O comportamento de Jesus e a Sua Palavra, ações e preceitos constituem a regra moral da vida cristã. De fato, estas Suas ações e, particularmente, a Sua Paixão e Morte na cruz são a revelação viva do Seu amor pelo Pai e pelos homens. É precisamente este amor que Jesus pede seja imitado por quantos O seguem.
Ao chamar o jovem para O seguir pelo caminho da perfeição, Jesus pede-lhe para ser perfeito no mandamento do amor – no ‘Seu’ mandamento – para inserir-se no movimento da Sua doação total, para imitar e reviver o próprio amor do Mestre ‘bom’, d’Aquele que amou ‘até ao fim’.
É o que Jesus pede a cada homem que quer segui-Lo: “Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). Seguir a Cristo não é uma imitação exterior, já que atinge o homem na sua profunda interioridade. Ser discípulo de Jesus significa tornar-se como Ele, que se fez servo até ao dom de si sobre a cruz. Pela fé, Cristo habita no coração do cristão (cf. Ef 3,17) e, assim, o discípulo é assimilado ao seu Senhor e configurado com Ele.
“O moço, ouvindo essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens”. O moço foi obediente à sua vocação? Não. Antes se retirou triste e pesaroso, porque tinha apego à sua grande fortuna.
Infelizmente, ele tapa os ouvidos à voz de Nosso Senhor, com o coração cheio de tristeza, porque a alegria só é possível quando há generosidade e desprendimento, quando há essa disponibilidade absoluta diante do querer de Deus, que se manifesta em momentos bem precisos da nossa vida e, depois, na fidelidade ao longo dos dias e dos anos.
A tristeza deste jovem leva-nos a refletir. Podemos ser tentados a pensar que possuir muitas coisas, muitos bens deste mundo, pode fazer-nos felizes. No entanto, no caso do jovem do Evangelho, as riquezas se tornaram um obstáculo para aceitar o apelo de Jesus, que o convidava a segui-Lo. Não estava disposto a dizer ‘sim’ a Jesus e ‘não’ a si mesmo, a dizer ‘sim’ ao amor e ‘não’ à fuga!
O amor verdadeiro é exigente. Porque foi Jesus – o próprio Jesus – quem disse: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15, 14). O amor exige esforço e compromisso pessoal para cumprir a vontade de Deus. Significa sacrifício e disciplina, mas significa também alegria e realização humana.
O jovem do Evangelho se afastou tristemente de Cristo Jesus, fonte da verdadeira alegria, para buscar a felicidade nos bens passageiros desta vida. Quanta ilusão!
Infeliz daquele que diz ‘não’ ao Senhor do universo, que tapa os ouvidos ao Seu convite, que “franze a testa” diante de Sua lei e que olha com indiferença para Aquele único Senhor que lhe pode dar a verdadeira alegria. Esse viverá em contínua frustração.
Seguir a Cristo de perto é o nosso ideal supremo. Não queremos retirar-nos da Sua presença como aquele jovem, com a alma impregnada de profunda tristeza por não termos sabido desprender-nos de uns bens de pouco valor, em comparação com a imensa riqueza de Jesus.
Que o Senhor nos ajude com a Sua graça para que, a cada momento, possa contar efetivamente conosco para o que queira e livres de objeções e laços que nos prendam.
Senhor, não tenho outro fim na vida a não ser buscar-Vos, amar-Vos e servir-Vos. Dai-me um coração desprendido de todas as riquezas do mundo. Quero ser como Vós, o puro receber de Deus, para – por amor – tudo dar aos meus irmãos a fim de que tenha como herança a vida eterna.
Padre Bantu Mendonça