domingo, 27 de março de 2011

Redefinir o matrimônio Continuam as pressões para permitir o casamento homossexual Por John Flynn, L.C.

ROMA, domingo, 27 de março de 2011 (ZENIT.org) - A pressão por legalizar os casamentos do mesmo sexo continua, enquanto as organizações interessadas tentam convencer os legisladores de que o casamento é algo que se pode redefinir para se adaptar às últimas tendências sociais.
Na Irlanda, a coalizão de governo do ‘Fine Gael' e dos Partidos Trabalhistas, recentemente eleita, acaba de publicar sua lista de propostas políticas.
Segundo o pró-família ‘Iona Institute' irlandês, o partido de mais maior orientação liberal tenta deixar suas marcas nos temas da família.

O programa afirma que o governo vai analisar o tema do casamento homossexual, indica o instituto em sua página na internet. Também diz que a lei de pares civil será mudada para enfrentar as anomalias ou omissões. Segundo o ‘Iona Institute', isso poderia dar aos pares do mesmo sexo os mesmos direitos dos casais casados.

Além disso, o programa afirma que será dado reconhecimento legal aos transexuais e que eles terão a proteção de leis de igualdade.

Pouco antes de que se divulgasse o programa, os bispos irlandeses animaram o parlamento a defender a família. As políticas públicas devem apoiar o bem comum, afirmaram em uma declaração de 3 de março, após um encontro de todos os bispos irlandeses.

Alcançar isso exige reforças a família, baseada no casamento entre um homem e uma mulher, acrescentam.

Sem defesa

Nos EUA, o casamento homossexual tem chegado com muita frequência às manchetes de jornais. No mês passado, o promotor geral Eric H. Holder Jr anunciou que a administração Obama não continuaria defendendo nos tribunais os processos contra a Lei de Defesa do Matrimônio (DOMA), que limita o casamento aos casais heterossexuais.

O ‘New York Times' observou no dia 24 de fevereiro que o presidente Obama e Holder consideram agora que a lei é inconstitucional.

"Nossa nação e nosso governo têm o dever de reconhecer e proteger o casamento, não o de interferir nele nem redefini-lo, nem o de caricaturizar as profundas crenças de tantos cidadãos como ‘discriminação'", protestava em uma declaração de 3 de março o arcebispo de Nova York, Dom Timothy Dolan, presidente da Conferência Episcopal dos EUA.

Dom Dolan reafirmou que o casamento baseado em um homem e uma mulher é o cimento da sociedade e que, historicamente, os governos o protegeram, por sua contribuição para o bem comum.

Ele está de acordo em que a discriminação é injusta e má. No entanto, não é injusto defender uma lei que busca proteger o significado do matrimônio. Nem é discriminação afirmar que uma criança será melhor criada tendo um pai e uma mãe e que o Estado tem interesse em assegurar isso, acrescentou.

"Ter leis que afirmem a importância vital das mães e dos pais - leis que respaldem, em vez de minar, o ideal de que as crianças devem ser criadas por sua própria mãe e por seu próprio pai - é essencial para qualquer sociedade justa", afirmou Dom Dolan.

Ainda que continuem os processos contra a DOMA nos tribunais federais, continua o debate no âmbito estatal.

Em Rhode Island, no dia 10 de março, centenas de pessoas foram a uma sessão do senado sobre o tema do casamento homossexual. Os que estão a favor e os que estão contra apresentaram seus argumentos aos membros do Comitê Judicial do Senado, informou no dia 11 de março o ‘Providence Journal'.

Dom Thomas J. Tobin, bispo de Providence, é um dos opositores da medida de reconhecer o casamento homossexual. Em uma declaração de 7 de janeiro, ele adverte que legalizar o casamento para os homossexuais vai em detrimento do bem-estar do Estado.

Maryland também tem estado no centro do debate. No início do ano, o senado local aprovou uma lei que legaliza o casamento homossexual. O governador Martin O'Malley declarou que assinaria a lei se ela fosse aprovada na câmara baixa. Mas nesta instância a lei não teve apoio suficiente para sua aprovação e ficou sem ser votada.

Mudança drástica

Os três bispos católicos de Maryland se mostraram muito ativos em sua campanha contra a medida de legalizar o casamento homossexual.

"A introdução de uma legislação que redefina o casamento em nosso estado deveria ser reconhecida como aquilo que é - uma proposta de mudança drástica de uma instituição social que deriva de nossa natureza humana como homens e como mulheres", declararam o cardeal Donald Wuerl, de Washington, o arcebispo Edwin O'Brien, de Baltimore, e o bispo Francis Malooly, de Wilmington, em uma nota de 8 de fevereiro.

"Nosso objetivo como sociedade deveria ser que o matrimônio se consolide, não desmontá-lo em seu conjunto, especialmente quando os efeitos da deterioração do matrimônio são tão evidentes", afirmaram.

O cardeal Wuerl assinalou o perigo de redefinir o significado do casamento em um artigo de 13 de março no ‘National Catholic Register'.

Ao longo da história humana, o casamento foi entendido como o compromisso de um homem e uma mulher em uma comunidade de vida, tanto para seu apoio mútuo como para gerar e educar os filhos, explica.

Ele advertiu que esvaziar o casamento de seu significado com fins políticos ou em resposta a alguns grupos de pressão é um grande erro.

Poligamia e poliamor

O medo de que introduzir o casamento homossexual conduza a legalizar outras formas de união não é exagerado.
No Canadá, onde o casamento homossexual foi legalizado em 2005, está-se desenvolvendo um processo legal na Columbia Britânica para decidir se se legaliza a poligamia.

Não é a única variação de casamento que se propõe. No ano passado, o ‘Boston Globe' publicou dois artigos suspeitando das vantagens do poliamor, que é a prática de ter uma relação íntima com mais de uma pessoa por vez, com o consentimento de todos os implicados.

Hoje, quanto ao casamento, não há nada firme, após as mudanças no divórcio, na adoção e na tecnologia reprodutiva.

É verdade que o casamento e a família se desestabilizaram de modo grave nas últimas décadas, mas não parece ser uma boa razão para debilitar ainda mais uma instituição já tão debilitada.

O casamento é bom para você, proclama um estudo recente. Melhora a saúde física dos homens e o bem-estar mental das mulheres e dá como resultado uma vida mais longa e satisfatória, informou no dia 28 de janeiro o jornal ‘Independent'.

São as conclusões de um estudo realizado pelos doutores John Gallacher e David Gallacher, da Faculdade de Medicina da Universidade de Cardiff, que pesquisaram a questão do bem das relações para a saúde.

Trata-se de mais um dos incontáveis estudos de que demonstram que as famílias baseadas no casamento entre um homem e uma mulher dão uma contribuição vital para os indivíduos e a sociedade. Uma boa razão para que o Estado as apoie.