A produção da presente encíclica por
nós estudada nesta iniciativa, completa uma tríade por demais oportuna para a
salvação pessoal e comunitária dos crentes: fé, esperança e caridade; por meio
de uma dinâmica interação com Deus por meio do Espírito Santo.
6. O Ano da Fé teve início no
cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. Esta coincidência
permite-nos ver que o mesmo foi um Concílio sobre a fé,[6] por
nos ter convidado a repor, no centro da nossa vida eclesial e pessoal, o
primado de Deus em Cristo. Na verdade, a Igreja nunca dá por descontada a fé,
pois sabe que este dom de Deus deve ser nutrido e revigorado sem cessar para
continuar a orientar o caminho dela. O Concílio Vaticano II fez brilhar a fé no
âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem
contemporâneo. Desta forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em
todas as suas dimensões.
7. Estas considerações sobre a fé — em
continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta
virtude teologal [7] —
pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas
sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um
primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente
agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho,
limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De facto, o
Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a « confirmar os
irmãos » no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para
o seu caminho.
Na fé, dom de Deus e virtude
sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi
oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra
que é Jesus Cristo — Palavra encarnada –, o Espírito Santo transforma-nos,
ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o
percorrermos com alegria. Fé, esperança e caridade constituem, numa
interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com
Deus. Mas, como é este caminho que a fé desvenda diante de nós? Donde provém a
sua luz, tão poderosa que permite iluminar o caminho duma vida bem sucedida e
fecunda, cheia de fruto?