terça-feira, 18 de maio de 2010

Relativismo - Parte IV

2. Quais as causas do fenômeno relativista?

Apontaremos cinco causas:

2.1. Filosofia imanentista

Imanência opõe-se a Transcendência. Significa a negação de todo valor que esteja além do alcance da experiência humana. Ora o relativismo contemporâneo é ateu; vê na religião e na Moral católicas um obstáculo e um adversário, pois Deus parece escravizar o homem e a Moral católica parece destinada a tornar o homem infeliz ou cerceado. Como pode o ser humano levar Deus em conta, já que todo tipo de conhecimento não é senão uma “representação” mental e subjetiva?

2.2. O historicismo

O historicismo ensina que “tudo é histórico” ou provisório e variável; o que ontem era importante, hoje deixa de ser tal. Ora a verdade é conhecida e vivida na história, sujeita a contínuas mudanças; ela é “filha do seu tempo”. Tudo o que é verdadeiro e bom é tal unicamente para o seu tempo, e não de modo universal, para todos os tempos e todos os homens. Nenhuma cultura tem o direito de se julgar melhor do que as outras; todos os modos de pensar e viver têm o mesmo direito.

2.3. O contínuo e insaciável progresso

Apesar de todas as dificuldades e hesitações por que passa a ciência, há quem julgue que ela trará ao homem as almejadas respostas; proporcionará um crescente bem-estar, porque desvinculadas de qualquer ligação religiosa ou moral. Tenha-se em vista a teoria da evolução, que deu início à nova concepção da humanidade,... a época das luzes, que sucedeu ao “obscurantismo” medieval... os regimes democráticos, que tomam o lugar do ancien regime ou da monarquia absoluta dos reis...

2.4. O ceticismo

O ceticismo ensina que não há verdades objetivas e normas morais sempre válidas e que, mesmo que as houvesse, o homem não seria capaz de as apreender. Na época moderna, o ceticismo desponta com René Descartes (+ 1650), que propõe a “dúvida metódica” e vai dominando o pensamento posterior sob formas diversas: agnosticismo, empirismo, positivismo de Augusto Comte, fideísmo, “o pensamento fraco” (como dizem).

O relativismo é marcado também pelo ceticismo. A verdade é pragmática, prática: são verdadeiras e válidas as teorias que levam a resultados concretos satisfatórios; se determinada concepção resolve (ao menos aparentemente) um problema concreto, é tida como verídica e ponto de referência para o comportamento humano.

2.5. O utilitarismo

Associado ao ceticismo, o utilitarismo só aceita o que pode ajudar a viver em certo bem-estar aqui e agora. Tal bem-estar é geralmente hedonista, ou seja, avesso ao sacrifício, à renúncia, ao incômodo e tem por programa: “Maximizar o prazer e minimizar a dor”.

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, Osb.
Nº 531, Ano 2006, Página 394