segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Por que fazer a vontade de Deus?

Luta de vida ou morte A realidade do aborto nos Estados Unidos

Pe. John Flynn, L.C.
ROMA, domingo, 30 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Com os novos membros da Câmara Legislativa dos Estados Unidos, parece que o aborto vai continuar sendo um tema candente.
O deputado Mike Pence apresentou uma proposta de lei com outros 122 co-patrocinadores para acabar com o financiamento federal a quem aborta, conforme o Christian Newswire de 7 de janeiro.
Planned Parenthood é a organização que mais perderia com a nova lei. Segundo Pence, aPlanned Parenthood recebeu no ano passado 363 milhões de dólares de fundos do governo federal. Nesse período, a organização realizou 324.008 abortos, 5,8% a mais que no ano anterior.
Pence declarou sua oposição ao aborto e enfatizou que "é imoral tirar os dólares de impostos de milhões de norte-americanos contrários ao aborto para usá-los na promoção do aborto no país ou no exterior".
Neste mês, a Planned Parenthood também é alvo de publicidade negativa com a publicação do livro "unPLANNED", de Abby Johnson, ex-funcionária de uma clínica de abortos.
Durante oito anos, ela trabalhou primeiro como voluntária e depois como contratada daPlanned Parenthood. Seu apoio ao aborto mudou drasticamente no dia em que lhe pediram ajuda na execução de um: ela foi testemunha, graças ao ultrassom, de como um bebê de 13 semanas lutava pela vida enquanto o procedimento era realizado.
Numa entrevista publicada em 11 de janeiro no site do National Catholic Register, Johnson afirmou que nunca tinha visto um monitor de ultrassom durante um aborto até então. Ela era diretora da clínica em Bryan, Texas.
Johnson explicou que a Planned Parenthood sempre tinha lhe dito que um feto não possuía desenvolvimento sensorial até as 28 semanas. Essa afirmação contradizia o que ela mesma tinha visto na tela do ultrassom: o feto lutando para não ser sugado.
Seu livro descreve como essa experiência a fez abandonar o trabalho na clínica. O texto conta o seu caminho desde a universidade até virar chefe de uma clínica e depois a sua transformação em defensora pró-vida.
Planned Parenthood tentou evitar a publicação do livro, mas não conseguiu. O que mais preocupava a organização era a descrição de como ela pressionava para que a clínica de Johnson aumentasse o número de abortos por causa do grande lucro gerado pelos procedimentos.
Estatísticas preocupantes
Não há estatísticas oficiais totais do número de abortos nos Estados Unidos. Uma boa ideia da situação, no entanto, pode ser obtida a partir do estudo publicado em 11 de janeiro pelo abortista Guttmacher Institute.
Segundo o estudo, baseado num censo das instituições abortistas conhecidas, parou de cair o número de abortos, fenômeno que era uma constante desde 1981. O instituto afirmou que a taxa de 2008 foi de 19,6 abortos por cada 1.000 mulheres de 15 a 44 anos. É um pequeno aumento em comparação com os 19,4 de 2005.
O número total de abortos em 2008 (1,21 milhão) subiu ligeiramente, em cerca de 6.000. O número de instituições abortivas também mostrou pequeno crescimento, de 1.787 para 1.793 entre 2005 e 2008.
O censo descobriu ainda um aumento no uso do aborto farmacológico em vez dos procedimentos cirúrgicos nas primeiras etapas da gravidez, normalmente por meio do abortivo RU-486.
Em artigo de 11 de janeiro, analisando os últimos números, o Washington Post proporcionou mais informação sobre o uso da RU-486. Em 2010, seu uso subiu 24% em comparação com 2009, passando de 161.000 para 199.000. Representa 17% de todos os abortos.
A reação do Guttmacher Institute a esses dados foi defender maior acesso aos serviços contraceptivos e a garantia de uso dos serviços abortivos para as mulheres.
Na contramão, Jeanne Monahan, diretora do Family Research Council do Center of Human Dignity, pediu mais esforço para se reduzir o número de abortos.
Num comunicado de imprensa, também de 11 de janeiro, Monahan louvou as organizações de defesa da vida e destacou que as pesquisas mostram um número crescente de norte-americanos que se declaram pró-vida.
Monahan criticou a campanha do Guttmacher Institute para eliminar as restrições ao aborto: "Como eles podem dizer que a taxa de abortos não é alta demais?".
Um comentário sobre o informe publicado no mesmo dia pela LifeNews.com abordou a tese do instituto de que mais contraceptivos reduziriam os abortos.
O artigo destacou que o mesmo estudo mostrava que a maioria dos abortos (54%) acontecia quando os anticoncepcionais falhavam. Os últimos dados da Espanha parecem corroborar esta análise, mostrando um aumento do número de abortos apesar de ter havido ao mesmo tempo muitíssima divulgação do planejamento familiar.
Dado que a pílula e os chamados "métodos de barreira" apresentam falhas, junto com o fato de as pessoas nem sempre os usarem adequadamente, o artigo defendia que o controle da natalidade é simplesmente incapaz de eliminar as gravidezes "indesejadas".
Pavoroso
Pouco antes da publicação dos últimos números, o arcebispo de Nova Iorque, Dom Timothy M. Dolan, divulgou um chamamento à redução dos abortos na cidade.
"É claramente pavoroso que 41% dos bebês de Nova Iorque sejam abortados, e que esse número chegue a ser maior ainda no Bronx e no caso dos nossos bebês afro-americanos", declarou em entrevista coletiva de 6 de janeiro, na Chiaroscuro Foundation do Penn Club de Nova Iorque.
O arcebispo observou que Nova Iorque é conhecida por acolher os imigrantes e agregou: "Tragicamente, estamos deixando de lado o menor de todos, o mais frágil e vulnerável: o bebê no ventre materno".
Em reportagem de 7 de janeiro sobre essa entrevista coletiva, o New York Times explica que se tratava de um esforço conjunto de vários líderes religiosos, coordenados pela Chiaroscuro Foundation, uma entidade sem fins lucrativos financiada de forma privada por seu presidente, Sean Fieler, dono de um banco de investimentos.
A cifra de 42% vinha de um informe do departamento de saúde da cidade. As estatísticas mostravam que tinham acontecido 87.273 abortos em 2009, número abaixo dos 94.466 de 2000. O informe também revelava que a taxa de abortos por gravidez nas mulheres negras era próxima de 60%.
Não se costuma falar da taxa de abortos tão alta que há entre as mulheres negras, algo que organizações como TooManyAborted.com estão tentando mudar.
Segundo a informação publicada em sua página na internet, cerca de 40% de todas as gravidezes de mulheres negras terminam em aborto. Esta cifra é o triplo em relação às mulheres brancas e o dobro em relação a todas as raças combinadas.
A página na internet também explica que a pressão pelos "direitos reprodutivos" tem sua origem em uma mentalidade elitista promovida pela fundadora do Planned Parenthood, Margaret Sanger. Ela e outros trabalharam duro para promover o aborto entre os negros e os pobres.
Todas essas notícias surgiram enquanto se preparava o maior evento pró-vida do ano, a Marcha pela Vida de 24 de janeiro, em Washington D. C. A Igreja Católica celebrou o acontecimento com uma Vigília Nacional de Oração, de 23 a 24 de janeiro, na Basílica da Capela Nacional da Imaculada Conceição.
A vigília abriu com uma Missa, presidida pelo cardeal Daniel N. DiNardo, presidente do Comitê pró-Vida da Conferência Episcopal dos Estados Unidos.
Ainda que a manifestação normalmente receba pouca cobertura da mídia, atrai um grande número de pessoas, muitas delas jovens. Seu êxito mostra como o destino das crianças abortadas continua sendo um tema que congrega muita gente.

Bento XVI: bem-aventuranças, programa de vida Intervenção por ocasião do Ângelus



Queridos irmãos e irmãs:
Neste quarto domingo do Tempo Comum, o Evangelho apresenta o primeiro grande discurso que o Senhor dirige ao povo, sobre as doces colinas ao redor do lago da Galileia. "Vendo as multidões - escreve São Mateus -, Jesus subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se. E Ele começou a ensinar" (Mt 5, 1-2). Jesus, o novo Moisés, "assume a ‘cátedra da montanha" (Jesus de Nazaré, 2007) e proclama "bem-aventurados" os pobres de espírito, os que choram, os misericordiosos, os que têm fome e sede de justiça, os limpos de coração, os perseguidos (cf.  Mt 5, 3-10). Não se trata de uma nova ideologia, mas de ensinamento que procede do alto e que diz respeito à condição humana, que o Senhor, ao encarnar-se, quis assumir para salvar. Por esta razão, "o Sermão da Montanha é dirigido a todos, no presente e no futuro... e só pode ser compreendido e vivido no seguimento de Jesus, caminhando com Ele" (Jesus de Nazaré). As bem-aventuranças são um novo programa de vida para se livrar dos falsos valores do mundo e abrir-se aos verdadeiros bens presentes e futuros. Quando Deus conforta, sacia a fome de justiça, enxuga as lágrimas dos que choram, isso significa que, além de recompensar cada um de forma sensível, abre o Reino do Céu. "As bem-aventuranças são a transposição da cruz e da ressurreição na existência dos discípulos" (ibid.). Refletem a vida do Filho de Deus, que se deixa perseguir, desprezar até a sentença de morte para dar a salvação aos homens.
Um velho ermitão disse: "As bem-aventuranças são dons de Deus e devemos realmente agradecer por tê-las recebido e pelas recompensas que delas derivam, ou seja, o Reino do Céu na vida futura, o consolo aqui, a plenitude de todo bem e a misericórdia de Deus (...), quando a pessoa se converteu em imagem de Cristo sobre a terra" (Pedro de Damasco, emFilocalia, volumen 3, Turim 1985, p. 79). O Evangelho das bem-aventuranças é comentado na própria história da Igreja, a história da santidade cristã, porque - como escreve São Paulo - "o que para o mundo é loucura, Deus o escolheu para envergonhar os sábios, e o que para o mundo é fraqueza, Deus o escolheu para envergonhar o que é forte. Deus escolheu o que no mundo não tem nome nem prestígio, aquilo que é nada, para assim mostrar a nulidade dos que são alguma coisa" (1 Coríntios 1, 27-28). Por esta razão, a Igreja não tem medo da pobreza, do desprezo, da perseguição em uma sociedade frequentemente atraída pelo bem-estar material e pelo poder mundano. Santo Agostinho nos lembra que "o que ajuda não é sofrer desses males, mas suportá-los pelo nome de Jesus, não só com espírito sereno, mas inclusive com alegria" (De sermone Domini in monte, I, 5,13: CCL 35, 13).
Queridos irmãos e irmãs: invoquemos a Virgem Maria, a bem-aventurada por excelência, pedindo a força de buscar o Senhor (cf. Sofonias 2, 3) e de segui-lo sempre, com alegria, pelo caminho das bem-aventuranças.


[Tradução: Aline Banchieri.© Libreria Editrice Vaticana]
CIDADE DO VATICANO, domingo, 30 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos as palavras que Bento XVI dirigiu hoje, ao rezar a oração mariana do Ângelus junto a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
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Mensagem do Dia

"Anda com os sábios e serás sábio; o que freqüenta os néscios, será como eles."
Prov 13

Homilia Diária - 31/01/2011 - "Jesus quer nos libertar"



Jesus veio ao mundo para salvar o homem do pecado e da morte eterna. No entanto, o homem, muitas vezes, continua refém e escravo das artimanhas do espírito do mal. Assim como aquele endemoniado que vivia no “meio dos túmulos”, muitos de nós ainda nos deixamos escravizar por muitos vícios e insistimos em viver a cultura da morte. Não reconhecemos a Deus como nosso Pai e provedor, persistimos em lutar com armas que, em vez de nos libertarem, são como algemas e correntes que nos prendem à mesma situação durante muito tempo da nossa vida.
Contudo, o Pai não quer que se perca nenhum filho Seu, por isso, ainda hoje Jesus Cristo vem a nós a fim de nos libertar dos “espíritos maus” que nos perseguem. Jesus expulsou para longe os demônios que atormentavam aquele homem da região dos gerasenos e recomendou-lhe que fosse para casa, para junto dos seus. Assim também Ele quer fazer conosco. Somos curados e libertados para amar e cultivar relacionamentos saudáveis a partir da nossa casa, na nossa família. Ele nos tira do meio dos sepulcros e nos conduz a uma vida de paz e harmonia com o próximo, bastando para isso que nos rendamos ao Seu poder amoroso.
Os mortos que hoje nos cercam são o orgulho, a autossuficiência, o egoísmo, amor próprio e outros males que nos afligem como o medo, o desânimo, os ressentimentos, as mágoas, etc., todos consequência do nosso ser pecador. No entanto, Deus Pai não quer que se perca nenhum filho Seu, por isso, ainda hoje Jesus Cristo vem a nós a fim de nos libertar dos “espíritos maus”, perdoando-nos, purificando-nos e  ressuscitando-nos para nos tirar do sepulcro jogando para longe de nós os espíritos que nos prendiam.
Depois que somos curados e libertados Jesus nos envia para amar e cultivar relacionamentos saudáveis a partir da nossa casa, na nossa família. Ele nos tira do meio dos sepulcros e nos conduz a uma vida de paz e harmonia conosco e com o próximo, bastando para isso que nos rendamos ao Seu poder amoroso.
Deixemo-nos transformar pela palavra libertadora de Cristo e que o nosso coração seja tocado pela prática do amor misericordioso e acolhedor do Senhor, expulsando qualquer espírito opressor, egoísta, que nos impede de nos apaixonarmos por Jesus e de mudarmos de vida, acolhendo em nosso coração a fonte de amor renovadora em nossas vidas. Essa é a liberdade que devemos buscar.
Você ainda continua lutando com as armas que o mundo lhe impõe ou já se rendeu ao poder do Deus que liberta o homem do pecado? – Quais são os “espíritos maus” que insistem em prender você no meio dos sepulcros? – Você ainda se vê caminhando entre os mortos ou já se sente capaz de amar na sua própria casa? Pense nisso!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Mensagem do Dia

"Que felicidade nas batalhas espirituais! Basta querer saber sempre combater para sair certamente vitorioso." (Padre Pio de Pietrelcina)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

É urgente que os cristãos testemunhem com valor o Evangelho no mundo, afirma Bento XVI

VATICANO, 28 Jan. 11 (ACI) .- Ao receber 30 membros da Comissão Mista Internacional para o Dialogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Orientais Ortodoxas ao meio dia (hora local) de hoje, o Papa Bento XVI assinalou que os cristãos têm o dever premente de dar um valente testemunho do Evangelho de Cristo ante o mundo.

Esta comissão foi instituída em 2003 graças à iniciativa das autoridades eclesiásticas da família das Igrejas orientais ortodoxas e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

A primeira fase do diálogo, de 2003 a 2009, teve por resultado o documento "Natureza, constituição e missão da Igreja" que "descreve os aspectos fundamentais dos princípios eclesiológicos que compartilhamos e assinala as questões que requerem uma reflexão mais profunda nas sucessivas fases do diálogo".

"Não podemos por menos que estar agradecidos de que depois de quase 1500 anos de separação ainda estejamos de acordo a respeito da natureza sacramental da Igreja, da sucessão apostólica no serviço sacerdotal e da necessidade premente de dar testemunho do Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo no mundo".

O Papa disse logo que em sua segunda etapa, a Comissão refletiu "desde uma perspectiva histórica sobre a forma em que as Igrejas expressaram sua comunhão através dos séculos".

Durante esta semana este grupo de trabalho se dedicou "ao estudo da comunhão e a comunicação que existia entre as Igrejas até meados do século quinto da história cristã, assim como do papel desempenhado pelo monacato na vida da Igreja primitiva".

Bento XVI expressou sua confiança em que a reflexão teológica "leve as nossas Igrejas não só a entender-se mais profundamente entre si, mas também a prosseguir com determinação nosso caminho para a plena comunhão, à qual estamos chamados pela vontade de Cristo".

"Muitos de vocês procedem de regiões onde os indivíduos e as comunidades cristãs se enfrentam a provas e dificuldades que são motivo de profunda preocupação para todos nós. Todos os cristãos devem unir seus esforços para obter a aceitação e a confiança mútua com o fim de servir à causa da paz e da justiça".

Finalmente o Santo Padre fez votos para "que a intercessão e o exemplo dos muitos mártires e santos, que deram o corajoso testemunho de Cristo em todas as nossas Igrejas, sustentem e fortaleçam vocês e suas comunidades cristãs".

Mensagem do Dia

"Amemos a Deus e lhe adoremo-lo com coração singelo e espírito puro, que isso Ele o busca acima de tudo."
São Francisco de Assis

Mensagem do Dia

"Repita frequentemente para si mesmo: Deus me vê o tempo todo e me julgará por minhas ações." (Padre Pio de Pietrelcina)

Mensagem do Dia

"Quando a videira se separa da estaca que a sustenta, cai, e ao ficar na terra apodrece com todos os cachos que possui. Alerta, portanto, o demônio não dorme!" (Padre Pio de Pietrelcina)

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Homilia Diária - 28/01/2011 - "O Reino de Deus e a Semente"

Mc 4,26-34


Todos: Ele está no meio de nós!Sacerdote: O Senhor esteja convosco!
Sacerdote: Proclamação do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São…
Todos: Glória a Vós Senhor
Jesus disse: – O Reino de Deus é como um homem que joga a semente na terra. Quer ele esteja acordado, quer esteja dormindo, ela brota e cresce, sem ele saber como isso acontece. É a própria terra que dá o seu fruto: primeiro aparece a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas ficam maduras, o homem começa a cortá-las com a foice, pois chegou o tempo da colheita. Jesus continuou: – Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar para isso? Ele é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre as suas folhas. Assim, usando muitas parábolas como estas, Jesus falava ao povo de um modo que eles podiam entender. E só falava com eles usando parábolas, mas explicava tudo em particular aos discípulos.
Sacerdote: Palavra da Salvação!
Todos: Glória a Vos Senhor!


HOMILIA
Qual é a atitude ativa que Deus pede de mim? Por vocação cristã, sou chamado a fazer presente o Reino neste mundo e posso fazê-lo realizando com perfeição meus deveres e trabalhando ativamente na Igreja. Deixar que a semente cresça por si só implica colaborar com o semeador.
Saiba meu irmão minha irmã que a vinda do Reino de Deus é semelhante ao escondido e dinâmico germinar da semente na terra. O Reino é comparado por Jesus ao grão de mostarda, a menor semente, destinada a se transformar apesar disso numa árvore frondosa, ou à semente que o homem enterrou: “durma ou se levante, de noite ou de dia, o grão brota e cresce, sem que ele saiba como”. O que quer dizer tudo isto? O Reino é amor de Deus para o mundo, é a presença de Cristo entre nós. Mas o homem não é uma testemunha inerte deste Reino. Jesus nos convida a buscar ativamente “o Reino de Deus e sua justiça” e fazer desta busca nossa preocupação principal: “buscar o Reino de Deus e tudo mais será acrescentado”. Fazer com que Cristo reine no coração dos homens.
Jesus nos pede uma atitude ativa e não inerte. Estamos chamados a cooperar com nossas mãos, nossa mente e nosso coração na vinda do Reino de Deus ao mundo. Com este espírito temos que fazer nossa a invocação “Venha a nós o Vosso Reino!”. É uma invocação que orienta nosso olhar a Cristo e alimenta o desejo da vinda do Reino de Deus. Este desejo, apesar disso, não nos afasta da nossa missão neste mundo, vai além, compromete ainda mais: “A mensagem cristã não afasta os homens da edificação do mundo nem faz com que nos despreocupemos do bem alheio, ao contrário, impõe como um dever de fazê-lo” (Gaudium et spes, 34)
Quando Deus semear, a semente produz fruto e se reconhece sua autoria pelas obras que produz. Da árvore boa só podem brotar frutos bons. Pelos frutos se pode conhecer o tipo de árvore que Deus semeou. Na Igreja vemos um quantidade de movimentos que surgem e trabalham pelo Reino, se fossem simples autoria humana talvez durassem pouco, mas vemos que o Espírito Santo os alenta e por isso crescem, e se multiplicam e produzem muito fruto. Deve-se agradecer a Deus pela dinâmica dos Movimentos na Igreja que produzem muito fruto e que realmente colaboram para a extensão do Reino de Deus para que se torne uma realidade neste mundo.
O meu propósito a partir desde evangelho de hoje é deixar que a semente que Deus plantou em mim desde o batismo germine com obras cristãs de caridade e justiça. Que o mais importante seja fazer presente o Reino de Deus em minha família, em meu trabalho/escola, em meu comportamento.
Pai, dá-me sensibilidade para perceber teu Reino acontecendo no meio de nós, aí onde lutamos para a construção de uma sociedade mais humana e fraterna.

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM - Liturgia da Palavra: o nome D`Ele é “defensor dos pobres” Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração

IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras: Sf 2, 3; 3, 12-13; 1 Cor 1, 26-31;  Mt 5, 1-12a

Se Deus tem um nome, o nome D`Ele é “defensor dos pobres”.
Não se trata de qualquer pauperismo, não se trata de uma postura para limpar a consciência, não. Trata-se do próprio Nome de Deus. Não é um acaso da história o fato que Deus se manifeste na carne pobre de um menino, gerado por uma pessoa esquecida por todos (Maria), acolhido por pessoas consideradas as últimas da sociedade (os pastores); o próprio lugar onde ele nasce é um lugar para animais, Ele “o homem” por excelência.
Não é um acaso também, que ele acabe a sua vida humana como um malfeitor, considerado injustamente assim, pobreza suprema para Ele, o dispensador de todo Bem. Uma vida entre duas pobrezas, física/pessoal e moral.
Mateus, tão atento à história, destaca claramente esta situação e faz coincidir o início da pregação de Jesus com a proclamação da primeira bem aventurança: “Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3). Quem é o primeiro cidadão de reino dos céus senão o “pobre” Jesus? E o Mestre convida para esta cidadania os seus ouvintes, isto é, a todos, não somente os discípulos. Os destinatários deste “discurso” são as multidões, vindas de todos os lugares, da Galileia, do outro lado do Jordão, da Decápoli, de Jerusalém.
A mensagem de Jesus não tem fronteiras. Jesus sobe a montanha, lugar onde simbolicamente mora Deus. Este lugar recorda o Sinai, onde foi selada a Aliança entre Deus e o seu povo. Neste sentido as palavras que Jesus  pronuncia aqui, neste lugar, têm o sabor de uma nova Lei promulgada por um novo legislador, o próprio Jesus.
Mas se no deserto o povo não podia aproximar-se de Deus, do contrário ele morreria, hoje ele não só pode, mas, estando “com” Deus ele alcança a vida. Uma vida de felicidade, que é aquela proposta pelas “bem aventuranças”. Uma vida que alcança não um prêmio qualquer, mas a própria posse do Reino dos Céus. Nas bem aventuranças Deus não somente comunica uma mensagem de consolação, não somente cumpre uma revelação sobre os homens que o seguem. Muito mais, ele partilha com eles o Reino do qual ele mesmo é rei. Podemos afirmar que ele associa os homens à posse deste mesmo reino.
Jesus constata a  situação do povo, de pobreza, humilhação, submissão; percebe o esforço que o povo faz para mudar a situação, e o proclama feliz nesta busca, porque esta busca mora no próprio coração de Deus. Assim explica-se como a oitava bem aventurança consegue o mesmo resultado da primeira: “bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,10).
Estas duas bem aventuranças são as únicas que têm a promessa no presente: de fato, mais que uma promessa, trata-se de uma constatação. Quem é pobre e quem é perseguido, porque busca a justiça, já mora no Reino, como Jesus, o pobre e o justo por excelência, e que já mora no Reino. O que significa a expressão “pobres em espírito”? Fala-se dos “humildes”, independentemente da situação social? Ou dos anawim do Antigo Testamento, isto é, dos que confiam em Deus como última possibilidade, porque estão sem justiça por parte da sociedade?
São eles  também, mas não somente. São aqueles que no profundo do coração de si mesmos (“em espírito”) escolheram a pobreza: não por causa de um amor insano pela miséria, não por um ato de masoquismo social ou pessoal, não por causa de uma ascese tão heróica quanto inútil. Escolheram a pobreza com atitude “profética”: estes pobres anunciam o sonho de Deus para os homens, uma nova sociedade baseada na justiça e na solidariedade. Os pobres sabem partilhar, sabem administrar o tudo de cada um, bem como o tudo de todos. Esta é a nova sociedade amada por Deus porque, mais uma vez, realiza aquilo que Deus realizou pelos homens: o seu tudo tornou-se o tudo de todos, numa oblação sem fim. Eis porque são perseguidos: a presença silenciosa deles é insuportável por uma sociedade baseada num modelo totalmente contrário. Esta sociedade não suporta este modelo e quer eliminá-lo.
Isso acontecia já nos tempos de Jesus; hoje aquela intuição se torna ainda mais profética, ainda mais atual, parece pronunciada para o nosso mundo contemporâneo. Dá para ver como aquela pobreza de que Jesus fala é só parcialmente uma pobreza material. Trata-se de uma pobreza como escolha existencial, de uma postura existencial de simplicidade, de solidariedade, de partilha. Uma postura de unificação interior sobre o que é verdadeiramente essencial.
Se o Reino é algo que está já presente nos pobres e naqueles que lutam por causa da justiça, ao mesmo tempo, ele está em construção. As bem aventuranças que se concluem com uma promessa futura nos falam de um Reino que já aqui neste mundo vai se construindo. Os aflitos não podem se resignar a um sofrimento perene: no reino há uma consolação que vai se construindo através da ação daqueles que sabem detectar os sofrimentos dos homens e se fazem próximos.
Sabem que ninguém no Reino pode ficar sozinho, todos têm um irmão, sobretudo todos têm um Pai. Fazer presente o Pai aos homens aflitos é a capacidade de imaginar e construir vínculos de afeto, amor, presença, para todos aqueles que ficam abalados pelos seus sofrimentos.
A terra (entendida como “situação de vida dos homens”) tem de mudar de propriedade: não estará mais na posse dos violentos, daqueles que imaginam e atuam a possibilidade de estar bem “contra” os outros; a terra é para aqueles que nunca enfrentam o outro com violência, nem para se defender. É para os mansos, como Jesus que acolhe todos os cansados e oprimidos por este mundo violento e neurótico, ele, o puro de coração e o manso. Ele que responde àqueles de mãos fechadas com a mão aberta da mansidão.
A sede de justiça será saciada, não somente porque as relações injustas serão quebradas, mas porque o próprio Deus em Cristo “justificará”, fará de todos homens “justos”, restabelecerá os homens naquela imagem com que Deus os criou, isto é a própria imagem d’Ele. Fazer os homens “justos” será fazer os homens “deuses”, porque Deus é o Justo. Quem conseguirá ser misericordioso, ter um coração semelhante ao coração de Deus, se colocará no mesmo nível de Deus e alcançará por si mesmo o que conseguirá doar.
É a Lei de ouro: fazer aos outros aquilo que queremos seja feito para nós. Lei esta que chega até nós do Antigo Testamento, mas num nível mais profundo, pois não se limita a fazer ações de bondade, mas chega a participar do mesmo coração de Deus, o Misericordioso. Só uma vida totalmente desapegada pode alcançar este dom de Deus, só aquele que tem o olhar totalmente aberto ao outro e ao Outro pode perceber a importância desta bem aventurança que Jesus viveu e anunciou com palavras e com a própria vida, com insistência: misericórdia, para com todos, para sempre.
Esta participação à própria vida de Deus chega a um ponto profundo e máximo na bem aventurança seguinte: os puros de coração verão a Deus. Aquilo que era impossível no Antigo Testamento, aquilo que levava à morte, ver a Deus, se torna possível para os puros de coração, para aqueles que têm um coração unificado, não dividido, concentrado na profundeza e no centro de si mesmo onde mora Deus. É o que Jesus pede para Marta, ter um coração unificado, que não julga, e que sobretudo concentra todas as suas forças na identificação e no serviço do Mestre.
Em verdade, à luz da mensagem evangélica toda, acontece algo de extraordinário: por meio do Cristo Homem/Deus, o homem numa certa maneira não somente fica semelhante, mas participa, segundo a sua ordem na criação, da própria natureza de Deus. Assim, para ele, não somente é possível ver a Deus, mas também ver com os olhos de Deus, experimentar em si o próprio olhar de Deus. Este é o verdadeiro sentido da expressão ´filhos de Deus` que é a promessa da bem aventurança daqueles que buscam a paz: que não se torna somente uma ausência de conflitos, mas muito mais uma definição do próprio discípulo de Jesus. Ele é aquele que busca a paz como aquele acordo fundamental entre o céu e a terra, entre os homens, e dentro do homem em si mesmo.
As duas bem aventuranças dos puros de coração e promotores da paz são deste modo duas faces da mesma realidade profunda, a unificação profunda do homem: num sentido existencial os primeiros, no sentido ético os segundos. Estes homens que vivem nas bem aventuranças são aqueles dos quais o profeta Sofonias proclama ser o resto de Israel que “no nome do Senhor porá sua esperança” (Sf 3,12).
Quem pode participar deste povo, deste resto, será aquele que não é sábio da sabedoria humana, nem poderoso, nem nobre, como nos fala 1 Cor 1, 26-31. Os critérios hermenêuticos para vislumbrar a nova humanidade confundem – diz Paulo aos Coríntios – os costumes e as culturas do mundo, que gloria-se somente em si mesmo. Paulo nos apresentará a estrada mestra para reinterpretar a vida em Deus que, ao final, permanece a única e verdadeira maneira de se tornar verdadeiros homens e permanecer nisso.


SÃO PAULO, quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – IV do Tempo Comum Sf 2, 3; 3, 12-13; 1 Cor 1, 26-31; Mt 5, 1-12a – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical, sempre às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT. 
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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Homilia Diária - 27/01/2011 - "As nossas ações devem ser produtos dos nossos pensamentos"


E no Evangelho de hoje, Jesus continua pregando para as multidões por meio de parábolas. E após explicar a parábola do semeador, Ele apresenta hoje mais uma [parábola]: a da lâmpada, da luz, dizendo: “Quem é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote ou debaixo da cama?” A resposta é fácil, acredito que ninguém acenderia uma lâmpada e a colocaria debaixo de um caixote, pois dessa forma ela não serviria para nada; geralmente a colocamos em um local que ilumine o máximo possível.
E como a lâmpada que não deve ser escondida, assim é a Palavra que deve ser proclamada para iluminar a todos, sem exceção. E não como acontece em algumas doutrinas ou cultos nos quais só tem acesso à Palavra um grupo pequeno que se considera iluminado. Para Jesus, todos têm direito de conhecer Sua mensagem, não excluindo ninguém. Porém, somos livres para aceitar ou rejeitar a Palavra. O discípulo que anuncia a Palavra também é luz, é sua missão descobrir como e onde proclamá-la de forma que ela chegue ao maior número de pessoas possível, para que a luz da vida possa iluminar a todos.
Devemos estar atentos para ouvir, acolher, praticar e deixar a Palavra frutificar em nossos corações, e com atitudes positivas colocá-la em prática. Deixando de fazer maus julgamentos sobre os outros, pois “com a mesma medida com que medirdes também vós sereis medidos”. Se usarmos de misericórdia, receberemos muito mais misericórdia. Sejamos luz para que possamos dar continuidade à missão de Cristo, levando a Palavra de Deus a todos e, dessa forma, consigamos atingir o coração destes, para livrá-los das trevas, da solidão, do ódio, da tristeza. Que atentos e fiéis todos nós possamos ouvir e acolher a “luz do amor de Deus”.
As nossas ações devem ser produtos dos nossos pensamentos e também dos nossos sentimentos. Nesta leitura Jesus nos exorta a sermos como lâmpadas acesas colocadas em lugar alto a fim de que todas as pessoas que as vejam sejam iluminadas, isto é, tenham conhecimento de Sua Palavra. Portanto, as nossas ações devem revelar o que nós cultivamos dentro de nós mesmos. Se, cultivamos em nós bons pensamentos e os regamos nós poderemos também realizar boas obras, como lâmpadas acesas que podem ser vistas por todos.
Contudo, quando nós falseamos, quando nós blefamos e escondemos as nossas reais intenções nós também somos capazes de praticar ações duvidosas que, por mais que aparentem bondade, são, no entanto, como arapucas armadas para que outros nelas caiam. Desse modo, nós revelamos apenas escuridão.
Jesus continua nos advertindo em relação às nossas ações e, agora também, quanto aos nossos julgamentos quando diz: “com a mesma medida com que medirdes também vós sereis medidos”. Muitas vezes, nós usamos critérios muito exigentes para com os nossos irmãos e irmãs e não nos apercebemos de que com o mesmo rigor nós também seremos julgados, e por nós mesmos! A medida, então, é a que nós usamos, isto é, a nossa medida. Existe um ditado popular que expressa muito bem o que o Senhor nos fala: “Quem disto usa, disto cuida”. Por essa razão,  devemos purificar os nossos pensamentos e sentimentos a fim de que possamos atuar com sinceridade e com transparência irradiando ao mundo a Luz, que vem do Senhor. E que as nossas ações e os nossos julgamentos para com os nossos irmãos sejam feitos com uma medida ajustada à nossa própria fraqueza, portanto, cheios de misericórdia e compaixão.
Você é uma pessoa transparente e sincera? As suas ações acompanham os seus sentimentos e pensamentos ou você consegue camuflá-las? Você é muito rigoroso com os erros das pessoas? E com os seus? Você é uma pessoa que se impacienta por qualquer coisa? Qual é a sua medida?
Pai, ensina-me a ser benevolente com quem deve ser evangelizado por mim, para que, no final de minha missão, eu possa também experimentar da Tua benevolência.

Joana D'Arc é exemplo de santidade para os políticos católicos, diz o Papa


VATICANO, 26 Jan. 11 (ACI) .- Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Bento XVI ressaltou que Santa Joana D'Arc  -condenada a morrer na fogueira em 1431 por juízes "incapazes de ver a beleza de sua alma-, constitui "um exemplo de santidade para os leigos comprometidos na vida política, sobre tudo nas situações mais difíceis".

Na Sala Paulo VI o Papa destacou que Joana D'Arc é uma "das "mulheres fortes" que, no fim da Idade Média, levaram sem medo a grande luz do Evangelho nos momentos complexos da história".

Filha de camponeses acomodados, sua vida se emoldura no conflito bélico que se conhece como a Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra. Aos 13 anos, Joana sentiu através da "voz" de São Miguel Arcanjo "a chamada do Senhor a intensificar sua vida cristã, e também a comprometer-se em primeira pessoa pela libertação de seu povo".

Joana fez voto de virgindade e redobrou suas orações, participando com um novo empenho na vida sacramental. "A compaixão e o empenho da jovem camponesa francesa diante do sofrimento do seu povo tornou mais intenso o seu relacionamento místico com Deus", destacou Bento XVI.

Ao princípio de 1429 Joana começa sua ação e superando todos os obstáculos encontra o futuro rei da França, Carlos VII, quem em Poitiers a submete a um exame por parte de alguns teólogos que "expressam um juízo positivo; nela não há nada mau, é uma boa cristã".

Em 22 de março desse mesmo ano Joana dita uma carta ao Rei da Inglaterra e aos seus homens que assediavam a cidade de Orleans. "sua proposta é de verdadeira paz na justiça entre dois povos cristãos, invocando os nomes do Jesus e Maria", disse o Papa. Mas esta é rechaçada e Joana deve lutar pela liberação da cidade. Outro momento importante é a coroação do Rei Carlos em Rheims no dia 17 de julho de 1429.

O Papa Bento recorda logo que a paixão da Joana começa no 23 de maio de 1430 quando cai prisioneira de seus inimigos em Compiegne e é conduzida à cidade de Rouen, onde terá lugar seu longo e dramático processo que conclui com a condenação à morte.

O Santo Padre indica que à frente do processo estiveram dois importantes juízes eclesiásticos: o Bispo Pierre Cauchon e o inquisidor Jean le Maistre, mas na realidade é conduzido por um grupo de teólogos da Universidade de Paris, "eclesiásticos franceses que pertencem ao grupo político oposto ao de Joana e que têm um juízo a priori negativo sobre sua pessoa e sua missão".

"Este processo é uma página terrível na história da santidade e também uma página que ilumina o mistério da Igreja, que ao mesmo tempo é sempre Santa e sempre necessitada de purificação".

"À diferença dos Santos teólogos que tinham iluminado a Universidade de Paris, como Boaventura, Tomás de Aquino ou Duns Escoto, estes juízes são teólogos que carecem de caridade e humildade para ver nesta jovem a ação de Deus" e não vêem "que os mistérios de Deus são revelados no coração dos pequenos enquanto permanecem ocultos aos sábios e doutos. Os juízes de Joana são radicalmente incapazes de compreender, de ver a beleza de sua alma, não sabiam que condenavam uma santa".
Joana morre na fogueira no dia 30 de maio de 1431, com um crucifixo nas mãos e invocando o nome de Jesus. Vinte e cinco anos depois, o Processo de Anulação aberto por Calisto III "conclui com uma sentença solene que declara nula a condenação e ressalta a inocência de Joana e sua perfeita fidelidade à Igreja. Joana D'Arc seria canonizada em 1920 por Bento XV".

"O Nome de Jesus, invocado por essa santa até os últimos momentos de sua vida terrena, era como o contínuo respiro da sua alma, como um hábito do seu coração, o centro da sua vida. Esta santa tinha entendido que o Amor abraça toda a realidade de Deus e do ser humano, do céu e da terra, da Igreja e do mundo".

"A liberação de seu povo é uma obra de justiça humana que cumpre em caridade, por amor de Jesus. O seu é um formoso exemplo de santidade para os leigos comprometidos na vida política, sobre tudo nas situações mais difíceis".

"Em Jesus, Joana contempla também a realidade da Igreja, a 'Igreja triunfante' do Céu, como a 'Igreja militante' da Terra. Segundo suas palavras, 'é tudo uma coisa só: o Nosso Senhor e a Igreja'. E no amor de Jesus, Joana encontra a força para amar a Igreja até o fim, também no momento de sua condenação", enfatiza o Santo Padre.

Finalmente o Santo Padre assinalou que "com seu luminoso testemunho Joana convida a uma medida alta da vida cristã: fazer da oração o fio condutor dos nossos dias, tendo plena confiança no cumprimento da vontade de Deus, seja ele qual for; viver a caridade sem favoritismos, sem limites, e atingindo, como ela, no Amor de Jesus, um profundo amor pela Igreja".

Finalmente o Papa saudou os presentes em vários idiomas, entre eles o português:
"Saúdo, com afeto, a todos vós, amados peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta peregrinação a Roma vos encha de luz e fortaleza no vosso testemunho cristão, para confessares Jesus Cristo como único Salvador e Senhor da vossa vida: fora Dele, não há vida nem esperança de a ter. Com Cristo, ganha sentido a vida que Deus vos confiou. Para cada um de vós e vossa família, a minha Bênção!".

Mensagem do Dia

"Amar não é olhar-se um ao outro; é olhar juntos na mesma direção."
Saint-Exupery

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

"Você pode enfrentar as alturas e problemas pelos quais você nunca passou. Benditos problemas que me empurram e me fazem voar.” - Monsenhor Jonas Abib

400 mil pessoas marcham pela vida e contra o aborto no EUA


A HAIA, 25 Jan. 11 (ACI) .- Este 24 de janeiro, na capital norte-americana, 400 mil pessoas participaram da Marcha Nacional pela Vida em defesa dos direitos das crianças não-nascidas, ao recordar um aniversário mais do caso Roe vs. Wade que legalizou o aborto a pedido (abortion on demand) nos Estados Unidos em 1973.

A massiva assistência, principalmente de jovens, fez que os eventos prévios à Marcha que chegou até a sede do Congresso tivessem que ser realizados em dois lugares: o Verizon Center e o D.C. Armory.

O Pe. Mark Ivany, sacerdote de Bethesda, Maryland, dirigiu-se à multidão reunida no Verizon Center e recordou-lhes que fala por aqueles que nunca poderão falar por si próprios porque são assassinados no aborto.

"A grande diferença entre outros movimentos de direitos humanos e este é que muitos dos afetados pela sentença Roe vs. Wade não podem marchar em Washington e não podem dar grandes discursos", disse o sacerdote.

Em sua saudação de boas-vindas os participantes da marcha, o congressista republicano pelo estado de Ohio e porta-voz da câmara de deputados dos Estados Unidos, John Boehner, recordou que o aborto é uma violação dos princípios morais e constitucionais.

A Marcha pela Vida e esforços similares "procuram ressarcir o dano da decisão de Roe vs Wade" e por isso "deve que seguir sendo realizada", afirmou.

Logo depois de assinalar que "os americanos amam a vida tanto como a liberdade", Boehner disse que "ninguém está livre quando os mais vulneráveis membros da sociedade perdem seus direitos. Sem respeito à vida, a liberdade também está em perigo".

Na noite do domingo 23 de janeiro, antes da multitudinária marcha, 10 mil pessoas compareceram à Basílica Nacional da Imaculada Conceição em Washington D.C. à Missa que presidiu o Presidente do Comitê de Atividades Pró-vida do Episcopado dos Estados Unidos, o Cardeal Daniel N. DiNardo, quem animou os presentes a defender os direitos dos não-nascidos.

O Cardeal recordou o imenso legado do Papa João Paulo II, que será beatificado em 1º de maio, e ressaltou sua infatigável defesa do direito à vida de todo ser humano. O Pontífice polonês, recordou o cardeal, "nos chamou a ser uma 'consciência luminosa' para muitos cuja consciência, sobre a dignidade da pessoa humana, foi distorcida, e cujas vidas estão no meio das sombras". 

Mensagem do Dia

"Amar ao próximo deve ser tão natural como viver e respirar."
Beata Madre Teresa de Calcutá

Meditação: 8º dia da Semana pela Unidade dos Cristãos Chamados ao ministério da reconciliação

Gênesis 33, 1-4: Esaú correu ao encontro de Jacó, apertou-o ao peito... eles choraram
Salmo 96, 1-13: Dizei entre as nações: o Senhor é rei
2 Coríntios 5, 17-21: Deus nos reconciliou consigo pelo Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação
Mateus 5, 21-26: Deixa a tua oferenda ali, diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão
Comentário
Nossas orações desta semana nos levaram a uma caminhada em conjunto. Guiados pelas Escrituras, fomos chamados a retornar a nossas origens cristãs - aquela Igreja apostólica de Jerusalém. Ali temos visto fidelidade ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. No fim de nossas reflexões sobre o ideal de comunidade cristã que nos é apresentado em At 2,42, voltamos ao nosso próprio contexto - as realidades das divisões, os descontentamentos, decepções e injustiças. Neste ponto da reflexão, a Igreja de Jerusalém nos coloca a questão: para que, então, ao concluir esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, somos chamados aqui e agora?
Os cristãos em Jerusalém hoje nos sugerem uma resposta: somos chamados, acima de tudo, ao ministério da reconciliação. Tal chamado tem a ver com reconciliação em muitos níveis, no meio de uma complexidade de divisões. Oramos pela unidade dos cristãos para que a Igreja possa ser um sinal e um instrumento para a cura de divisões e injustiças políticas e estruturais; oramos pelo convívio justo e pacífico de judeus, cristãos e muçulmanos; oramos pelo crescimento da compreensão entre pessoas de todas as crenças e também dos que não têm nenhuma. Em nossa vida pessoal e familiar também o chamado à reconciliação precisa encontrar uma resposta.
Jacó e Esaú, no texto de Gênesis, são irmãos e ainda assim se estranham. Sua reconciliação acontece mesmo quando seria de se esperar a permanência do conflito. A violência e os hábitos de rancor são abandonados quando os irmãos se encontram e choram juntos.
O reconhecimento de nossa unidade como cristãos - e de fato como seres humanos - diante de Deus nos leva ao grande canto do salmo de louvor ao Senhor que governa o mundo com amorosa justiça. Em Cristo, Deus busca reconciliar consigo todos os povos. Descrevendo isso, São Paulo, em nossa segunda leitura, celebra uma vida de reconciliação como "uma nova criação". O chamado a reconciliar é o chamado para permitir que o poder de Deus em nós faça novas todas as coisas.
Mais uma vez, sabemos que essas "boas novas" nos chamam a mudar o nosso modo de viver. Como nos desafia Jesus, no relato dado por São Mateus, não podemos continuar fazendo nossas ofertas no altar sabendo que somos responsáveis por divisões ou injustiças.
O chamado à oração pela unidade dos cristãos é um chamado à reconciliação. O chamado à reconciliação é um chamado a ações, mesmo ações que venham a interferir em nossas atividades eclesiais.
Oração
Deus da Paz, nos te damos graças porque enviaste teu Filho Jesus, para que possamos nele nos reconciliar contigo. Dá-nos a graça de sermos servos ativos de reconciliação dentro de nossas Igrejas. Assim, ajuda-nos a prestar serviço à reconciliação de todos os povos, particularmente em tua Terra Santa , o lugar onde derrubaste a muralha de separação entre os povos e uniste a todos no Corpo de Cristo, sacrificado no Monte Calvário. Enche-nos de amor mútuo. Que a nossa unidade possa prestar serviço à reconciliação que desejas para toda a criação. Oramos no poder do Espírito Santo. Amém.

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos o comentário aos textos bíblicos e de oração escolhidos para o 8º dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 25 de janeiro.
Este texto faz parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Ecumênico das Igrejas e pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos de Jerusalém.
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Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais Internet deve estar a serviço da pessoa


Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital
Queridos irmãos e irmãs!
Por ocasião do XLV Dia Mundial das Comunicações Sociais, desejo partilhar algumas reflexões, motivadas por um fenómeno característico do nosso tempo: a difusão da comunicação através da rede internet. Vai-se tornando cada vez mais comum a convicção de que, tal como a revolução industrial produziu uma mudança profunda na sociedade através das novidades inseridas no ciclo de produção e na vida dos trabalhadores, também hoje a profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais. As novas tecnologias estão a mudar não só o modo de comunicar, mas a própria comunicação em si mesma, podendo-se afirmar que estamos perante uma ampla transformação cultural. Com este modo de difundir informações e conhecimentos, está a nascer uma nova maneira de aprender e pensar, com oportunidades inéditas de estabelecer relações e de construir comunhão.
Aparecem em perspectiva metas até há pouco tempo impensáveis, que nos deixam maravilhados com as possibilidades oferecidas pelos novos meios e, ao mesmo tempo, impõem de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da comunicação na era digital. Isto é particularmente evidente quando nos confrontamos com as extraordinárias potencialidades da rede internet e a complexidade das suas aplicações. Como qualquer outro fruto do engenho humano, as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a aspiração mais profunda do ser humano.
No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação digital: a parcialidade da interacção, a tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo.
Sobretudo os jovens estão a viver esta mudança da comunicação, com todas as ansiedades, as contradições e a criatividade própria de quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas experiências da vida. O envolvimento cada vez maior no público areópago digital dos chamados social network, leva a estabelecer novas formas de relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e por conseguinte, inevitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se se estiver atento para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público.
As novas tecnologias permitem que as pessoas se encontrem para além dos confins do espaço e das próprias culturas, inaugurando deste modo todo um novo mundo de potenciais amizades. Esta é uma grande oportunidade, mas exige também uma maior atenção e uma tomada de consciência quanto aos possíveis riscos. Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para reflectir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? É importante nunca esquecer que o contacto virtual não pode nem deve substituir o contacto humano directo com as pessoas, em todos os níveis da nossa vida.
Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos midiasignifica não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele. Aliás, também no mundo digital, não pode haver anúncio de uma mensagem sem um testemunho coerente por parte de quem anuncia. Nos novos contextos e com as novas formas de expressão, o cristão é chamado de novo a dar resposta a todo aquele que lhe perguntar a razão da esperança que está nele (cf. 1 Pd 3, 15).
O compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas daweb. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a». Deve tornar-se alimento quotidiano e não atracção de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objecto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas directas na transmissão da fé!
Em todo o caso, quero convidar os cristãos a unirem-se confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web está a contribuir para o desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a sua perfeição (cf. Ef 1, 10). A proclamação do Evangelho requer uma forma respeitosa e discreta de comunicação, que estimula o coração e move a consciência; uma forma que recorda o estilo de Jesus ressuscitado quando Se fez companheiro no caminho dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35), que foram gradualmente conduzidos à compreensão do mistério mediante a sua companhia, o diálogo com eles, o fazer vir ao de cima com delicadeza o que havia no coração deles.
Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação maciça nos váriossocial network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade.
Convido sobretudo os jovens a fazerem bom uso da sua presença no areópago digital. Renovo-lhes o convite para o encontro comigo na próxima Jornada Mundial da Juventude em Madrid, cuja preparação muito deve às vantagens das novas tecnologias. Para os agentes da comunicação, invoco de Deus, por intercessão do Patrono São Francisco de Sales, a capacidade de sempre desempenharem o seu trabalho com grande consciência e escrupulosa profissionalidade, enquanto a todos envio a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, Festa de São Francisco de Sales, 24 de Janeiro de 2011.
BENEDICTUS PP. XVI

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgada hoje pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, por ocasião da festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas católicos.
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mensagem do Dia

"É necessário estar vigilante a toda hora, a todo instante." (Padre Pio de Pietrelcina)

Meditação: 7º dia da Semana pela Unidade dos Cristãos

Vivendo a fé da ressurreição

Isaías 60,1-3.18-22: Chamarás as tuas muralhas de Salvação e as tuas portas de Louvor
Salmo 118, 1.5-17: Não, não morrerei, viverei
Romanos 6, 3-11: Pelo batismo nós fomos sepultados com ele em sua morte...a fim de que também nós levemos uma vida nova
Mateus 28, 1-10: Então Jesus lhes disse: não temais
Comentário
A fidelidade dos primeiros cristãos ao ensinamento dos apóstolos e à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações tornou-se possível, sobretudo, pelo vivo poder de Jesus Ressuscitado. Esse poder ainda está vivo, e hoje os cristãos de Jerusalém dão testemunho disso. Sejam quais forem as dificuldades da atual situação em que se encontram – não importa quanto ela se pareça com o Getsemane ou Gólgota – eles sabem, pela fé, que tudo isso é transformado pela verdade da ressurreição de Jesus dos mortos.
A luz e a esperança da ressurreição mudam tudo. Como profetiza Isaías, é a transformação da escuridão em luz; é a iluminação para todos os povos. O poder da ressurreição brilha a partir de Jerusalém, o lugar da Paixão do Senhor, e conduz todas as nações ao seu brilho. Isso é uma nova vida, na qual a violência é abandonada e a segurança é encontrada na salvação e no louvor.
No Salmo temos palavras para celebrar a experiência cristã central de passagem da morte para a vida. Esse é o sinal permanente do firme amor de Deus. Pois, como ensina São Paulo, no batismo entramos no túmulo com Cristo e ressuscitamos com ele. Morremos com Cristo e vivemos para partilhar sua vida ressuscitada. E assim podemos ver o mundo de forma diferente – com compaixão, paciência, amor e esperança – porque em Cristo as lutas presentes nunca podem ser a história toda. Mesmo como cristãos divididos, sabemos que o batismo que nos une é suportar a cruz à luz da ressurreição.
Para o Evangelho cristão essa vida de ressuscitado não é meramente um conceito ou uma idéia que pode ajudar. Está enraizada num evento vivenciado no tempo e no espaço. É esse evento que ouvimos recontado na leitura do Evangelho com grande sentimento de humanidade e drama. De Jerusalém o Senhor Ressuscitado envia saudações a seus discípulos através das eras, nos chamando a segui-lo sem medo. Ele vai à nossa frente.
Oração
Deus, protetor da viúva, do órfão e do estrangeiro – num mundo onde tantos conhecem o desespero, ressuscitaste teu Filho Jesus para dar esperança à humanidade e renovar a terra. Continua a fortalecer e unificar tua Igreja em suas lutas contra as forças da morte no mundo, onde a violência contra a criação e a humanidade obscurece a esperança da nova vida que ofereces. Assim oramos em nome do Senhor Ressuscitado, no poder do Espírito Santo. Amém.

CIDADE DO VATICANO, domingo, 23 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos o comentário aos textos bíblicos e de oração escolhidos para o 7º dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 24 de janeiro.
Este texto faz parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Ecumênico das Igrejas e pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos de Jerusalém.
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O Papa pede aos cristãos que professem a fé e façam o bem em resposta a crise moral


VATICANO, 21 Jan. 11 (ACI) .- Ao receber este meio-dia aos dirigentes e agentes da chefia Polícia de Segurança Pública de Roma, o Papa Bento XVI assinalou que perante a crise da moral e da verdade que afeta a sociedade atual em todos os estratos, os cristãos têm o dever de professar a fé e fazer o bem.

Ao começar seu discurso o Santo Padre disse que as profundas mudanças desta época "criam às vezes uma sensação de insegurança, devido principalmente a precariedade social e econômica, agravada também por uma certa debilitação da percepção dos princípios éticos nos que se funda o direito e das atitudes morais pessoais, que sempre fortalecem esses ordenamentos".

"Com todas as suas novas esperanças e possibilidades, o nosso mundo é atravessado pela impressão de que se tenha diluído o consenso moral e que, portanto, já não consigam funcionar plenamente as estruturas que estão na base da convivência", explicou o Pontífice.

"Aparece em muitos a tentação de pensar que as forças mobilizadas para a defesa da sociedade civil estão destinadas ao fracasso. Ante esta tentação, nós, em particular, que somos cristãos, temos a responsabilidade de encontrar o modo de professar a fé e de fazer o bem".

"No pensamento moderno desenvolveu-se uma visão redutiva da consciência, segunda a qual não há referências objetivas no determinar o que vale e o que é verdadeiro, mas é antes cada indivíduo, com as suas intuições e experiências, a ser o metro de medida. Como se cada um possuísse a própria verdade, uma sua moral", destacou também o Papa.

"A conseqüência mais óbvia é que a religião e a moral tendem a ser confinadas ao âmbito do sujeito, do privado: a fé, com seus valores e seus comportamentos, já não tem direito a um lugar na vida pública e civil. Portanto, se por um lado, dá-se uma grande importância na sociedade ao pluralismo e à tolerância, por outro, a religião tende a ser gradualmente marginada e considerada irrelevante e, em certo sentido, alheia ao mundo civil, como se fosse preciso limitar sua influência na vida humana".

"Pelo contrário, para nós os cristãos, o verdadeiro significado da 'consciência' é a capacidade humana para reconhecer a verdade, e, antes que nada, a oportunidade de escutar sua chamada, de procurá-la e de encontrá-la".

O Papa sublinhou que "as novas provocações de hoje exigem que Deus e o ser humano voltem a encontrar-se, que a sociedade e as instituições públicas reencontrem sua 'alma', suas raízes espirituais e morais, para dar uma nova consistência aos valores éticos e jurídicos de referência e portanto à ação prática".

"O mesmo serviço religioso e de assistência espiritual que, segundo a legislação atual, o Estado e a Igreja se comprometem a proporcionar também ao pessoal da Polícia de Estado, testemunha a fecundidade perene deste encontro".

Finalmente o Papa afirmou que "a vocação única da cidade de Roma requer hoje que os funcionários públicos ofereçam um bom exemplo de interação positiva e frutífera entre a sã laicidade e a fé cristã. Saibam considerar sempre o homem como um fim, para que todos possam viver de modo autenticamente humano. Como Bispo desta cidade, eu gostaria de convidá-los a ler e meditar a Palavra de Deus, para encontrar nela a fonte e o critério de inspiração para sua ação".

Mensagem do Dia

"Cultive com diligência a humildade interior." (Padre Pio de Pietrelcina)

Meditação: 5º e 6º dias da Semana pela Unidade dos Cristãos

Esperança e oração
Dia 5: Partindo o pão na esperança
Êxodo 16, 13b- 21a: É o pão que o Senhor vos dá para comer
Salmo 116, 12-14.16-18: Eu te oferecerei um sacrifício de louvor
1 Coríntios 11, 17-18.23-26:Fazei isto em memória de mim
João 6, 53-58: Este é o pão que desceu do céu
Comentário
Da primeira Igreja de Jerusalém até agora, a "fração do pão" tem sido um ato central para os cristãos. Para os cristãos de Jerusalém hoje, a partilha do pão é sinal tradicional de amizade, perdão e compromisso com o outro. Somos desafiados, nessa fração do pão, a buscar uma unidade que possa falar profeticamente a um mundo marcado por divisões. Esse é o mundo pelo qual, de diferentes maneiras, fomos moldados. Na fração do pão os cristãos são formados de novo pela mensagem profética de esperança para toda a humanidade.
Hoje nós também partimos o pão com coração alegre e generoso; mas também experimentamos, a cada celebração da Eucaristia, uma dolorosa lembrança de nossa desunião. Neste quinto dia da Semana de Oração, os cristãos de Jerusalém reúnem-se na sala superior, o lugar da Última Ceia. Aqui partem o pão em esperança. Aprendemos essa esperança nas maneiras como Deus chega a nós nas agruras dos nossos desgostos. O Êxodo conta como Deus responde aos murmúrios do povo que ele havia libertado, fornecendo-lhes o que precisavam - não mais e não menos. O maná no deserto é um presente de Deus, não para ser acumulado, nem mesmo completamente compreendido. É, como nosso salmo celebra, um momento que pede simplesmente ação de graças - porque Deus "abriu os grilhões".
O que São Paulo reconhece é que partir o pão não significa apenas celebrar a Eucaristia, mas ser um povo eucarístico - tornar-se corpo de Cristo no mundo. Essa breve leitura permanece, em seu contexto (1 Cor 10-11), como um lembrete de como a comunidade cristã deve viver: na comunhão em Cristo, produzindo conduta correta num difícil contexto mundano, guiada pela realidade de nossa vida nele. Vivemos "em memória dele".
Sendo povo da fração do pão, somos povo da vida eterna - vida em plenitude - como nos ensina a leitura de São João. Nossa celebração da Eucaristia nos desafia a refletir sobre como tão abundante dom de vida se expressa no dia a dia, enquanto vivemos na esperança, bem como nas dificuldades. Apesar dos desafios diários dos cristãos de Jerusalém, eles testemunham como é possível se alegrar na esperança.
Oração
Deus da esperança, nós te louvamos pelo dom que nos deste na Ceia do Senhor, onde, no Espírito, continuamos a encontrar teu Filho Jesus Cristo, o pão vivo do céu. Perdoa por não sermos dignos desse grande dom - por nossa vida em divisões, por nosso conluio com as desigualdades, nossa complacência na separação. Senhor, oramos para que apresses o dia em que a tua Igreja possa partilhar em conjunto a fração do pão, e para que, enquanto esperamos esse dia, possamos aprender mais profundamente a ser um povo formado pela Eucaristia para o serviço em benefício do mundo. Oramos em nome de Jesus. Amém.


Dia 6Fortalecidos para a ação na oração

Jonas 2, 1-9: Ao Senhor é que pertence a salvação
Salmo 67, 1-7: Que os povos te rendam graças, ó Deus!
1 Timóteo 2, 1-8: Façam-se preces por todos os homens, pelos reis e todos os
que detêm autoridade
Mateus 6, 5-15: Que venha o teu Reino, que se realize a tua vontade
Comentário
Seguindo-se à devoção aos ensinamentos dos apóstolos e à comunhão fraterna e a fração do pão, a quarto marco da Igreja dos primórdios em Jerusalém é a vida de oração. Ela é percebida hoje como fonte necessária do poder e da força de que os cristãos necessitam em Jerusalém como em outros lugares. O testemunho dos cristãos hoje em Jerusalém nos convida a um reconhecimento mais profundo das maneiras pelas quais enfrentamos situações de injustiça e desigualdade em nossos contextos. Em tudo isso, é a oração que dá força aos cristãos para a missão em conjunto.
Para Jonas, a intensidade de sua oração é seguida da dramática libertação da barriga do peixe. Sua prece é cheia de sentimento, brota do seu próprio senso de arrependimento por ter tentado escapar da vontade de Deus. Ele tinha rejeitado o chamado de Deus à profecia, e acabou num lugar sem esperança. E aqui Deus responde a sua prece com uma libertação para a missão. O salmo nos convida a orar para que a face de Deus brilhe sobre nós - não apenas para nosso benefício mas para que sua lei se espalhe entre todas as nações.
A Igreja apostólica nos recorda que a oração é uma parte da força e do poder da missão e da profecia para o mundo. Aqui a carta de Paulo a Timóteo nos ensina a orar especialmente por aqueles que têm poder no mundo, para que possamos viver juntos em paz e com dignidade. Oramos pela unidade de nossas sociedades e países e pela unidade de toda a humanidade em Deus. Nossa oração pela unidade em Cristo se estende ao mundo inteiro.
Essa vida dinâmica de oração está enraizada no ensinamento do Senhor a seus discípulos. Em nossa leitura do evangelho de Mateus, ouvimos falar da oração como um poder secreto, que não vem de exibição ou bom desempenho, mas de humilde apresentação diante do Senhor. O ensinamento de Jesus é resumido na Oração do Senhor. Fazendo juntos essa oração nos tornamos um povo unido que busca a vontade do Pai e a construção do seu Reino na terra; ela nos chama a uma vida de perdão e reconciliação.
Oração
Senhor Deus, nosso Pai, nos alegramos porque em todos os tempos, lugares e culturas, há pessoas que te buscam em oração. Acima de tudo, te agradecemos pelo exemplo e
ensinamento de teu Filho, Jesus Cristo, que nos ensinou a aguardar em oração a chegada
do teu Reino. Ensina-nos a orar melhor juntos como cristãos, para que possamos sempre
estar conscientes da tua orientação e encorajamento ao longo de nossas alegrias e tristezas,
pelo poder de teu Santo Espírito. Amém.

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 21 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos o comentário aos textos bíblicos e de oração escolhidos para o 5º e 6º dias da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, 22 e 23 de janeiro.
Este texto faz parte dos materiais distribuídos pela Comissão Fé e Constituição, do Conselho Ecumênico das Igrejas e pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. A base do texto foi redigida por uma equipe de representantes ecumênicos de Jerusalém.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Homilia Diária - 21/01/2011 - "JESUS CHAMOU OS QUE ELE QUIS"

HOMILIA

Chamou os que ele quis, para que ficassem com ele e para enviá-los.  Este Evangelho narra o chamado dos doze Apóstolos, palavra de origem grega que significa “enviados”. O número doze evoca as doze tribos de Israel.  O texto começa dizendo que Jesus “subiu ao monte”. É uma expressão com reminiscências bíblicas muito marcantes. Os montes da Bíblia, mais que acidente topográfico, são lugares de teofania, isto é, de presença, revelação e ação de Deus. Por exemplo, o monte Sinai, o monte Horeb, o monte das bem-aventuranças, o da transfiguração. No evangelho de hoje o monte da investidura apostólica. A intenção de Jesus não foi criar um grupo separado do povo, mas guias para a Igreja, o novo Povo de Deus, que ele começava a fundar.
“Chamou os que ele quis.” A vocação é de iniciativa divina. Por que Deus chama a este e não aquele ou aquela, é mistério que não entendemos. O certo é que, para uma missão ou outra, todos somos chamados. E nós somos só somos plenamente felizes se seguirmos o caminho Deus nos chama.
“Chamou-os para que ficassem com ele e para enviá-los.” Primeiro, nós ficamos junto de Jesus, a fim de aprender dele a Boa Nova do Reino de Deus. Primeiro aprender a viver na própria vida aquilo que vamos ensinar ao povo. Os Apóstolos não foram enviados no começo da vida pública de Jesus. Só no final, depois de um bom tempo de convivência e de formação, é que foram enviados. E, mesmo depois de enviados, Jesus os chamava de vez em quando para novas instruções, também para o descanso, a confraternização e a oração juntos. Se não fazemos isso, nós nos esvaziamos. Ninguém dá o que não tem. “Como é bom, como é agradável, os irmãos viverem juntos!” (Sl 133,1). “Deu-lhes autoridade para expulsar demônios.” Quando Deus nos chama, ele nos capacita para que possamos cumprir a missão. Não só nos capacita, mas nos dá meios e recursos necessários.
Para as escolhas de Deus não há lógica humana. O chamado de Deus para nós é irrevogável! Ele vê o coração e faz as Suas escolhas dentro do que é justo e não de acordo com as nossas razões humanas, por isso, Ele escolhe pessoas que aos nossos olhos são incapazes, sem gabarito, despreparadas. Sabemos, porém, que Ele capacita os que não têm capacidade. No trabalho do reino vale mil vezes mais o que temos dentro do nosso coração do que a capacidade intelectual que nós possuímos.
As escolhas do Senhor se dão naturalmente, sem grandes alardes, assim como fez Jesus quando chamou os doze. Jesus aproximou-se de cada um deles, conheceu a sua realidade, a sua história e chamou até quem mais tarde iria traí-lo. Ele não fazia nada para impressionar nem provocar elogios, Ele tinha somente um objetivo: fazer a vontade do Pai para que não se perdesse ninguém. Se Jesus tivesse chamado muita gente, para agradar, ou para fazer justiça aos olhos do mundo, o trabalho do reino não teria sido eficaz. Portanto, Ele chamou aqueles que Ele quis para subir o monte com Ele. Nem todos poderiam subir. A metodologia de Jesus é muito simples e profunda, Ele chamou aqueles que poderiam ficar muito perto de si, gozando da sua intimidade, recebendo um ensinamento partilhado concretamente para que fosse frutuoso e depois eles pudessem lançar sementes em terra boa.
Jesus sabia que na Sua Missão Ele teria que enfrentar dificuldades também com os Seus escolhidos. Sabia que estaria lidando com homens cheios de defeitos, mas mesmo assim não desistiu e foi com eles, até o fim. Esse é um valioso ensinamento para nós quando tivermos que fazer opções e usar critérios de escolha nos nossos empreendimentos. Mas também nós precisamos examinar como é que estamos fazendo as nossas escolhas, principalmente entre as pessoas que caminham junto de nós; quais os critérios que nós usamos quando nos aproximamos de alguém para fazer parte do nosso círculo de amizade; se estamos fazendo algum cálculo racional ou se temos idéias formadas a respeito deles. As nossas amizades são conseqüência dos encontros da nossa vida por isso, precisamos também prestar atenção aonde é que estamos encontrando os “nossos amigos”. Precisamos procurar descobrir com Jesus, na sua Palavra e em oração, qual é a vontade de Deus nas diversas circunstâncias da nossa vida.
Como é o seu critério quando tem que escolher alguém para uma missão específica? Você quer agradar alguém ou ser agradado na sua escolha? Você se revolta quando não é escolhido para um lugar importante ou espera a hora de Deus para você? Como e aonde você tem encontrado “amigos”? Você é capaz de acolher no seu círculo de amizade aqueles que aparentemente não têm nenhum brilho?
Pai, apesar da minha fraqueza, sei que contas comigo para o serviço do teu Reino. Vem em meu auxílio, para que eu seja um instrumento útil em tuas mãos.

3º Domingo do Tempo Comum - Ano A

III DOMINGO DO TEMPO COMUM Leituras: Is 8, 23b – 9,3; 1 Cor 1, 10 – 13.17; Mt 4, 12 -23 / Liturgia da Palavra: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”

Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração

* * *
III DOMINGO DO TEMPO COMUM
Leituras: Is 8, 23b – 9,3; 1 Cor 1, 10 – 13.17; Mt 4, 12 -23
O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam na região escura da morte brilhou uma luz” (Mt 4,16, citando Isaías 9,1).
O violento furacão da prepotência de Herodes e dos caprichos de Herodíades mal tinha apagado a luz e a voz incômoda de João Batista (Mt 4,12; cf Mc 6, 17 – 29), quando uma nova luz mais brilhante e uma voz bem mais potente se levantaram no meio do povo, na “Galiléia dos pagãos”. A Galiléia era a região de Israel mais afetada, ao longo da história, mesmo ainda no tempo de Jesus, pelos sofrimentos da ocupação estrangeira e pagã e pela perda de identidade étnica e religiosa. O lugar menos provável para ali aparecer o Messias, como destaca com ironia Natanael: “De Nazaré pode sair algo de bom?” (cf. Jo 1,46).
Surpreendente estilo de Deus! O Verbo de Deus não só quis se fazer natural de Nazaré, mas, já adulto e fortalecido “com a força do Espírito Santo”, também escolheu a Galiléia e Nazaré como cenário da sua entrada na missão; embora saiba que exatamente a familiaridade com sua vida cotidiana de homem comum, muito, ou melhor, demasiadamente parecida com a dos outros habitantes do povoado e por isso mesmo bem conhecida pelos seus cidadãos, se torne causa de desconfiança e até de agressividade (cf. Lc 4, 16-30). O que impele Jesus a atuar neste lugar marginal e neste estilo solidário é o mesmo Espírito que o compenetrou no batismo no Jordão e o impeliu para o deserto onde enfrentou o adversário, aquele que atrapalha, que desde sempre com suas ilusões de poder procura afastar o homem da sua relação original com Deus.
Jesus não escolhe a cidade santa de Jerusalém, nem o lugar sagrado do seu templo, para iniciar sua missão. Chegará até lá, certo, mas no tempo estabelecido pelo Pai e como meta de um caminho interior que atravessa toda sua vida, como uma geografia espiritual a percorrer. A “subida a Jerusalém”, como sublinha fortemente Lucas, será uma viagem interior antes que transferência para um lugar físico, que o próprio Jesus vai construindo com escolhas sucessivas, amadurecidas no segredo de tantas noites de oração, para realizar a missão recebida pelo Pai.
Neste caminho Jesus introduz paulatinamente e com muita dificuldade os discípulos, que continuam imaginando a própria aventura com o Mestre como possibilidade de realizar sonhos ainda muito humanos (cf. Lc 9, 51. 57-62). O destino do discípulo não pode ser diferente da sorte do mestre, ontem, bem como hoje. Os três anúncios sucessivos da sua morte e de sua Ressurreição que deverá ocorrer em Jerusalém, e as brigas entre os doze sobre quem deveria ser primeiro no reino de Jesus, revelam a pedagogia cuidadosa e forte de Jesus e a dificuldade dos discípulos de entrarem na lógica do Verbo feito carne e do filho do homem que não tem onde apoiar a cabeça. Somente a luz interior, que brotará da dramática experiência da Páscoa e da inteligência despertada pelo Espírito Santo, desvelará aos discípulos o verdadeiro sentido do caminho de Jesus e do seu seguir-lhe.
Esta passagem dos critérios humanos para a inteligência do Espírito continua sendo a lei fundamental do caminho espiritual do discípulo de Jesus, em qualquer tempo, e qualquer seja a modalidade específica com que cada um procure responder ao chamado à santidade seguindo Jesus, como coloca bem em evidência a constituição Lumem Gentium, do Concílio Vaticano II, no capítulo 5º: “Vocação universal à santidade na Igreja”.
A segunda leitura (1 Cor 1,10-13;17), da qual emerge a contraditória situação interna da comunidade de Corinto, por certos aspectos tão rica dos dons do Espírito e tão entusiasta, evidencia quão árduo seja o caminho a percorrer, para se chegar a viver segundo a nova lógica: a da cruz de Cristo e do amor oblativo que ela traz consigo. Junto com a luminosidade da nova criação em Cristo, ficam subsistindo, nos cantinhos mais obscuros da pessoa, as trevas do homem velho, que se recusa a morrer para re-nascer da novidade de Cristo.
Com a escolha da Galiléia como cenário privilegiado do início da sua missão, Jesus escolhe o rumo escuro das contradições e dos sofrimentos do seu povo, espelho da humanidade inteira. Continua atuando na vida cotidiana o processo da sua encarnação e a sua descida nas ambiguidades da experiência humana para ali irradiar sua luz. Se o profeta Isaías (primeira leitura) prometia ao povo de Jerusalém salvação e novo futuro por parte de Deus, enquanto vivia o risco da guerra, Jesus penetra na situação do seu tempo, não menos sofrida, como luz que acende na noite a aurora de um novo dia, anunciando a Boa-nova do reino de Deus.
Ele se aproxima como luz que abre novo caminho à esperança e à novidade que vem de Deus, e como calor que alivia e cura as feridas da vida (Mt 4, 23). Luz que revela e atrai ao amor do Pai, que infunde coragem e suscita amor. Seu lugar não pode ser senão a Galiléia, bela e sofrida, familiar e hostil. Na Galiléia se concentra o mundo inteiro de todos os tempos. E Jesus continua escolhendo-a como sua casa e lugar, onde irradiar luz e gerar novas possibilidades de vida.
O evangelista nos diz que Jesus, com sua escolha pela situação mais complicada e com seu estilo de solidariedade e compaixão para com os necessitados, cumpre o misterioso desígnio de Deus, preanunciado na profecia de Isaías. Deus é fiel às suas promessas; é fiel ao seu cuidado em favor da vida, afim de que as pessoas tenham vida e vida plena, mesmo através das vicissitudes obscuras da vida e da história.
Com o breve aceno a João Batista aprisionado, e colocado no início da atividade de Jesus (Mt 4, 12), Mateus parece já projeta sobre o caminho dele a sombra da cruz. Ela tomará espaço crescente na experiência e no ensino de Jesus, assim como sobre o caminho a ser percorrido pelos discípulos de então e pelo discípulo de todo tempo que se põe no seu seguimento. Então disse Jesus aos discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). A liturgia, desde os primeiros passos do Tempo Comum, nos proporciona, junto com o mistério de Jesus, a vocação e a sorte do discípulo, e indica os eixos essenciais da sua identidade e da sua espiritualidade pascal.
“Daí em diante Jesus iniciou a pregar dizendo: ‘Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo”. Jesus anuncia que uma nova maneira de existir, iluminada pela aliança doada por Deus – o reinado de Deus – está iniciando. Antes, está já presente nele mesmo. Sua pregação, à diferença daquela de João, que pregava a necessidade da conversão em virtude da proximidade do severo juízo de Deus, anuncia que cada um e todos são procurados pela misericórdia de Deus. Sua presença exige uma opção radical: mudar a orientação da própria existência, passando da posição de uma auto-referência, fonte e fruto do pecado e do mal-estar existencial e nas relações humanas, para uma relação de si mesmo, totalmente orientada para Deus e o evangelho pregado por Jesus. Propõe e exige um re-nascer de novo e do alto, para entrar de verdade na novidade de vida que Jesus abre (cf. Jo 3, 3).
João anunciava o aproximar-se do esposo, e como seu amigo ficava contente em poder ouvir e escutar sua voz. Feito tal anúncio, fiel ao mandato recebido, retira-se com alegria, ciente que é necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3, 29 -30). Deixa que até alguns dos seus discípulos mais próximos, solicitados pela sua fala sobre Jesus como o Eleito de Deus, o abandonem para seguirem a Jesus (Jo 2, 34-37).
Alertar com cuidado forte, insistente e ao mesmo tempo materno, cada pessoa para a conversão ao Senhor e apontar a estrada para o encontro direto e pessoal com o próprio Jesus é a vocação e a tarefa da Igreja. Mas é também vocação e tarefa de cada discípulo e discípula de Jesus, em força da unidade com ele gerada pelo batismo.
“Iluminados”, assim eram chamados nos primeiros séculos os batizados em Cristo. Iluminados e chamados a ser luz no mundo, em continuidade e derivação da única fonte da luz, que é o próprio Jesus (cf. Mt 5,14).
Jesus olha com amor a cada um na sua situação concreta de vida. Ele vê o que passa dentro do seu coração. Seu olhar ilumina com a luz de amor, se faz chamado a olhar para ele, se faz chamado a segui-lo. É o que acontece à beira do mar da Galiléia, quando Jesus, andando, vê antes Pedro e seu irmão André e depois Tiago e seu irmão João. Todos estão empenhados no próprio trabalho de pescadores.
Olhos que se encontram; histórias que deste momento para frente se cruzam. Nascem os primeiros discípulos, chamados a partilhar a vida com ele e sua missão, não por própria iniciativa mas pelo olhar amante de Jesus. Arrancados do mar de Galiléia e jogados no grande mar da aventura pessoal de Jesus e da história nova do mundo que com ele está nascendo. Subtraídos à rotina de uma magra pesca de peixe, destinada ao sustento da vida cotidiana de si mesmos e da própria família, e transformados em “pescadores de homens”, junto com ele que está dedicando a si próprio para salvá-los das tempestades da vida sem rumo.
Se em Nazaré Jesus encontrou resistência, nos quatro irmãos pescadores a sua voz encontra uma ressonância imediata e incondicionada. “Jesus disse a eles: ‘Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens’. E eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram... Jesus os chamou. Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram” (Mt 4, 19.21-22).
Chamado por parte de Jesus, escuta atenta, resposta imediata, escolha radical de deixar tudo para trás e entrada no seguimento de Jesus para partilhar sua vida e sua missão: estas são as características do discipulado de Jesus em todo tempo, para cada um.
O Tempo Comum e a vida cotidiana são o tempo e o lugar em que cada pessoa humana, como Pedro e seus companheiros à beira do mar de Galiléia, fica recebendo seu chamado à vida por parte de Deus. A Igreja, comunidade dos discípulos e das discípulas de Jesus, é o espelho simbólico desta relação dialógica de Deus para com cada pessoa, e o lar privilegiado onde cada um de nós pode ficar ouvindo o chamado sempre novo de Jesus a partilhar sua vida e sua missão a serviço do reino de Deus.

SÃO PAULO, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – III do Tempo Comum Is 8, 23b – 9,3; 1 Cor 1, 10 – 13.17; Mt 4, 12 -23 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneo Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical, sempre às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT.