terça-feira, 23 de novembro de 2010

A veneração dos santos através de uma perspectiva bíblica - Parte I

A veneração dos santos através de uma perspectiva bíblica


Começamos em Hebreus 11, versiculo 1: "A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se vêem. Foi por ela que os antigos deram o seu testemunho. Foi pela fé que compreendemos que os mundos foram organizados por uma palavra de Deus. Por isso é que o mundo visível não tem a sua origem em coisas manifestas."

Aí São Paulo começa a citar um por um dos grandes santos da família de Deus do Antigo Testamento começando com o primeiro mártir, Abel, que tinha oferecido um sacrifício aceito por Deus. E depois Henoc e Noé e Abraão, Isac, Jacó e Sara. Depois continua a falar de Abraão, Isac e Jacó, e todo o sofrimento que eles passaram por que a esperança deles não estava na Jerusalém terrena, mas na Jerusalém celeste; não na terra prometida terrena, mas na celeste.

Então no versículo 23 ele fala sobre Moises e tudo o que ele renunciou para ganhar esta herança gloriosa no céu; e da mesma forma, Israel. E depois Raab, a prostituta de Jericó: até mesmo a fé dela é exaltada. Depois Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas que pela fé conquistaram reinos, receberam promessas, deteram as bocas de leões e acabaram com fogueiras devastadoras, escaparam da espada, tiraram fortaleza da fraqueza, tornaram-se poderosos na guerra, fizeram os exércitos inimigos fugir. Todos os grandes feitos são relembrados não só para passar pela história mas principalmente, como você verá, para inspirar uma fé, esperança e amor maiores em nós.

No versiculo 36: "Outros ainda sofreram a provação dos escárnios, experimentaram o açoite, as correntes e as prisões. Foram lapidados, foram serrados e morreram assassinados com golpes de espada. Levaram vida errante, vestidos com peles de carneiro ou pêlos de cabras; oprimidos e maltratados, sofreram privações. Eles, de quem o mundo não era digno, erravam pelos desertos e pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra. E não obstante, todos eles, se bem que pela fé tenham recebido um bom testemunho, apesar disso não obtiveram a realização da promessa. Pois Deus previa para nós algo de melhor, para que sem nós não chegassem à plena realização."

Assim, de certa maneira, o advento de Cristo e da economia da Nova Aliança trouxeram uma benção e glória para estes santos do Antigo Testamento maior do que a que eles receberam quando morreram. Algo novo foi inaugurado quando Cristo ressuscitou, quando ele subiu aos céus e quando subiu ao trono. Ele abriu um novo panorama, uma nova porta, a porta de entrada para o céu, para que seus irmãos viessem pra casa. Nós veremos mais adiante como foi colacado neste reino glorioso no céu tronos e neles estão sentados este grandes santos, bem como os santos da Nova Aliança. E eles são sacerdotes, eles testemunham para servir a Cristo e para rezar em nosso favor.

Mas observe que o autor de Hebreus relembra tudo isto para nos inspirar a seguir o exemplo deles. Isto vai ser uma consideração fundamental para entender a base lógica bíblica para a veneração dos santos. Exemplos heróicos inspiram virtudes heróicas. Vejamos Hebreus 12: "Portanto" (um dos mais básicos princípios interpretativos de estudos biblicos, sempre que aparecer a palavra, "portanto", pergunte a si mesmo o que vem a seguir pois basicamente há um resumo de tudo o que foi dito anteriormente e encerra com uma conclusão prática, especialmente na carta aos Hebreus.)"Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus, que, em vez da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tal contradição por parte dos pecadores, para não vos deixardes fatigar pelo desanimo. Vós ainda não resististes até o sangue em vosso combate contra o pecado. Vós esquecestes a exortação que vos foi dirigida como a filhos?"

E ele continua a falar sobre a disciplina de Nosso Senhor e a castidade e sofrimento que é próprio aos filhos de Deus para amadurecer e crescer. Então no versículo 12: "Por isso, reerguei as mãos enfraquecidas e os joelhos tropegos; endireitai os caminhos para os vossos pés, a fim de que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado."

Todo o quadro em Hebreus 12 é uma grande corrida e quem está na multidão? Todos os santos. E o que eles compõem? Versiculo 1, "uma nuvem de testemunhas". O que se quer dizer com nuvem? Bem, se você fizer um pouquinho de estudo de fundo biblico, esta nuvem é a mesma nuvem que se pode rastrear de volta ao Antigo Testamento. É a a nuvem de glória em que Moisés subiu no Monte Sinai. É a mesma nuvem que cobriu Jesus quando ele ascendeu aos céus diante dos olhos dos discípulos. Esta nuvem de uma certa forma é uma manifestação portátil daquilo que é como estar"movido pelo Espírito" como João no livro do Apocalipse: "No dia do Senhor fui movido pelo Espírito", e esta nuvem de glória agora está repleta de nossos irmãos e irmãs mais velhos. E eles constituem uma nuvem de testemunhas, não é apenas uma nuvem que vai e vem conforme sopra o vento. É uma nuvem que é uma multidão com o objetivo de nos animar.

Quando o time1 joga em casa, as chances são maiores dele ganhar o jogo. Por quê? Porque os seus torcedores estão lá. Você pode dizer que é porque eles conhecem melhor o campo. Pode ser. Mas existe sempre um limite psicológico incrível especialmente em jogos de campeonato.

Sempre se tem uma chance a mais quando se joga em casa. E aqui nós jogamos em casa e tem uma enorme nuvem de testemunhas, todos os nossos familiares mais velhos estão torcendo por nós, nos animando. Você pode ver nas mãos e nos pés destas pessoas que levantam as mãos, que nos animam e nos olham, feridas e cicatrizes, em seus rostos e em suas costas. Você sabe que eles participaram do jogo e estão nos chamando para fazer o mesmo.

E o maior e mais barulhento animador de todos é o próprio Jesus, o pioneiro e o aperfeiçoador de nossa fé, o primogênito entre muitos irmãos e irmãs, conforme nos conta Romanos 8. Todo um estádio está repleto com nossa família. E inspira ardor e coragem, vigor e sacrificio. E sabe o que mais? O autor de Hebreus jamais considera por um segundo sequer argumentar isto. Ele crê e ele pensa que devemos crer também, mas que devemos meditar a respeito e nos inspirarmos.

Agora se os santos não sabem o que nós estamos fazendo, e nós não temos idéia do que eles estão fazendo, ou seja, se não temos nenhum contato, nenhuma comunicação, este tipo de descrição é apenas uma metáfora simplesmente fraca e estranha. Mas não é este o caso. Esta é a realidade espiritual compreendida com os olhos da fé, os olhos que estão abertos para as verdades espirituais desta grande declaração do Credo: "Creio na comunhão dos Santos".

Agora não é só porque todos nós acreditamos na mesma coisa que temos este sentimento bom e real mas sobrenatural de que todos estamos unidos por este laço de confissão doutrinária e culto litúrgico. É muito mais do que isso. É mais do que somente ser um companheirismo de pessoas que pensam da mesma forma. Nós dizemos, "Eu creio no Espirito Santo", e é por isso que cremos na santa Igreja Católica, porque sem o Espirito Santo, nós só seríamos mais uma organização humana. Mas o Espirito Santo - ensina a Igreja - é a alma da Igreja. O Corpo Mistico de Cristo é animado e obtém vida sobrenatural do Espírito Santo. Assim dizemos, "Eu creio no Espirito Santo, na santa Igreja Católica - e o quê mais? - na comunhão dos Santos".

Agora como é que se pode ter comunhão com pessoas com as quais não se tem nenhuma comunicação? Como se pode possivelmente estar em comunhão com pessoas com as quais não partilhamos nada em comum juntos em termos de experiência diária? Eu não estou dizenho que Nosso Senhor nos tenha dito para termos conversações diárias. Certo, algumas pessoas são dotadas de revelações místicas. Mas sempre que alguém disser: "Bem, você está se comunicando com os mortos e isto é pecado julgado pelo Antigo e pelo Novo Testamento porque isto é divinização, isto é feitiçaria ou sei lá o quê", você responde: "Eles não estão mortos. Eles estão mais vivos do que nós. Benditos aqueles que morreram no Senhor". Por quê? Porque suas obras os acompanham ao céu. Os santos do Antigo Testamento tiveram que esperar pelo Messias, mas esta espera já passou. Aqueles santos martirizados estão com Nosso Senhor e com uma multidão, e eles torcem por nós. Nós não precisamos só olhar com fé, mas ouvir com fé.



Fonte: www.veritatis.com.br