1ª- Pergunta – Gostaria
de saber se, na sua perspectiva, existem traços típicos que caracterizam as
pessoas que, mais tarde, apresentam sintomas de possessão; ou seja, se, entre
as pessoas por si diagnosticadas como endemoninhadas, existiam anteriormente
comportamentos que as tornavam mais vulneráreis? Ou se a possessão atinge as
pessoas ao acaso. Pergunto-lhe ainda se estes fenômenos de possessão também se
verificam em ateus ou declaradamente ateus. Uma última curiosidade: já li
qualquer coisa a respeito de perturbações especificas ligadas a estes
fenômenos, como, por exemplo, a glossolalia (capacidade de falar em línguas
desconhecidas) ou a levitação. Já observou casos destes?
Resposta
– São várias perguntas interessantes. Começo pela última
curiosidade. Sim, já encontrei fenômenos de pessoas que durante os
exorcismos falavam outras línguas ou línguas estranhas; também presenciei
fenômenos de levitação e de força gigantesca. Mas estes fenômenos sozinhos
não são suficientes para poder se afirmar se o caso é de possessão diabólica; são
necessárias condições especiais e a integração com outros elementos de
avaliação.
Um exorcista está
habituado a ver fenômenos estranhos em grande quantidade e de tal maneira que
se não os tivesse visto não acreditaria neles. Como, por exemplo, pessoas que
durante os exorcismos cospem pregos, vidros, madeixas de cabelos, as mais
variadas coisas.
Ou, então, a
presença, em travesseiros ou colchões, de ferros retorcidos, de cordas com nós,
de trançados muito apertados em forma de terço, de animais ‘pré-históricos’
feitos de material semelhante ao plástico… O caso mais grave que estou
acompanhando é o de uma pessoa de quem o demônio disse que fará vomitar um
aparelho de rádio; já vomitou quase dois quilos de material.
Destaco que os
objetos vomitados se materializam no instante em que saem da boca. Observei
isso claramente num jovem que cuspiu pregos na mão; até o último instante tive
sempre a impressão de que cuspia saliva. Assim se explica por que razão a
pessoa nunca tem danos físicos, mesmo quando cospe pedaços de vidro grosso e
cortante. São fenômenos paranormais. É importante levar em conta a
modalidade; certos objetos que encontramos nos travesseiros são sinais
evidentes de feitiços, ou seja, são resultados de malefícios.
Respondo
agora à primeira pergunta: todas as pessoas podem ser
atingidas pela possessão diabólica de manifestação, principalmente os
descrentes, os ateus, os não praticantes, porque se encontram maisindefesos.
E o exorcista pode
exorcizar quem quer que seja: aos meus serviços, por exemplo, já recorreram
muçulmanos, budistas, pessoas sem qualquer tipo de credo religioso.
Não existem predisposições dependentes, por exemplo, a
fragilidade do sistema nervoso ou a hereditariedade. Pelo contrário, existe
o perigo de que uma pessoa se exponha à possessão diabólica, por exemplo,
freqüentando sessões de invocação dos mortos ou seitas satânicas. É
importante saber que a possessão diabólica não é um mal contagioso: não existe
perigo algum, nem para os familiares, nem para os lugares que freqüentam. Pode
se casar, ter filhos, sem nenhum perigo de contágio. Podemos dizer, de um
modo geral, que o demônio não pode nos fazer nada sem o nosso consentimento.
Por exemplo, veio
me procurar uma moça que, por pura curiosidade, tinha
assistido a uma missa negra. Não conseguia estudar, se concentrar e tinha
crises repentinas de violência, como nunca havia acontecido antes. Neste
caso, a causa era evidente e era uma causa culpável.
A respeito da
culpabilidade, excetua-se o campo dos malefícios, em que agora não me
aprofundarei por ser um campo bastante vasto e que foge do nosso tema
principal. Diga-me se respondi suficientemente a todas as suas questões.
Pessoa que formulou
a pergunta
- Sim,
sinto-me satisfeito. (Esta é sempre a gentil declaração que ouço após as minhas
respostas, por isso, de agora em diante não voltarei a repeti-la. Digo apenas,
com a fraqueza que me é habitual, que encontrei mais interesse e mais crédito
ao falar a estes grupos de psiquiatras, do que quando falo a grupos de
sacerdotes.)