sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Entendendo as “entranhas” da perseguição anti cristã pelo Mundo e desfazendo mitos. Parte II




Mito nº 2: Tudo tem a ver com o Islã
Uma parcela desproporcional de perseguições anticristãs é, na verdade, alimentada pelo Islãradical. Open Doors, um grupo evangélico, colocou nove Estados muçulmanos em sua lista “Top 10″ de 2011 dos lugares mais perigosos para os cristãos, incluindo AfeganistãoArábia SauditaSomáliaIrã.

No entanto, simplesmente identificar a perseguição anticristã com o Islã é enganoso. Há exemplos convincentes de colaboração entre cristãos e muçulmanos em várias partes do mundo, e essa é a base da visão do Papa Bento XVIde uma “Aliança de Civilizações” (um dos principais partidos políticos das Filipinas, por exemplo, é o Democratas Muçulmanos Cristãos). Também não se deveria esquecer que as vítimas mais numerosas do extremismo muçulmano são, de fato, outros muçulmanos.

Além disso, o Islã radical dificilmente é a única fonte de animosidade anticristã. Os cristãos sofrem de uma série de outras forças, incluindo:
O ultranacionalismo (como na Turquia, onde nacionalistas extremistas tendem a ser uma ameaça maior do que os islamistas);

Estados totalitários, especialmente do âmbito comunista (ChinaCoreia do Norte);

- O radicalismo hindu (a agressão anticristã se tornou rotineira em algumas regiões da Índia. Nesta semana, radicais hindus armados com paus e barras de ferro atacaram 20 cristãos pentecostais em uma casa particular perto de Bangalore, um ataque que deixou o pastor sem um dedo de sua mão esquerda. Quando os cristãos denunciaram agressões semelhantes há duas semanas, um membro da comissão oficial do Estado para as minorias, que está sob o controle de um partido nacionalista hindu, deu de ombros: “Se realmente conhecessem os ensinamentos de Jesus, os cristãos não deveriam estar reclamando”, ele teria dito);

- O radicalismo budista (como no Sri Lanka, onde, ao contrário dos estereótipos de tolerância budista, manifestações lideradas por monges budistas atacaram igrejas cristãs e outros alvos em todo o país em 2009);

- Interesses corporativos (como na região amazônica do Brasil, onde ativistas cristãos foram mortos por protestar contra injustiças dos conglomerados do agronegócio);

- O crime organizado, narcotraficantes e bandidos menores (por exemplo, o assassinato, em 1993, do cardeal mexicano Juan Jesús Posadas Ocampo, alvejado 14 vezes no aeroporto de Guadalajara por homens armados ligados a um cartel de drogas, ou o assassinato no mesmo ano do padre italiano Giuseppe Puglisi, um crítico feroz da máfia siciliana);

- Políticas de segurança impostas pelo Estado (como em Israel, onde postos de controle, requisitos de visto e outras restrições dividem as famílias cristãs entre a Jerusalém Oriental e a Cisjordânia e tornam praticamente impossível que os cristãos de um local prestem culto em outro);

E até mesmo, acredite ou não, o radicalismo cristão.
Se esse último dado parece ser contraintuitivo, considere-se o que aconteceu no vilarejo de San Rafael Tlanalapan, no estado mexicano de Puebla, em setembro passado. Setenta protestantes locais foram forçados a fugir depois que um grupo de católicos tradicionalistas emitiram um ultimato assustador: saiam imediatamente ou serão “crucificados ou linchados”.

A questão é que o extremismo e a intolerância de qualquer tipo, não o Islã, são a ameaça.