erfurt onde viveu Martinho Lutero, o Papa Bento XVI assinalou que "uma fé pensada e vivida de um modo novo" será aquela que salve ao cristianismo em meio de um mundo secularizado.

Depois de visitar a Catedral de Erfurt, o Santo Padre se deslocou em automóvel até o antigo convento dos Agostinos da mesma cidade, aonde foi recebido pelo Presidente da IEA, Nikolaus Schneider, e pela Presidenta da Igreja Evangélica da Turingia, Ilse Junkermann, quem o acompanhou à sala capitular, a única do edifício que se manteve intacta desde os tempos do Lutero.

Em seu discurso, o Papa fez uma análise sobre o que guiou o caminho de Lutero durante o século XVI. "Para ele, a teologia não era uma questão acadêmica, e sim uma luta interior consigo mesmo, e logo isto se convertia em uma luta sobre Deus e com Deus", disse.

Logo após, o Papa destacou que a pergunta que guiou Lutero: "Como posso ter um Deus misericordioso?" "Que esta pergunta tenha sido a força motivadora de todo o seu caminho me toca sempre. Quem, de fato, se preocupa hoje com isto inclusive entre os cristãos? O que significa a questão sobre Deus na nossa vida? No nosso anuncio?".

Ante os próprios males e pecados que contribuem pouco a pouco aos grandes males do mundo como a droga, o desejo de poder e ter ou a violência, Bento XVI explicou que o mal "Não, o mal não é uma coisa de insignificante. Ele não poderia ser tão potente se nós colocássemos Deus verdadeiramente no centro da nossa vida".

"A pergunta: Qual é a posição de Deus no quis respeito a mim, como me encontro diante a Deus? – esta pergunta de Martinho Lutero deva tornar-se de novo e certamente de modo novo, também a nossa pergunta. Penso que este seja o primeiro apelo que deveremos sentir no encontro com Martinho Lutero".

Logo depois de recordar que o pensamento do Lutero era cristocentrico, o Papa explicou que "a coisa mais necessária para o ecumenismo é antes de tudo, que diante da secularização, não percamos as grandes coisas que temos em comum, que por si só, nos tornam cristãos e que permaneceram como dom e tarefa.".

Depois de alentar ao "testemunho comum do Deus de Jesus Cristo neste mundo", o Santo Padre, disse que ante uma nova forma de cristianismo "de escassa densidade institucional, com pouca bagagem racional, menos ainda dogmático, e com pouca estabilidade" é necessário questionar-se sobre aquilo que deve permanecer e o que deve mudar "ante a questão de nossa opção fundamental na fé".

Outra característica a ser tida em conta na secularização, tão marcada na Alemanha, aonde "a ausência de Deus na nossa sociedade se faz se torna mais pesada, a história da sua revelação, do qual nos fala a Escritura, parece colocada em um passado que se afasta cada vez mais. Existe a necessidade talvez de ceder à pressão da secularização, tornar-se modernos mediante um enfraquecimento da fé?"

"Naturalmente, a fé deve ser repensada e sobretudo revivida hoje em modo novo para se tornar uma coisa que pertence ao presente. Mas não é o enfraquecimento da fé que ajuda, mas somente vivê-la inteiramente no nosso hoje. Este é o objetivo ecumênico central. Nisto devemos ajudar-nos reciprocamente: a acreditar em modo mais profundo e mais vivo".

Por isso, disse, "Não são as táticas que nos salvarão, que salvarão o cristianismo, mas uma fé repensada e revivida em modo novo, mediante a qual Cristo, e com Ele o Deus vivente, entre neste nosso mundo".

Finalmente o Papa disse que "como os mártires da época nazista nos conduziram um ao outro e suscitaram a primeira grande abertura ecumênica, assim também hoje a fé, vivida a partir do íntimo de nós mesmos, em um mundo secularizado, é a força ecumênica mais forte que nos une, guiando-nos em direção à unidade no único Senhor".

Canção Nova é homenageada pelo Senado Federal



Leonardo Meira
Da Redação


Reprodução / TV CN
Cofundador da Comunidade Canção Nova, Wellington Silva Jardim discursa durante cerimônia. Abaixo, senadores e convidados prestigiam a homenagem
Comunidade Canção Nova foi homenageada pelo Senado Federal na tarde desta terça-feira, 27, por ocasião de seus 33 anos de fundação. Os cofundadores da Comunidade, Wellington Silva Jardim e Luzia Santiago, representaram a instituição na cerimônia. 

"Quero destacar a grande honra de estar nesta Casa para receber uma homenagem em nome da Comunidade. Isso é sinal do reconhecimento e da importância da Canção Nova para a sociedade. Louvado seja o Nosso Deus!", exclamou Wellington durante seu pronunciamento.

"Eto", como é carinhosamente chamado pela família Canção Nova, recordou um importante ensinamento do fundador,Monsenhor Jonas Abib: a Canção Nova é uma obra de Deus, um milagre aos nossos olhos. "Em 33 anos de fundação, muitas coisas foram vividas para que, hoje, pudéssemos colher um pouco do fruto dessa missão", destacou.

O cofundador e também presidente da Fundação João Paulo II - mantenedora de todo o Sistema Canção Nova de Comunicação e projetos levados adiante pela Comunidade - exemplificou a relevância do trabalho da instituição através do número de pessoas que colaboram financeiramente com suas iniciativas: 1,8 milhão de brasileiros cadastrados na base de dados.

"Viver da Providência é esperar com as mãos postas o que vem do céu. A Canção Nova não parou, e não vai parar. Nasceu assim, está com 33 anos, e eu tenho certeza que Deus vai continuar nos abençoando. Transmitimos através de todos os canais possíveis, porque temos que evangelizar a todos, a Palavra tem que chegar a todos. Se sonegamos a Palavra, Deus também pode sonegar Sua Providência. Se a gente cuida bem das coisa de Deus, Deus cuida das nossas. Por isso, não nos preocupemos com as nossas, mas com as de Deus", afirmou.

Eto também agradeceu ao autor do requerimento com a proposta de homenagem, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). "De toda a história da Canção Nova, a grande corrida para se chegar onde está foi justamente em Sergipe, na sua capital, onde obtivemos nossa primeira geradora", recordou.

Por fim, apontou a importância do método do Por Hoje Não vou mais pecar (PHN) - idealizado por Monsenhor Jonas Abib - na evangelização da juventude. "Hoje, o Brasil todo conhece. O PHN busca mostrar o valor do jovem, a força que ele tem. O Brasil precisa dessa juventude. Não precisa de jovens caídos. Temos que levantar a autoestima desse povo", disse.

Assista ao pronunciamento de Eto durante a cerimônia



A cerimônia

A missionária da Comunidade Canção Nova e cantora Eliana Ribeiro cantou três músicas ao início da cerimônia.
Em sua fala, o autor do requerimento com a proposta de homenagem, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE),destacou que a convocação de sessões solenes no Congresso Nacional, seja na Câmara, seja no Senado, obedecem ao mesmo rito e propósito: homenagear pessoas e entidades cujo trabalho tenha relevância para o conjunto da sociedade, contribuindo para elevá-la.

"É necessário dizer que esta sessão enquadra-se plenamente nesta premissa. A Canção Nova promove um trabalho de profundo alcance social, que envolve milhares de pessoas, no Brasil e no exterior, que, sem descurar do sentido religioso, o transcende largamente. Ela é, hoje, um braço ativo a serviço da sociedade brasileira", ressaltou.

Valadares indicou que o Sistema Canção Nova de Comunicação leva instrução e amparo, promovendo a difusão de valores éticos e morais universais, veiculando informações de utilidade pública a amplos segmentos da população.

"A nossa Canção Nova é um orgulho para todos nós. Ressalto, mais uma vez, que não se trata de trabalho voltado apenas para a evangelização, o que por si só já seria meritório. Mas vai além, há nele um sentimento humanista e ecumênico decorrente das obras sociais que beneficiam dezenas de milhares de pessoas. Um exemplo é o Instituto Canção Nova, a Casa do Bom Samaritano, o Posto Médico Padre Pio, o Projeto Geração Nova (Progen), e tantos outros", enumerou.

O senador também recordou os benefícios que a Comunidade promove no Estado de Sergipe, particularmente na capital, Aracaju, onde há uma sucursal da TV e atividades desenvolvidas pelos missionários e colaboradores da Canção Nova.

"É um trabalho que honra o país e serve de exemplo aos que estão conscientes de que o resgate da vida social brasileira não depende apenas do  Estado, mas também da sociedade. Ressalto mais uma  vez o caráter não sectário da Comunidade, que, em coerência com o princípio de fazer o bem sem olhar a quem, estende a mão a necessitados, independentemente de raça, crença ou gênero. Afirma na prática, não apenas na teoria, os valores humanistas da fraternidade universal. Viva a nossa Canção Nova!", disse.
Ao final da sessão, o presidente do Senado Federal, senador José Sarney (PMDB-AP), salientou que a Casa cumpria um agradecimento que é de todo o povo brasileiro. E também que é costume comemorar datas redondas, mas a ocasião recorda os 33 anos da Comunidade.

"Tem um significado simbólico porque esse foi o número de anos que Deus determinou que seu Filho passasse entre os homens, na terra, para mostrar que não estamos sós, que sempre temos Deus ao nosso lado. A Canção Nova prega pelo exemplo e pela Palavra - Palavra de Deus e exemplo de trabalho que todos aqueles que promovem iniciativas em benefício do país, de todos nós, e do povo brasileiro. Hoje, fazemos um tributo pelos serviços prestados à sociedade brasileira
", disse.

Também fizeram uso da tribuna os senadores: G
im Argello; Aécio Neves; Valdir Raupp; Eduardo Amorim; Pedro Simon; Rodrigo Rollemberg; Marinor Brito; Geovani Borges; Wilson Santiago; Jayme Campos; Magno Malta; Flexa Ribeiro; Eduardo Suplicy; Cícero Lucena.


Comunidade Canção Nova

Criada em 1978 pelo monsenhor Jonas Abib, a Canção Nova, com sede na cidade de Cachoeira Paulista (SP), tem como missão a evangelização através dos meios de comunicação social.

Atualmente, a Comunidade Canção Nova possui mais de mil membros, entre os quais sacerdotes e leigos celibatários e casados, que vivem e trabalham em prol da evangelização em todo o Brasil e em países como Paraguai, Portugal, França, Itália, Estados Unidos e na Terra Santa.

Em 2008, a Canção Nova obteve o Reconhecimento Pontifício e, em 2009, foi reconhecida como pertencente à Família Salesiana.

Homilia Diária - 28.09.2011 - "O discípulo deve despojar-se totalmente das preocupações materiais".

A caminhada que Jesus aqui inicia – com os discípulos – é mais teológica do que geográfica. Lucas não tem a pretensão de nos descrever os lugares por onde Cristo vai passar até chegar a Jerusalém. Seu objetivo é apresentar um itinerário espiritual, ao longo do qual o Senhor vai mostrando aos discípulos os valores do Reino e os vai presenteando com a plenitude da revelação de Deus. É o caminho que terá o seu fim na Paixão, Morte e Ressurreição do Mestre. Portanto, trata-se do caminho no qual se vai irromper a salvação definitiva. Como discípulos, somos exortados a seguir este caminho, para nos identificarmos plenamente com Jesus.
Lucas apresenta – com o diálogo entre Jesus e três candidatos a discípulos – algumas das condições para percorrer, com Ele, esse caminho que leva a Jerusalém, isto é, que leva ao acontecer pleno da salvação.
O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se totalmente das preocupações materiais. Para o discípulo, o Reino de Deus tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material“As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar”.
O segundo diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se desses deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância, impedem uma resposta imediata e radical ao Reino: “Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus”.
O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se de tudo para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Nada – nem a própria família – deve adiar e demorar o compromisso com o Reino: “Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus”.
Não podemos ver essas exigências como normas. Noutras circunstâncias, Jesus mandou cuidar dos pais (cf. Mt 15,3-9); e os discípulos – nomeadamente Pedro – fizeram-se acompanhar das esposas durante as viagens missionárias (cf. I Cor 9,5). O que esses ensinamentos pretendem dizer é que o discípulo é convidado a eliminar da sua vida tudo aquilo que possa ser um obstáculo no seu testemunho cotidiano do Reino.
Aos discípulos de Jesus é proposto que O sigamos no caminho de Jerusalém, pois é por Ele que chegaremos à salvação, à vida plena. Trata-se de um caminho que implica renúncia a nós mesmos, aos nossos interesses, ao nosso orgulho, e um compromisso com a cruz, com a entrega da vida, com o dom de si, com o amor até às últimas consequências.
Padre Bantu Mendonça

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Papa na Alemanha: “O perigo para a Igreja não vem de seus adversários mas dos cristãos ‘mornos’.


Rádio Vaticano
Neste domingo de sol e calor humano, circundado por uma multidão nesta cidade baluarte dos católicos no sul da Alemanha, o Papa encerrou a sua 21a viagem apostólica, terceira em seu país natal.
O grande momento do dia foi a missa celebrada esta manhã, às 10h, no aeroporto turístico de Friburgo, com a participação de cerca de 100 mil fiéis. Para a Eucaristia vieram fiéis do país e das nações próximas (França e Suíça), assim como os bispos das 27 dioceses da República Federal. Muitos dos 35 mil jovens com quem se reuniu ontem à tarde, na Vigília, também estiveram presentes, depois de passar a noite nas instalações do aeroporto, distante 8 km da cidade.
Depois do intenso programa dos últimos dias, nem a agenda de domingo poupou o Pontífice de uma série de encontros, como o particularmente significativo com os juízes da Corte Constitucional Federal, um testemunho da importância que Bento XVI atribui à Constituição alemã, redigida mais de 60 anos atrás como texto-base para a reconstrução da democracia na Alemanha depois da ditadura nazista.
À tarde, no Teatro de Concertos da cidade, o Papa encontra-se com os católicos engajados na Igreja e na sociedade, antes de se dirigir ao aeroporto de Lahr, de onde parte para Roma, e de lá, diretamente para Castel Gandolfo.
Enquanto isso, a imprensa alemã começa a fazer um balanço da missão do Papa compatriota no país. Como era de se esperar, os jornais dão muito destaque ao incidente ocorrido em Erfurt antes da missa, sábado. O “Bild” escreve: “Momentos de medo durante a visita do Papa!”, mas depois que a polícia redimensionou o caso, a imprensa pôs a questão em segundo plano, dedicando espaço principalmente à Vigília com os jovens em Friburgo e ao encontro com o ex-chanceler Helmut Kohl. O cotidiano descreve a alegria da Vigília afirmando que muitos dos jovens presentes usavam bonés e camisetas da JMJ de Madri. O encontro com Kohl, em cadeira de rodas, é definido “tocante”.
“Der Spiegel” traz uma crônica da Vigília descrevendo um Papa de 84 anos “jovem entre os jovens” e faz uma reflexão sobre o significado de “visita pastoral”, uma expressão – escreve – que soa por vezes hipócrita mas que nesta ocasião, é certeira. O Papa encontrou seu rebanho: cerca de 3 mil jovens, entusiasmados e carinhosos, ao seu redor. Sob um céu sem nuvens, um sol que se punha no horizonte e temperaturas de verão, 30 mil jovens de toda a Alemanha comemoraram o “seu” Bento, gritando o seu nome como em uma torcida. Havia grupos de escoteiros, associações rurais de jovens, coroinhas, movimentos de fraternidade, jovens pais com seus bebês, padres e freiras com tênis nos pés. Toalhas de pic-nic, sacos de dormir e colchões de viagem cobriam o gramado.
“Der Spiegel” destaca uma frase do Papa: “O perigo para a Igreja não vem de seus adversários mas dos cristãos ‘mornos’”. O jornal publica ainda que a coalizão “Friburgo sem Papa” entregou mais de 5 mil assinaturas à Prefeitura para protestar contra a assinatura do Pontífice no Livro de Ouro da cidade, por sua posição sobre homossexualidade e papel das mulheres na Igreja.
O “Frankfurter Allgmeine Zeitung” titula seu artigo com outra frase de Bento XVI: “A caricatura da figura dos santos, como se eles fossem fora do mundo, personalidades heróicas e inimitáveis”. “Não é assim – diz o Papa, convidando os jovens a terem coragem e serem santos ardorosos”.
O “Suddeutsche Zeitung” escreve que em Friburgo o Papa foi acolhido com grande calor e na Vigília foi aclamado pelos jovens como um “popstar”. Publica também entrevistas a jovens, muitos dos quais afirmam não ver diferenças entre católicos e luteranos e discordam da Igreja sobre temas como a homossexualidade e o papel das mulheres nas estruturas eclesiais. Sobre o encontro com o Comitê Central dos Católicos Alemães, repercute a frase: “a verdadeira crise da Igreja no Ocidente é a crise da fé”, recordando também o pronunciamento aos ortodoxos: “nossas Igrejas estão muito próximas”.

Com a perda de fiéis, a Igreja não “deveria mudar”? Responde-nos o Papa.


Rádio Vaticano
Antes de se dirigir para o aeroporto de Lahr para a cerimônia de despedida o Papa Bento XVI foi até o Centro de Congressos de Friburgo onde se encontrou com os católicos comprometidos na Igreja e na sociedade.
No seu discurso aos mais de 1.500 presentes o Papa agradeceu o serviço e o testemunho desses «valorosos arautos da fé naquelas realidades que esperamos» (Lumen gentium, 35). No vosso ambiente de trabalho, defendeis de bom grado a causa da vossa fé e da Igreja, o que nem sempre é fácil no tempo atual. Assistimos, há decênios, – continuou o Papa – a uma diminuição da prática religiosa, constatamos o crescente afastamento duma parte notável de batizados da vida da Igreja. Surge a pergunta: Porventura não deverá a Igreja mudar? Não deverá ela, nos seus serviços e nas suas estruturas, adaptar-se ao tempo presente, para chegar às pessoas de hoje que vivem em estado de busca e na dúvida? Uma vez alguém instou a beata Madre Teresa a dizer qual seria, segundo ela, a primeira coisa a mudar na Igreja. A sua reposta foi: tu e eu!
Este pequeno episódio evidencia-nos duas coisas: por um lado, a Religiosa pretendeu dizer ao seu interlocutor que a Igreja não são apenas os outros, não é apenas a hierarquia, o Papa e os Bispos; a Igreja somos nós todos, os batizados. Por outro lado, Madre Teresa parte efetivamente do pressuposto de que há motivos para uma mudança. Há uma necessidade de mudança. Cada cristão e a comunidade dos crentes são chamados a uma contínua conversão.
E esta mudança, concretamente como se deve configurar? Trata-se aqui porventura de uma renovação parecida com a que realiza, por exemplo, um proprietário de casa mediante uma reestruturação ou a pintura do seu imóvel? Ou então trata-se de uma correção para retomar a rota e percorrer, de modo mais ágil e direto, um caminho? Certamente têm importância estes e outros aspectos. Mas, no caso da Igreja, o motivo fundamental da mudança é a missão apostólica dos discípulos e da própria Igreja. De fato a Igreja deve verificar incessantemente a sua fidelidade a esta missão.
A missão da Igreja – continuou Bento XVI – deriva do mistério de Deus uno e trino, do mistério do seu amor criador. Em Deus, não está apenas de algum modo presente o amor; mas Ele mesmo, por sua natureza, é amor. E o amor de Deus não quer estar isolado em si mesmo, mas difundir-se.
A Igreja, – continuou Bento XVI – insere-se totalmente na atenção condescendente do Redentor pelos homens. Ela mesma está sempre em movimento, deve colocar-se continuamente ao serviço da missão que recebeu do Senhor. A Igreja deve abrir-se incessantemente às inquietações do mundo e dedicar-se a elas sem reservas, para continuar e tornar presente a permuta sagrada que teve início com a Encarnação.
Entretanto, no desenvolvimento histórico da Igreja manifesta-se também uma tendência contrária, ou seja, a de uma Igreja que se acomoda neste mundo, torna-se auto-suficiente e adapta-se aos critérios do mundo. Deste modo, dá uma importância maior, não ao seu chamamento à abertura, mas à organização e à institucionalização.
Para corresponder à sua verdadeira tarefa, – destacou o pontífice – a Igreja deve esforçar-se sem cessar por destacar-se da mundanidade do mundo. De fato, as secularizações – sejam elas a expropriação de bens da Igreja, o cancelamento de privilégios, ou coisas semelhantes – sempre significaram uma profunda libertação da Igreja de formas de mundanidade: despojava-se, por assim dizer, da sua riqueza terrena e voltava a abraçar plenamente a sua pobreza terrena. Deste modo, a Igreja partilhava o destino da tribo de Levi, que, segundo afirma o Antigo Testamento, era a única tribo em Israel que não possuía um patrimônio terreno, mas, como porção de herança, tinha tido em sorte exclusivamente o próprio Deus, a sua palavra e os seus sinais.
A Igreja abre-se ao mundo, não para obter a adesão dos homens a uma instituição com as suas próprias pretensões de poder, mas sim para os fazer reentrar em si mesmos e, deste modo, conduzi-los a Deus – Àquele de Quem cada pessoa pode afirmar com Agostinho: Ele é mais interior do que aquilo que eu tenho de mais íntimo (cf. Conf. III, 6, 11).
Não se trata aqui de encontrar uma nova táctica para relançar a Igreja. Trata-se, antes, de depor tudo aquilo que seja apenas táctica e procurar a plena sinceridade, que não descura nem reprime nada da verdade do nosso hoje, mas realiza a fé plenamente no hoje vivendo-a precisa e totalmente na sobriedade do hoje, levando-a à sua plena identidade, tirando dela aquilo que só na aparência é fé, não passando na verdade de convenções e hábitos nossos.
Por outras palavras, podemos dizer: sempre, e não apenas no nosso tempo, a fé cristã constitui um escândalo para o homem: que o Deus eterno se preocupe conosco, seres humanos, e nos conheça; que o Inatingível, num determinado momento, se tenha colocado ao nosso alcance; que o Imortal tenha sofrido e morrido na cruz; que nos sejam prometidas a nós, seres mortais, a ressurreição e a vida eterna – crer em tudo isto é para nós, homens, uma verdadeira presunção.
Este escândalo, que não pode ser abolido se não se quer abolir o cristianismo, foi infelizmente encoberto, mesmo recentemente, pelos outros tristes escândalos dos anunciadores da fé. Cria-se uma situação perigosa, quando estes escândalos ocupam o lugar do skandalon primordial da Cruz tornando-o assim inacessível, isto é, quando escondem a verdadeira exigência cristã por trás da incongruência dos seus mensageiros.
Há mais uma razão para pensar que seja novamente a hora de tirar corajosamente o que há de mundano na Igreja. Isto não significa retirar-se do mundo. Uma Igreja aliviada dos elementos mundanos é capaz de comunicar aos homens, precisamente no âmbito sóciocaritativo – tanto aos que sofrem como àqueles que os ajudam –, a força vital particular da fé cristã.
Certamente também as obras caritativas da Igreja devem continuamente prestar atenção à necessidade duma adequada separação do mundo, para evitar que, devido a um progressivo afastamento da Igreja, se sequem as suas raízes. Só a relação profunda com Deus torna possível uma atenção plena ao homem, tal como sem a atenção ao próximo se empobrece a relação com Deus.
Portanto, ser aberta às vicissitudes do mundo significa, para a Igreja «desmundanizada», testemunhar segundo o Evangelho, com palavras e obras, aqui e agora a soberania do amor de Deus. E esta tarefa remete ainda para além do mundo presente: de facto, a vida presente inclui a ligação com a vida eterna. Como indivíduos e como comunidade da Igreja, vivemos a simplicidade dum grande amor que, no mundo, é simultaneamente a coisa mais fácil e a mais difícil, porque requer nada mais nada menos que o doar-se a si mesmo. (SP)

Horror! Anti-histamínicos chineses feitos com pó de bebê abortado.



Luis Dufaur
Documentário da cadeia de TV SBS, da Coréia do Sul, desvendou o esquema de empresas farmacêuticas chinesas para vender pílulas feitas com cinzas de bebês abortados como sendo anti-histamínicos.
A equipe da TV, segundo informa o jornal “International Business Times”, de San Francisco, mostrou que a verdade por trás da “pílula de bebê morto” é horrorosa e perturbadora.
Os hospitais e as clínicas abortistas estatais chinesas participam diretamente do macabro negócio, informando as empresas da morte de um bebê em decorrência de parto ou de aborto.
As empresas então compram os corpos das crianças e os guardam no freezer de alguma família para não causar suspeita.
O passo seguinte consiste num processo realizado secretamente. Nele os corpos são colocados num secador hospitalar de microondas até serem reduzidos a um pó básico, o qual a seguir é colocado em cápsulas para serem vendidas como anti-histamínico, explicou a equipe da SBS.
A mesma equipe comprou cápsulas de bebê morto e mandou fazer testes de DNA em seu conteúdo. Os resultados dos testes revelaram que o material encapsulado era humano numa proporção de 99,7%.
Os testes também encontraram restos de cabelo e unhas, e até o sexo do bebê pôde ser identificado.

Você é jovem? Então essa palavra do Papa é para você!


Apresentamos o discurso que Bento XVI dirigiu hoje na vigília de oração com os jovens na Feira de Freiburg im Breisgau, Alemanha
* * *
Queridos jovens amigos!
(…)
Em todas as igrejas, nas catedrais e nos conventos, em toda a parte onde se reúnem os fiéis para a celebração da Vigília Pascal, a mais santa de todas as noites começa com o acendimento do círio pascal, cuja luz é transmitida a todos os presentes. Uma minúscula chama irradia-se para muitas luzes e ilumina a casa de Deus que estava às escuras. Neste maravilhoso rito litúrgico que imitámos nesta vigília de oração, desvenda-se-nos, através de sinais mais eloquentes do que as palavras, o mistério da nossa fé cristã. Jesus, que diz de Si próprio: «Eu sou a luz do mundo» (Jo 8, 12), faz brilhar a nossa vida, para ser verdadeiro o que acabámos de ouvir no Evangelho: «Vós sois a luz do mundo» (Mt 5, 14). Não são os nossos esforços humanos nem o progresso técnico do nosso tempo que trazem a luz a este mundo.Experimentamos sempre de novo que o nosso esforço por uma ordem melhor e mais justa tem os seus limites. O sofrimento dos inocentes e, enfim, a morte de cada homem constituem uma escuridão impenetrável que pode talvez ser momentaneamente iluminada por novas experiências, como a noite o é por um relâmpago; mas, no fim, permanece uma escuridão acabrunhadora.
Ao nosso redor pode haver a escuridão e as trevas, e todavia vemos uma luz: uma chama pequena, minúscula, que é mais forte do que a escuridão, aparentemente tão poderosa e insuperável. Cristo, que ressuscitou dos mortos, brilha neste mundo, e fá-lo de modo mais claro precisamente onde tudo, segundo o juízo humano, parece lúgubre e sem esperança. Ele venceu a morte – Ele vive – e a fé n’Ele penetra, como uma pequena luz, tudo o que é escuro e ameaçador. Certamente quem acredita em Jesus não é que vê sempre só o sol na vida, como se fosse possível poupar-lhe sofrimentos e dificuldades, mas há sempre uma luz clara que lhe indica um caminho que conduz à vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Os olhos de quem acredita em Cristo vislumbram, mesmo na noite mais escura, uma luz e vêem já o fulgor dum novo dia.
A luz não fica sozinha. Ao seu redor, acendem-se outras luzes. Sob os seus raios, delineiam-se de tal modo os contornos do ambiente que nos podemos orientar. Não vivemos sozinhos no mundo. Precisamente nas coisas importantes da vida, temos necessidade de outras pessoas. Assim, de modo particular na fé, não estamos sozinhos, somos anéis na grande corrente dos crentes. Ninguém chega a crer, senão for sustentado pela fé dos outros; mas, por outro lado, com a minha fé contribuo para confirmar os outros na sua fé. Ajudamo-nos mutuamente a ser exemplo uns para os outros, partilhamos com os outros o que é nosso, os nossos pensamentos, as nossas acções, a nossa estima. E ajudamo-nos mutuamente a orientar-nos, a identificar o nosso lugar na sociedade.
Queridos amigos, diz o Senhor: «Eu sou a luz do mundo; vós sois a luz do mundo». É uma coisa misteriosa e magnífica que Jesus tenha dito de Si próprio e de cada um de nós a mesma coisa, ou seja, que «somos luz». Se acreditarmos que Ele é o Filho de Deus que curou os doentes e ressuscitou os mortos, antes, que Ele mesmo ressuscitou do sepulcro e está verdadeiramente vivo, então compreenderemos que Ele é a luz, a fonte de todas as luzes deste mundo. Nós, ao contrário, não cessamos de experimentar a falência dos nossos esforços e o erro pessoal, apesar das melhores intenções. Ao que parece, não obstante o seu progresso técnico, o mundo onde vivemos, em última análise, não se tem tornado melhor. Existem ainda guerras, terror, fome e doença, pobreza extrema e desalmada repressão. E mesmo aqueles que, na história, se consideraram «portadores de luz», mas sem ter sido iluminados por Cristo que é a única verdadeira luz, para dizer a verdade, não criaram paraíso terrestre algum, antes instauraram ditaduras e sistemas totalitários onde até a mais pequena centelha de humanismo foi sufocada.
Neste ponto, não devemos calar o fato de que o mal existe. Vemo-lo em tantos lugares deste mundo; mas vemo-lo também – e isto assusta-nos – na nossa própria vida. Sim, no nosso próprio coração, existe a inclinação para o mal, o egoísmo, a inveja, a agressividade. Com uma certa autodisciplina, talvez isto se possa, em certa medida, controlar.
Caso diverso e mais difícil se passa com formas de mal mais escondido, que podem envolver-nos como um nevoeiro indefinido, tais como a preguiça, a lentidão no querer e no praticar o bem. Repetidamente, ao longo da história, pessoas atentas fizeram notar que o dano para a Igreja não vem dos seus adversários, mas dos cristãos tíbios. Então como pode Cristo dizer que os cristãos – sem ter excluído os cristãos fracos e frequentemente tão tíbios –são a luz do mundo? Compreenderíamos talvez que Ele tivesse gritado: Convertei-vos! Sede a luz do mundo! Mudai a vossa vida, tornai-a clara e resplandecente! Não será caso de ficar maravilhados ao vermos que o Senhor não nos dirige um apelo, mas diz que somos a luz do mundo, que somos luminosos, que resplandecemos na escuridão?
Queridos amigos, o apóstolo São Paulo, em muitas das suas cartas, não tem receio de designar por «santos» os seus contemporâneos, os membros das comunidade locais. Aqui torna-se evidente que cada batizado – ainda antes de poder realizar boas obras ou particulares acções – é santificado por Deus. No batismo, o Senhor a acende, por assim dizer, uma luz na nossa vida, uma luz que o Catecismo chama a graça santificante. Quem conservar essa luz, quem viver na graça, é efectivamente santo.
Queridos amigos, a imagem dos santos foi repetidamente objeto de caricatura e apresentada de modo distorcido, como se o ser santo significasse estar fora da realidade, ser ingénuo e viver sem alegria. Não é raro pensar-se que um santo seja apenas aquele que realiza ações ascéticas e morais de nível altíssimo, pelo que se pode certamente venerar mas nunca imitar na própria vida. Como é errada e desalentadora esta visão! Não há nenhum santo, à excepção da bem-aventurada Virgem Maria, que não tenha conhecido também o pecado e que não tenha caído alguma vez.
Queridos amigos, Cristo não se interessa tanto de quantas vezes vacilastes e caístes na vida, como sobretudo de quantas vezes vos erguestes. Não exige acções extraordinárias, mas quer que a sua luz brilhe em vós. Não vos chama porque sois bons e perfeitos, mas porque Ele é bom e quer tornar-vos seus amigos. Sim, vós sois a luz do mundo, porque Jesus é a vossa luz. Sois cristãos, não porque realizais coisas singulares e extraordinárias, mas porque Ele, Cristo, é a vossa vida. Sois santos, porque a sua graça actua em vós.
Queridos amigos, nesta noite em que nos reunimos em oração ao redor do único Senhor, vislumbramos a verdade da palavra de Cristo segundo a qual não pode ficar escondida uma cidade situada no cimo de um monte. Esta assembleia brilha nos vários significados da palavra: quer no clarão de inúmeras luzes, quer no resplendor de tantos jovens que acreditam em Cristo. Uma vela só pode dar luz, se se deixar consumir pela chama; permaneceria inútil, se a sua cera não alimentasse o fogo. Permiti que Cristo arda em vós, ainda que isto possa às vezes implicar sacrifício e renúncia. Não tenhais medo de poder perder alguma coisa, ficando, no fim, por assim dizer de mãos vazias. Tende a coragem de empenhar os vossos talentos e os vossos dotes pelo Reino de Deus e de vos dar a vós mesmos – como a cera da vela –, para que o Senhor ilumine, por vosso meio, a escuridão. Sabei ousar ser santos ardorosos, em cujos olhos e coração brilha o amor de Cristo e que, deste modo, trazem luz ao mundo. Eu confio que vós e muitos outros jovens aqui na Alemanha sejam chamas de esperança, que não ficam escondidas. «Vós sois a luz do mundo». Amen.

Discurso do Papa no Parlamento alemão ainda repercute.


Antonio Socci
Do “Libero”, 25 de setembro de 2011
Nestes dias na Alemanha o Papa foi recebido por várias manifestações hostis e, segundo uma pesquisa, dois terços dos católicos alemães (em debandada graças a décadas de liderança progressista da Igreja alemã) definiram “pouco ou nada importante” para eles a visita do Papa.
Enquanto isto cem parlamentares polemicamente se ausentaram quando ele devia falar no Bundestag.
Tanta intolerância e tantos preconceitos mostram-se ainda mais desmotivados vista a admiração geral que suscitou em seguida o discurso do Pontífice no parlamento alemão (é sempre assim: também com a viagem à Grã-Bretanha os gélidos ingleses acabaram se enamorando desde pontífice sábio e humilde).
Giuliano Ferrara – que é um homem culto e consciente – depois do discurso no Bundestag manifestou seu entusiasmo, publicou inteiramente um artigo no “Foglio”, acrescentou um comentário filosófico em que se definiu “ratzingeriano” e – embora não seja religioso – chegou a afirmar: “Somente um Papa pode nos salvar”.
Ferrara que nos últimos tempos (enganando-se, penso eu) temia que o grande papa Ratzinger (“o nosso amado Papa”) se intimidasse (pelas virulentas reações) depois do discurso de Ratisbona e que o via “imerso nas águas da fé apenas”, de onde o Pontífice “convidava a rezar e expiar as culpas pessoais e as da igreja”, dedicado à reconstrução interior da fé dos cristãos, reencontrou aquele que considera o único verdadeiro e grande líder da humanidade nesta conjuntura histórica:
“No esplêndido discurso feito no Bundestag, o Parlamento de sua pátria”, escreveu Ferrara, “ressurgiu em clara, simples e fulgidíssima luz – a luz da inteligência e da razão – aquele formidável professor Ratzinger que foi eleito como guia da Igreja de Roma com uma plataforma de luta intelectual e ética à deriva relativista e niilista do ocidente moderno. Que somente um Papa pode salvar. Bento surpreendeu a todos. Nada de intuições pastorais minimalistas, nada de catequese ordinária, e em seu lugar um enérgico, nítido e extraordinário convite à substância daquilo que é político, público, e à questão filosófico-jurídica de como se pode fazer a coisa justa, levar uma vida justa, conduzir governos e estados justos, fazer leis justas num mundo que não mais depende da tradição, da autoridade intrínseca da fé, mas da democracia majoritária. Foi – acrescenta Ferrara – uma grande lição filosófica, histórica e teológica sobre os fundamentos, mais, sobre a fundação política, da nossa cultura e da nossa ideia de liberdade, de humanidade, de natureza e de razão.
Os gigantes usam palavras simples e conceitos ao alcance de todos, não são esotéricos, falam ao centro forte e realista da inteligência humana. E assim fez o Papa (…). Não é um discurso permeado de polêmicas e sofismas. Se somos livres, se estamos num mundo laico, se somos donos de nosso destino é porque somos cristãos. O cristianismo não impôs a Revelação como lei, não é a ‘sharia’, não é um espaço mítico para deuses litigiosos. Na base dos direitos humanos, das conquistas do Iluminismo, da própria ideia moderna de consciência, está a escolha cristã e católica em favor do direito da natureza e da lei da razão”.
Ferrara o explica muito bem. Mas está diante dos olhos de todos a grandeza e a humildade deste homem de Deus, que desejava trabalhar pelo Reino de Deus através do estudo e com os livros, que não desejava ser nomeado bispo, nem prefeito do ex-Santo Ofício, que dele tentou demitir-se duas vezes e que – enquanto o elegiam Papa, na Sistina – rezava assim: “Senhor, não faça isto comigo”.
O povo cristão – como mostram os dois milhões de jovens reunidos em Madri em agosto – sabe que este Papa chega ao coração e à inteligência como nenhum outro e as mentes mais límpidas da cultura laica sabem que hoje Bento XVI é o único farol da humanidade num contexto muito nebuloso. Todos esperamos que não nos abandone na tempestade, que jamais deixe o seu ministério de pai de todos.

Porque nem todos os papas são iguais. São Vicente de Lérins dizia que “Alguns papas Deus nos dá, a alguns Ele tolera, outros nos inflige”. Bento XVI é um dom ao qual não podemos renunciar.
Tradução: OBLATVS

Homilia Diária - 27.09.2011 - "Aprendamos a rejeitar todo sentimento de vingança".

São Lucas, no Evangelho de hoje, traz-nos o firme e voluntário propósito de Jesus em se dirigir ao centro do Judaísmo – Jerusalém – para ali fazer Seu anúncio libertador, em um confronto direto com o estado teocrático judaico.
Jesus sabia que com tal decisão colocaria em risco a própria vida, pois, conforme nos descreve Lucas, “estava chegando o tempo de Jesus ir para o céu”.
O evangelista faz como que uma preparação da narrativa da Ascensão, que será feita nos Atos dos Apóstolos. Ao atravessarem a Samaria, os discípulos, enviados a um povoado para preparar hospedagem, devem ter cometido um equívoco. Com sua visão triunfalista tradicional devem ter falado de um Jesus glorioso, restaurador de Israel, o que suscitou a rejeição dos moradores, que eram discriminados pelos judeus. E, ainda, com espírito vingativo, estes discípulos queriam um fogo do céu para destruí-los. Veja o que dizem:“Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?”
Quantas vezes você e eu não pensamos em nos vingar daqueles que nos fazem mal, nos odeiam, caluniam, insultam ou contrariam? Quando o espírito de vingança vier bater à sua porta, lembre-se da atitude do Senhor diante da inquietação dos discípulos: “Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado”. Portanto, com um simples gesto, Jesus repreende-lhes essa sua ideologia.
Muitas vezes, julgamos que o problema está nos outros. Quando, afinal – e não poucas vezes – está em nós como também não estava nos samaritanos, mas na cegueira dos discípulos enviados. Os nossos olhos, em muitas ocasiões, ficam “impedidos de ver” e olhamos as falhas dos outros e então os censuramos e excluímos. O próprio Lucas, na parábola do samaritano e, depois, João, em seu Evangelho, destacam a acolhida dos samaritanos a Jesus.
Peçamos a graça de ver nossas limitações, nossas cegueiras e erros para podermos – com compaixão, misericórdia e perdão – acolher aos nossos irmãos e irmãs. E, assim, não aconteça que “fechemos as portas” a Jesus como fizeram os samaritanos.
Padre Bantu Mendonça

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Homilia Diária - 06.09.2011 - "Ser acessível aos outros é sinal de crescimento".

O Evangelho de hoje trata de um assunto que nunca “sai de moda”: os sete pecados capitais, que se resumem no desejo de ser grande. O desejo de se sentir importante é um dos mais primitivos sentimentos do ser humano. Aliás, o ditado popular diz que o coração do homem é insaciável de ambições. Quanto mais tem, mais quer.
Diferentemente da nossa maneira de pensar e ver, Jesus nunca olha para uma pessoa, mas sempre olha “através” da pessoa. Quando olhamos para alguém, não percebemos o que aquela pessoa está passando, pensando, sentindo. Isso somente conseguimos saber quando nos anulamos e nos colocamos no lugar da outra pessoa. Jesus foi, então, o maior de todos os psicólogos existentes. Ele sondava o coração e era capaz de “ser” aquela pessoa.
Na passagem de hoje, Ele sondou o coração dos discípulos e sentiu que eles se perguntavam quem, dentre os Doze, seria o maior. Eles eram humanos como nós, e dentro do grupo, procuravam uma posição de destaque. Observe que o Senhor não coloca todos no mesmo patamar. Ele admite que haja a possibilidade de alguém ser maior que os outros. Existe uma hierarquia no Reino dos Céus. Mas essa hierarquia é o inverso da nossa.
Aqui, neste mundo, quanto maior for a sua posição, tanto mais inacessível você se torna. Na hierarquia de Jesus, quanto mais acessível você for, tanto maior será a sua posição. Viu como inverte duplamente? Neste mundo, você cresce e se torna inacessível; no Reino dos Céus, você se torna acessível e cresce!
Quando as pessoas tiverem medo e resistência em falar com você, significa que algo está errado. O primeiro passo é assumir. Se você não assumir, não vai conseguir nem passar para o segundo passo: descobrir a razão disso.
A maioria das pessoas quer interagir mais, ter mais e melhores amigos. Mas só o farão se encontrarem abertura no seu coração. E isso pode ser na forma de um sorriso, uma brincadeira ou até em você saber o nome da pessoa e chamá-la pelo nome. E esse já é o terceiro passo: abrir-se. Em pouco tempo, você já vai ser tão solicitado, que não vai dar nem conta de tanta responsabilidade.
O missionário do Reino, portanto, não pode desprezar ninguém! A criança que Jesus tomou nos braços, nesta passagem, representa não só as crianças, mas todos os que são excluídos neste mundo.
Cristo nos revela hoje a novidade do projeto de Deus: é um mundo de justiça, de vida plena para todos, abolindo os privilégios daqueles que concentram poder a partir do acúmulo de riquezas ou do prestígio religioso. O Senhor nos apresenta como exemplo e, sobretudo, condição para sermos os maiores no Seu Reino, o olhar puro e simples de uma criança. A criança como símbolo e modelo de humildade e inclusão no Reino dos Céus. Somos chamados a viver dedicados ao serviço, sem pretensões de poder e privilégios.
Rezemos: Pai, que eu busque sempre me destacar no serviço ao meu semelhante – de modo especial aos mais necessitados, – pois nisso consiste minha verdadeira grandeza de discípulo. E que, nesta busca, eu seja simples, puro e humilde como as crianças. Amém.
Padre Bantu Mendonça

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Somos os trabalhadores da última hora

            
Os leigos podem ir aonde os bispos e padres não chegam
Nós estamos, graças a Deus, no tempo da misericórdia, tempo em que o Senhor se põe de braços abertos para acolher a todos que vêm a Ele. Deus é sempre misericordioso, mas também é justo. Haverá um momento em que Ele vai precisar usar da Sua justiça; por isso, volte agora para o Senhor! Ele está esperando por você e pelos seus.
Nós estranhamos a conclusão do Evangelho em que o proprietário sai em busca de operários para sua vinha (cf. São Mateus 20, 1-16). A uva tem que ser colhida no tempo exato, por essa razão ele vai de madrugada procurar trabalhadores, e volta às 9h, ao meio-dia, às 15 e às 17h. Por que ele volta tantas vezes? Porque ele é o dono da vinha e os cachos de uva têm que ser colhidos, pois não podem se perder. É por essa razão que ele vai buscar operários também às 17h.
Há um outro aspecto muito importante nesse Evangelho: vou falar de nós operários que o Senhor manda buscar porque não quer perder suas "uvas". Você é operário do Senhor até mesmo em gratidão por ter sido "colhido" e trazido de volta a Ele. Você é chamado a ser evangelizador e entrar no trabalho do Senhor.
Na Igreja há lugar para todos, mas, na evangelização, vocês leigos podem ir aonde os bispos e nós padres não podemos; em primeiro lugar, na sua família, você é o primeiro apóstolo dela; você pai, mãe, filho. Existem muitos filhos que ainda precisam ser "colhidos" pelo Senhor. Você é o apóstolo da sua casa, você é o evangelizador. Dizemos que "santo de casa não faz milagres", mas a grande arma não está na boca, em você ficar falando com a pessoa, mas a grande arma está nos joelhos: reze, reze, reze! Chegue até a cama de seu filho quando ele estiver dormindo e reze por ele.
Queira realmente que seu filho seja resgatado pelo Senhor, queira e não desanime; busque todas as ocasiões. Facilite para que ele se encontre com outros jovens em tantos movimentos que o Senhor tem suscitado na Igreja d’Ele. Você verá o efeito que isso fará. É preciso que você queira a salvação de seus filhos.
Quantos filhos e quantas filhas precisam resgatar o pai e a mãe também. Infelizmente, há muitos pais que na nossa cultura são “durões” e não vão à igreja, e precisam ser resgatados pelo Senhor; eles não podem se perder, e é claro que você não quer que eles se percam. E não basta que eles sejam “bonzinhos”, eles precisam voltar a Deus, aos sacramentos. Se nós rezarmos ao Senhor pelos nossos pais e avós, o Senhor buscará o momento para salvá-los, nem que seja o último dia.
Meu irmão, é preciso trabalhar e querer a salvação de nossos entes queridos! Você está em lugares aonde nós padres não podemos chegar, e você precisa também ser o evangelizador onde você trabalha e para as pessoas que Deus coloca em seu caminho. Precisamos querer a salvação deles, nesses lugares, você está perto dessas pessoas e pode lhes falar e agir. Primeiro a sua própria presença, como alguém do Senhor, incomoda, por isso, você não pode ser uma pessoa chata. Pois só de não se comportar como os outros, você acaba sendo um estranho no "ninho" e isso incomoda.
Nós não somos “carolas” como eles dizem, mas eles também reconhecem que nós fazemos a diferença; e é assim que precisamos ser, pois quando a “coisa aperta” eles buscam a nós. Reze e não perca a ocasião, pois você é apóstolo da última hora, realize a sua missão.
Meus irmãos, está na hora de acordarmos e darmos tudo de nós, pois o Senhor nos dará o pagamento “daquele que trabalhou o dia todo”. O Senhor quer dar esse pagamento a você, comece onde puder começar; e se você ainda não tem o aprendizado de como levar o Evangelho, fale daquilo que você é hoje, daquilo que você conseguiu; a vida fala mais que mil palavras.
São Paulo fala: “Irmãos: Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte. Pois, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Filipenses 1,20c-24.27a). O grande apóstolo foi como um bom operário que não deixou nenhum “cacho de uva” se perder. E ainda diz que só uma coisa importa: viver à altura do Evangelho de Cristo. Diga ao Senhor: “Senhor, é isso que eu quero ser pela Sua graça. Amém!