Qual tem sido a
relevância da fé em nossa vida? De que maneira o que cremos interfere
efetivamente em nossas decisões, opções e ideologias? O encontro amoroso com o
Deus vivo, na pessoa de Jesus Cristo, deve gerar em nós uma metanóia na forma
com a qual percebemos as pessoas e as coisas. Como uma mãe, a nossa fé deve nos
indicar a direção, nos levar a dar os passos, nos situarmos no mundo, em meio a
suas crises. E principalmente, nela e por ela, devemos viver o que acreditamos,
tornando concreto em gestos e ações, o amor recebido por Deus e o pleno cumprimento da ordem: “amai-vos uns
aos outros como eu vos amei.
5. Antes da sua paixão, o Senhor assegurava a Pedro: « Eu roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça » (Lc 22,
32). Depois pediu-lhe para « confirmar os irmãos » na mesma fé. Consciente da
tarefa confiada ao Sucessor de Pedro, Bento XVI quis proclamar este Ano da Fé, um tempo de graça que nos tem
ajudado a sentir a grande alegria de crer, a reavivar a percepção da amplitude
de horizontes que a fé descerra, para a confessar na sua unidade e integridade,
fiéis à memória do Senhor, sustentados pela sua presença e pela ação do
Espírito Santo. A convicção duma fé que faz grande e plena a vida, centrada em
Cristo e na força da sua graça, animava a missão dos primeiros cristãos. Nas
Actas dos Mártires, lemos este diálogo entre o prefeito romano Rústico e o
cristão Hierax: « Onde estão os teus pais? » — perguntava o juiz ao mártir;
este respondeu: « O nosso verdadeiro pai é Cristo, e nossa mãe a fé n’Ele ».[5] Para aqueles
cristãos, a fé, enquanto encontro com o Deus vivo que Se manifestou em Cristo,
era uma « mãe », porque os fazia vir à luz, gerava neles a vida divina, uma
nova experiência, uma visão luminosa da existência, pela qual estavam prontos a
dar testemunho público até ao fim.