quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Mártires de Cristo lá e cá


Por Dom Henrique Soares
Nenhum outro grupo religioso tem sofrido tantas perseguições quanto os cristãos.
 E ninguém liga, ninguém grita por eles... Agora mesmo, estamos vendo os cristãos
 do Egito sofrendo por parte dos muçulmanos. Mas, não é só no Egito não: há os
 vários países islâmicos, há o governo ateu da China, há até mesmo regiões budistas
 e hinduístas onde somos perseguidos... E como machuca, como dói, como é triste...


Mas, existe um outro tipo de perseguição, mais silenciosa e camuflada: aquela das
 nossas sociedades ocidentais, que procuram desacreditar a nossa fé, que faz de tudo
 para nos marginalizar e ridicularizar, que exalta tudo quanto seja anticristão.
 Um pequeno exemplo? Na Austrália e na Inglaterra já se pensa seriamente em
 eliminar a expressão “antes de Cristo” e “depois de Cristo” para identificar os anos
 e séculos... Cristo deve desaparecer – e ai dos cristãos.


A perseguição aberta, física, cria resistência, fortalece a fé de muitos, faz com que os
perseguidos renovem a consciência de que pertencem ao Senhor e não ao mundo.
 O mártir de Cristo toma consciência plena de que o mundo nos odeia, como odiou
 o nosso bendito Senhor. Mas, a perseguição velada, camuflada, tende a nos enfraquecer,
 a nos acovardar, a nos render ao mundo. Quantos cristãos vão aderindo ao modo mundano
 de viver, sem perceber que o mundo mundano nos despreza e ridiculariza. Dá pena certas
 ilusões de que se pode dialogar com certo mundo!


Nosso critério não é o diálogo, mas a verdade de Cristo. E a verdade de Cristo não é uma
 teoria, mas o próprio Cristo e o caminho que ele percorreu. Nesse sentido, como
 não recordar aquelas palavras perturbadoras da Epístola aos Hebreus? “Corramos com 
perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, que vai
 à frente da nossa fé e a leva à perfeição. Em vista da alegria que o esperava, suportou
 a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus.
 Pensai, pois, naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores,
 para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue,
 na vossa luta contra o pecado” (Hb 12,1b-4). Palavras deveras perturbadoras! 
Um convite claro a seguir nosso Jesus, a fazer nossa a sua experiência, a colocar nossos
 passos nos seus passos: ele é o autor e consumador da nossa fé – e não se pode crer nele
 sem seguir o caminho dele. Em vista de uma existência humana gloriosa da glória
 do mundo – aquela que Satanás lhe propôs nas tentações -, ele prefere a fiel obediência 
ao Pai e, suprimido deste mundo por artimanha dos pecadores, suportou a cruz e triunfou
 na lógica de Deus!


Não, Irmão! Nosso caminho não pode ser diferente! Não somos iguais ao mundo, não
 podemos pensar como o mundo! Não somos melhores nem piores, mas somos diferentes:
 nosso critério é Cristo, nossa esperança é Cristo, nossa vida é Cristo! Nossa referência
 nunca poderá ser o mundo, na tentativa de agradá-lo ou parecer-lhe simpático, na ilusão
 de que isso o atrairia a Cristo. Essa imitação do mundo somente nos faz fracos, ambíguos
 e ridículos. Cristo nos chama a correr com ele a corrida da fé, a combater com ele o
 combate de ser fiel ao Pai. O Senhor nos convida a resistir, a não ter medo das piadinhas,
 a não vacilar ante as tentativas de ridicularizarem nossa fé, a não fazer concessões
 ao pecado... Ante um mundo secularizado e anticristão, somos chamados a olhar Jesus e
 sermos cada vez mais fieis a ele, sem meios termos, sem “mas” nem “porém”.
Que o Senhor socorra com a força potente do seu Espírito os cristãos perseguidos de
 morte e de modos diversos nos vários pontos deste mundo. Uma coisa é certa:
 sua palavra: “No mundo tereis tribulações! Tende coragem: eu venci o mundo!”