segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Meditação: 5º e 6º dias da Semana pela Unidade dos Cristãos

Esperança e oração
Dia 5: Partindo o pão na esperança
Êxodo 16, 13b- 21a: É o pão que o Senhor vos dá para comer
Salmo 116, 12-14.16-18: Eu te oferecerei um sacrifício de louvor
1 Coríntios 11, 17-18.23-26:Fazei isto em memória de mim
João 6, 53-58: Este é o pão que desceu do céu
Comentário
Da primeira Igreja de Jerusalém até agora, a "fração do pão" tem sido um ato central para os cristãos. Para os cristãos de Jerusalém hoje, a partilha do pão é sinal tradicional de amizade, perdão e compromisso com o outro. Somos desafiados, nessa fração do pão, a buscar uma unidade que possa falar profeticamente a um mundo marcado por divisões. Esse é o mundo pelo qual, de diferentes maneiras, fomos moldados. Na fração do pão os cristãos são formados de novo pela mensagem profética de esperança para toda a humanidade.
Hoje nós também partimos o pão com coração alegre e generoso; mas também experimentamos, a cada celebração da Eucaristia, uma dolorosa lembrança de nossa desunião. Neste quinto dia da Semana de Oração, os cristãos de Jerusalém reúnem-se na sala superior, o lugar da Última Ceia. Aqui partem o pão em esperança. Aprendemos essa esperança nas maneiras como Deus chega a nós nas agruras dos nossos desgostos. O Êxodo conta como Deus responde aos murmúrios do povo que ele havia libertado, fornecendo-lhes o que precisavam - não mais e não menos. O maná no deserto é um presente de Deus, não para ser acumulado, nem mesmo completamente compreendido. É, como nosso salmo celebra, um momento que pede simplesmente ação de graças - porque Deus "abriu os grilhões".
O que São Paulo reconhece é que partir o pão não significa apenas celebrar a Eucaristia, mas ser um povo eucarístico - tornar-se corpo de Cristo no mundo. Essa breve leitura permanece, em seu contexto (1 Cor 10-11), como um lembrete de como a comunidade cristã deve viver: na comunhão em Cristo, produzindo conduta correta num difícil contexto mundano, guiada pela realidade de nossa vida nele. Vivemos "em memória dele".
Sendo povo da fração do pão, somos povo da vida eterna - vida em plenitude - como nos ensina a leitura de São João. Nossa celebração da Eucaristia nos desafia a refletir sobre como tão abundante dom de vida se expressa no dia a dia, enquanto vivemos na esperança, bem como nas dificuldades. Apesar dos desafios diários dos cristãos de Jerusalém, eles testemunham como é possível se alegrar na esperança.
Oração
Deus da esperança, nós te louvamos pelo dom que nos deste na Ceia do Senhor, onde, no Espírito, continuamos a encontrar teu Filho Jesus Cristo, o pão vivo do céu. Perdoa por não sermos dignos desse grande dom - por nossa vida em divisões, por nosso conluio com as desigualdades, nossa complacência na separação. Senhor, oramos para que apresses o dia em que a tua Igreja possa partilhar em conjunto a fração do pão, e para que, enquanto esperamos esse dia, possamos aprender mais profundamente a ser um povo formado pela Eucaristia para o serviço em benefício do mundo. Oramos em nome de Jesus. Amém.


Dia 6Fortalecidos para a ação na oração

Jonas 2, 1-9: Ao Senhor é que pertence a salvação
Salmo 67, 1-7: Que os povos te rendam graças, ó Deus!
1 Timóteo 2, 1-8: Façam-se preces por todos os homens, pelos reis e todos os
que detêm autoridade
Mateus 6, 5-15: Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade
Comentário
Seguindo-se à devoção aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna e a fração do pão, a quarto marco da Igreja dos primórdios em Jerusalém é a vida de oração. Ela é percebida hoje como fonte necessária do poder e da força de que os cristãos necessitam em Jerusalém como em outros lugares. O testemunho dos cristãos hoje em Jerusalém nos convida a um reconhecimento mais profundo das maneiras pelas quais enfrentamos situações de injustiça e desigualdade em nossos contextos. Em tudo isso, é a oração que dá força aos cristãos para a missão em conjunto.
Para Jonas, a intensidade de sua oração é seguida da dramática libertação da barriga do peixe. Sua prece é cheia de sentimento, brota do seu próprio senso de arrependimento por ter tentado escapar da vontade de Deus. Ele tinha rejeitado o chamado de Deus à profecia, e acabou num lugar sem esperança. E aqui Deus responde a sua prece com uma libertação para a missão. O salmo nos convida a orar para que a face de Deus brilhe sobre nós - não apenas para nosso benefício mas para que sua lei se espalhe entre todas as nações.
A Igreja apostólica nos recorda que a oração é uma parte da força e do poder da missão e da profecia para o mundo. Aqui a carta de Paulo a Timóteo nos ensina a orar especialmente por aqueles que têm poder no mundo, para que possamos viver juntos em paz e com dignidade. Oramos pela unidade de nossas sociedades e países e pela unidade de toda a humanidade em Deus. Nossa oração pela unidade em Cristo se estende ao mundo inteiro.
Essa vida dinâmica de oração está enraizada no ensinamento do Senhor a seus discípulos. Em nossa leitura do evangelho de Mateus, ouvimos falar da oração como um poder secreto, que não vem de exibição ou bom desempenho, mas de humilde apresentação diante do Senhor. O ensinamento de Jesus é resumido na Oração do Senhor. Fazendo juntos essa oração nos tornamos um povo unido que busca a vontade do Pai e a construção do seu Reino na terra; ela nos chama a uma vida de perdão e reconciliação.
Oração
Senhor Deus, nosso Pai, nos alegramos porque em todos os tempos, lugares e culturas, há pessoas que te buscam em oração. Acima de tudo, te agradecemos pelo exemplo e
ensinamento de teu Filho, Jesus Cristo, que nos ensinou a aguardar em oração a chegada
do teu Reino. Ensina-nos a orar melhor juntos como cristãos, para que possamos sempre
estar conscientes da tua orientação e encorajamento ao longo de nossas alegrias e tristezas,
pelo poder de teu Santo Espírito. Amém.

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos o comentário aos textos bíblicos e de oração escolhidos para o 5º e 6º dias da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 22 e 23 de janeiro.
Este texto faz parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Ecumênico das Igrejas e pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos de Jerusalém.