terça-feira, 25 de outubro de 2011

Atitudes curadoras - O elogio não pode ser confundido com a bajulação

Muitos dos nossos erros são reações ao mal que nos fizeram. A compreensão, corretamente manifestada, é um excelente instrumento de cura e restauração. Sem uma palavra de elogio, ninguém tem forças para mudar um comportamento ou corrigir uma atitude.
Quando um apessoa comete um erro, nada a condena mais do que a sua própria consciência. O mais dificil é se perdoar, aceitar-se e redimensionar sua caminhada. As críticas não ajudarão em nada se não forem precedidas de um elogio sincero, honesto, maduro e equilibrado.
A crítica por si só gera frustração, decepção, desânimo e tristeza. O elogio, quando verdadeiro, injeta o ânimo necessário para que se possa refazer a vida. Isso deveria ser a maior função de uma família e uma comunidade: ressaltar valores. Das críticas e acusações, a sociedade já se encarrega.
Há pessoas especializadas nesse ministério encardido. Mas muitos santos, seguindo a pedagogia de Jesus, especialmente em Seus gestos curadores, aprenderam e praticaram o elogio como arma poderosa de cura e restauração.
A exaltação não pode ser confundida com a bajulação. Elogiar é ressaltar as qualidades individuais e precisa coincidir com aquilo que a pessoa já sabe que tem e que está escondido sob a manta do erro. Não adianta querer inventar uma qualidade para enaltecer alguém. Nesse caso, esse alguém logo se percebe enganado e se fecha ainda mais no erro.
O elogio será uma linda gota de cura interior quando refletir um valor da pessoa e reanimá-la a retomar essa qualidade. O enaltecimento é uma palavra de esperança ativa, concreta, possível e realizável.
Infelizmente, essa é uma prática tão remota em nosso meio que, muitas vezes, temos medo do elogio. Quando alguém nos elogia ou ao nosso trabalho, ficamos com o pé atrás, achando que depois, certamente, virá um pedido de ajuda. Por isso, como atitude curadora, o elogio jamais deverá ser acompanhado de um pedido de favor.

Padre Léo, scj

Igrejas Cristãs são oficialmente extintas no Afeganistão.



Relatório do Departamento de Estado sobre liberdade religiosa dos EUA indica que no Afeganistão não tem mais nenhuma igreja cristã aberta para o público, como também nenhuma escola de ensino cristãos.-
O Afeganistão tem visto uma redução na liberdade religiosa na última década, especialmente desde que as tropas americanas têm atuado lá. Embora a última conhecida igreja cristã foi demolida no ano passado, Todd Nettleton com Voz dos Mártires diz: “Eu acho que há um elemento de abertura que talvez não estivesse lá, particularmente durante o tempo em que o Talibã estava no controle, foi um lugar muito difícil de evangelizar, um lugar muito difícil de entrar. “
As conclusões do relatório não é  surpresa. Afeganistão ocupa a terceira posição no Aberto Watch List Doors World, uma compilação dos países onde a perseguição aos cristãos é o pior.
Mais uma vez, citando opiniões negativas sociais e suspeita de atividade cristã e ocidental como as causas por trás da “segmentação de grupos cristãos e indivíduos, incluindo muçulmanos convertidos ao cristianismo”, o relatório observa que “a falta de capacidade de resposta do governo e proteção para esses grupos e indivíduos contribuiu para a deterioração da liberdade religiosa. “
Constituição do Afeganistão declara: “A religião do Estado da República Islâmica do Afeganistão é a religião sagrada do Islã.” Seguidores de outras religiões possam exercer sua fé e os ritos religiosos “dentro dos limites das disposições da lei”. No entanto, o problema é “nenhuma lei pode ser contrária às crenças e provisões da religião sagrada do Islã”.
Devido à força da oposição, Nettleton diz que os cristãos não são de forma imprudente seguir a Cristo: “Há um risco, e nós vimos relatórios no início deste ano de um cristão ser morto; vimos cristãos que haviam sido presos pelo governo afegão porque eles tinham deixado o islã e seguir outra religião “.
A coisa mais importante agora, Nettleton diz, é “orar para os cristãos afegãos terem grande sabedoria, mas também para ter ousadia em compartilhar sobre Jesus Cristo com seus familiares, com os seus amigos, com seus vizinhos.

A Igreja dizia que os negros não tinham alma? A História nega!


São Benedito
Fonte: Cai a farsa.
“ Cada um tinha seu papel e quase todo mundo se respeitava. Naquela época, a Igreja tinha autoridade, e quem não concordava com o que ela dizia morria na fogueira – mesmo que essa Igreja dissesse que índios e escravos não tinham alma e que o sol girava ao redor da Terra. “ (Ed René Kivitz , escritor conferencista e pastor da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo).
ONDE SE ENCONTRA A MENTIRA:
http://www.eclesia.com.br/revistadet1.asp?cod_artigos=426
A VERDADE DOCUMENTAL:
Há uma mera intenção do pastor portador da calúnia acima, em atribuir a Igreja Católica o que foi próprio do protestantismo.
1- Quem queimava pessoas na fogueira era o poder civil, e equivalendo a este, os tribunais protestantes que queimaram Miguel Servet. Que o diga o luterano Benedict Carpzov, que sozinho mandou queimar 20 mil pessoas.
Henry Charles Léa, cita 47 bulas, nas quais a Santa Sé continuamente insiste na jurisprudência que deve se observar nos tribunais eclesiásticos católicos. Alertam para não cair na violência e injustiças freqüentes dos juízes leigos. Basta folhear a monumental obra do próprio Léa, para convencer-se que na realidade as bruxas foram perseguidas e condenadas mais pelos detentores do poder civil e pelos protestantes do que pelo tribunal católico. O tribunal católico apenas periciava católicos envolvidos em heresias. Não tinha relação com outros credos.
2 – Já na carta de Pero Vaz de Caminha se diz que a maior riqueza da terra descoberta (Brasil) “eram as almas dos índios a converter”. Ora, só podia fazer isso por afirmar que eles eram seres humanos dotados de alma imortal.
O Papa Paulo III (1534-1549) na Bula Sublimis Deus, exigiu respeito aos índios e às suas propriedades.
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=historia&artigo=20040916094749&lang=bra

3- A Igreja tem na pessoa do padre Copérnico o responsável pela descoberta do Sistema Heliocêntrico, que pela primeira vez provou matematicamente que a terra gira em torno do sol, isso décadas antes de Galileu nascer. O desprezo protestante a Copérnico e à ciência, ficou documentado nas palavras de Lutero, que dizia:
“O abade Copérnico surgiu, pretendendo que a terra girasse em torno do Sol”… “Lê-se na BíbliaqueJosué deteve o Sol; não foi a Terra que ele deteve. Copérnico é um tolo.” (Funck-Brentano, Martim Lutero, Casa Editora Vecchi, 1956, 2a. ed. Pág. 145).
A razão é a prostituta, sustentáculo do diabo, uma prostituta perversa, má, roída de sarna e de lepra, feia de rosto (sic), joguemos-lhe imundícies na face para torná-la mais feia ainda.”(Funck-Brentano, Martim Lutero, Casa Editora Vecchi, 1956, 2a. ed. Pág. 217).
Rodney Stark, professor de Sociologia e de Religiões Comparadas de Washington, em seu livro “For the Glory of God” mostra que a Igreja Católica, além de ter sido a primeira a se opor à escravatura, foi a força motriz por trás da emergência da ciência moderna.
Agora veja o testemunho de um protestante, confirmando que os protestantes eram quem na verdade, proferiam tais insultos aos negros e os privavam da benção divina:
“Na mesma época, o Baptist Record, uma publicação do Estado do Mississippi, publicou um artigo que defendia a idéia de que Deus queria os brancos governando sobre os negros porque ‘uma raça cuja inteligência média beira a estupidez’ está obviamente ‘privada de qualquer bênção divina’. Se alguém questionasse essa doutrina claramente racista, os pastores saíam com o expediente infalível da miscigenação (mistura de raças), que alguns especulavam ser o pecado que havia levado Deus a destruir o mundo nos dias de Noé. A simples pergunta ‘você quer que sua filha traga para casa um namorado negro?’ silenciava todos os argumentos raciais.” (pp. 25,26). Retirado do site: http://www.portalevangelico.pt/noticia.asp?id=2638
Por outro lado, veja em sua biografia como agia o invasor protestante Maurício de Nassau, no período em que governou Pernambuco:
<<25 de junho de 1637. Devido a falta de escravos para os engenhos de cana de açúcar, fugidos por causa da guerra entre holandeses e portugueses, Nassau envia uma expedição de nove navios para a Guiné, na África, sob comando do coronel Hans van Koin, para trazer mais negros para Pernambuco.
30 de maio de 1641. Tendo convencido os dirigentes da Cia. Das Índias de que era mais vantajoso atacar Angola, por conta dos escravos, do que a Bahia, Nassau envia uma força de invasão à África com 20 navios e mais de 4.000 homens>>. http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1290.html
A Igreja Católica desde o início, numa prova inconteste de que sempre promoveu a igualdade e a liberdade dos escravos onde chegou, tem o orgulho de já ter sido liderada por um ex-escravo, o Papa S. Calisto, do ano 217, liberto, muito antes da abolição da escravatura.
Não confundir escravatura promovida por alguns maus portugueses no Brasil, com “escravatura promovida pela Igreja Católica”. A Igreja Católica sempre condenou essa prática junto aos imperadores, como veremos mais abaixo.
Como poderia a Igreja, como mentem os enganadores, menosprezar os negros, se entre tantos santos negros, que enriquecem sua hagiografia desde os primeiros séculos, estão os santos negros: S. Maurício, Sta. Mônica, Sta. Efigênia, S. Antônio de Cartageró, S. Elesbão, S. Benedito, S. Serapião, S. Fulgêncio, Sta. Pérpétua e Sta. Felicidade, S. Adriano, S. Moses, S. Menas do Egito, S. Atanásio, S. Marcelino de Cartago, S. Nicolau, Sta. Bakita, S. Frumencio, S. Pacômio, S. Eugenio de Cartago, S. Antão, S. Cipriano, S. Martinho de Lima (“mestiço”), S. Pedro Claver, Sta. Sara Kali, Sta. Maria-Clémentine Blessed Anuarite Nengapeta, S. Timóteo, Sta. Maura, S. Daudi Okelo, S. Jildo Irwa, S. Metódio Domenico Trcka?
Como poderia a Igreja menosprezar os negros se a imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil foi produzida em terracota pelos escravos? Falta bom senso aos caluniadores, traficantes de escravos do passado, que hoje, depois da abolição da escravatura pelos católicos, querem “salvar” as almas dos negros porque trazem algum dinheiro no bolso.
O Concílio de Nicéia (ano 325), o primeiro que a Igreja realizou, afirma que escravos haviam sido admitidos ao sacerdócio.
Ainda hoje, resiste ao tempo as maravilhosas Igrejas Católicas dedicadas ao povo negro, quando eram escravizados e discriminados pela burguesia.
Em uma Carta do Papa João VIII, datada de setembro de 873 e dirigida aos Príncipes da Sardenha, ele diz:
“Há uma coisa a respeito da qual desejamos admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito; por instituição dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos, que os mantêm em servidão. Ora consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados, esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo; a quem assim proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas almas” (Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio dos Símbolos e Definições nº 668).
O Papa Pio II, em 7 de outubro de 1462, condenou o comércio de escravos como magnum scelus(grande crime).
O Papa Pio VII (1800-1823) enviou uma Carta ao Imperador Napoleão Bonaparte da França, em protesto contra os maus tratos a homens vendidos como animais, onde dizia:
“Proibimos a todo eclesiástico ou leigo apoiar como legítimo, sob qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar ou ensinar em público ou em particular, de qualquer forma, algo contrário a esta Carta Apostólica”(citado por L. Conti, “A Igreja Católica e o Tráfico Negreiro”, em ‘O Tráfico dos Escravos Negros nos séculos XV-XIX”. Lisboa 1979, p. 337).
O mesmo Sumo Pontífice se dirigiu a D. João VI de Portugal nos seguintes termos:
“Dirigimos este ofício paterno à Vossa Majestade, cuja boa vontade nos é plenamente conhecida, e de coração a exortamos e solicitamos no Senhor, para que, conforme o conselho de sua prudência, não poupe esforços para que… o vergonhoso comércio de negros seja extirpado para o bem da religião e do gênero humano”.
Pio VII também muito se empenhou para que no Congresso Internacional de Viena (1814-15) a instituição da escravatura fosse condenada e abolida.
O famoso bispo de Chiapa, na América, Frei Bartolomeu de las Casas (1474-1566), levantou-se em defesa dos índios contra sua escravidão. No início do século XVI o dominicano Domingos de Minaja viajou da América Espanhola a Roma, a fim de relatar ao Papa Paulo III (1534-1549) os abusos ocorrentes com relação aos índios. Em conseqüência, o Pontífice escreveu a“Veritas Ipsa” (1537), onde condena Bula a escravidão:
“O comum inimigo do gênero humano, que sempre se opõe as boas obras para que pereçam, inventou um modo, nunca dantes ouvido, para estorvar que a Palavra de Deus não se pregasse as gentes, nem elas se salvassem. Para isso moveu alguns ministros seus que, desejosos de satisfazer as suas cobiças, presumem afirmar a cada passo que os índios das partes ocidentais e meridionais e as mais gentes que nestes nossos tempos tem chegado à nossa notícia, hão de ser tratados e reduzidos a nosso serviço como animais brutos, a título de que são inábeis para a Fé católica, e, com pretexto de que são incapazes de recebê-la, os põem em dura servidão em que têm suas bestas, apenas é tão grande como aquela com que afligem a esta gente. Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios a todas as mais gentes que aqui em diante vierem a noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos a servidão”.
Neste texto, merece atenção especial a menção de índios e “das mais gentes”, que são os africanos. A uns e outros Paulo III quer defender. Por isto acrescenta:
“Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão”.
Essa Bula de Paulo III teve grande efeito, tanto assim que a 30 de julho de 1609 El-Rey promulgou lei que abolia por completo a escravidão indígena: “Declaro todos os gentios daquelas partes do Brasil por livres, conforme o direito e seu nascimento natural, assim os que já foram batizados e reduzidos a nossa Santa fé católica, como os que ainda servirem como gentios, conforme a pessoas livres como são”.
Aos 24.4.1639 o Papa Urbano VIII (1623-1644) publicou o Breve “Commissum Nobis”, incutindo a liberdade dos índios da América. No seu Breve, o Papa ordenava, sob pena de excomunhão reservada ao Pontífice, que ninguém prendesse, vendesse, trocasse, doasse ou tratasse como cativos os índios da terra. Dispunha ainda que a ninguém seria lícito ensinar ou apregoar o aprisionamento dos mesmos. Por causa disso, revoltaram-se os colonos no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Santos e no Maranhão. Os Jesuítas foram perseguidos, sendo expulsos de São Paulo, Santos e do Maranhão, para onde só puderam voltar tempos depois.
Por outro lado, o segundo bispo do Brasil, D. Pedro Leitão (1559-1573), assinou aos 30.7.1566 na Bahia, com o Governador Mem de Sá e o Ouvidor Dr. Brás Fragoso, uma junta em defesa dos índios; defendia-os contra os abusos dos brancos e dava maior apoio aos aldeamentos instaurados pelos jesuítas.
O famoso Pe. Antônio Vieira (1608-1697), por vezes considerado por maus intencionados como aliado dos senhores da terra contra os escravos, na verdade assumiu posição de censura aberta aos patrões. Disse ele:
“Saibam os pretos, e não duvidem, que a mesma Mãe de Deus é Mãe sua… porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um mesmo corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres”(Sermão XIV).
“Nas outras terras, do que aram os homens e do que fiam e tecem mulheres se fazem os comércios: naquela (na África) o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende e compra. Oh! trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh! mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias e as riscos são das próprias! “ (Sermão XXVII).
“Os senhores poucos, e os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome, os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros, os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses. /…/ Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem como os nossos? Não respiram com a mesmo ar? Não os cobre o mesmo. céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que as domina, tão cruel?”. (Sermão XXVII sobre o Rosário, in Sermões, vol 12, Porto, 1951, p.333-371)
Na Bula “Immensa Pastorum”, de 1741, o Papa Bento XIV (1740-1758) condenou a escravidão.
O Papa Gregório XVI (1831-1846) em 3.12.1839 disse: “Admoestamos os fiéis para que se abstenham do desumano tráfico dos negros ou de quaisquer outros homens que sejam “.
O Papa Leão XIII (1878-1903), disse na Carta “In Plurimis”, em 5.5.1888 aos bispos do Brasil:
“E profundamente deplorável a miséria da escravidão a que desde muitos séculos está sujeita uma parte tão pequena da família humana”.
O papel da lgreja frente à escravatura preparou a libertação dos escravos, assinada finalmente em 13/05/1888 pela Regente, católica fervorosa, Princesa Isabel. A fim de comemorar este evento, o Papa Leão XIII enviou à Princesa, a Rosa de Ouro, sinal de distinção e benevolência de Sua Santidade.
Na cidade de Goiana – PE, está uma imagem belíssima de Nossa Senhora do Rosário, doada pela Princesa Isabel a Igreja Católica, por promover a liberdade e a inclusão social dos negros escravos, antes mesmo da Lei Áurea. (Catálogo Turístico, Descubra as Raízes de Pernambuco pág. 40).
Já dizia Jesus: “a boca fala do que lhe transborda do coração” (Mateus 12, 34).
Para ver o próprios protestantes afirmando que eram eles que vendiam, traficavam e marcavam a ferro quente no peito, os escravos com nomes de suas “Sociedades” (igrejas) acesse:http://www.oecumene.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=65544
Para ver todo o desrespeito empregado pelos protestantes ao Povo Negro, e convocação feita pelo Sr. Hernani Francisco da Silva, Presidente da Sociedade Cultural Missões Quilombo à todas as Igrejas protestantes a pedirem perdão pelo desrespeito, preconceito, escárnio e tráfico deste povo, acesse:http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=20880
Se você for a Minas Gerais, poderá visitar em Ouro Preto, a Igreja de Santa Efigênia, que era dedicada aos escravos e ex-escravos, e na qual se veneravam especialmente os santos de raça africana em pleno período do Brasil império. Há dessas Igrejas em grande parte dos primeiros estados brasileiros.
Estas Igrejas Católicas dedicadas ao povo negro, foram construídas entre 1570 e 1820 englobando todo o período que os protestantes traficavam e marcavam a ferro quente os africanos.
Na minha cidade natal, Goiana-PE, fundada em 1570, a Igreja do Rosário dos Pretos, foi construída 4 anos antes do que a do Rosário dos Brancos.
O próprio prelado São Nicolau (304-345) o primeiro Papai Noel da história, foi um santo negro católico, que presenteava crianças na noite de Natal. Não faria isso se convivesse com os protestantes.

Bibliografia utilizada neste artigo:

Revista “Pergunte e Responderemos”, D. Estevão Bettencourt: N. 448/1999 – pg. 399-409; Nº 318 – Ano 1988 – Pág. 509; N. 267/1983, pp. 106-132; N. 274/1984, pp. 240-247.
Terra, João Evangelista Martins, “A Igreja e o Negro no Brasil”. Ed. Loyola 1983.
Benedict Carpzov, Practica Nova Rerum Criminalium Imperialis Saxonica in Três Partes -Divisão, Wittenberg, 1635.
Henry Charles Léa, A History of the inquisition of the Middle Ages, 3 vols. Nova Yorque, Happer, 1888, principalmente vol. I, pp. 137ss; tradução de Salomon Reinach, Historie de L’Inquisition au Moyen-Áge. Ouvrage traduit sur l’exemplaire revu et corrigé de l’auter, 3 vols., Paris, 1900-2 vol. 3.
Bíblia, Igreja e Escravidão. Coordenador João Evangelista Martins Terra S. J. Ed. Loyola 1983.
Carvalho, José Geraldo Vidigal, « A Escravidão. Convergências e Divergências”. Ed. Folha de Viçosa, 1988.
Carvalho, José Geraldo Vidigal, “A Igreja e a Escravidão. As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos”. Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro, 1988.
Balmes, Jaime, “A Igreja Católica em face da Escravidão”, São Paulo 1988.
Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br
Autor: Fernando Nascimento

Homilia Diária - 25.10.2011 - "Abra-se à simplicidade e à beleza do Reino do Céu"

Jesus usava os exemplos mais simples possíveis. Em outra passagem, chega a dizer que explicava essas coisas em parábolas a fim de confundir os doutores, justamente porque eles não tinham contato com coisas simples como plantar sementes, preparar massa de pão ou de bolo. Então, eles tinham mais dificuldade de entender e, às vezes, se confundiam.
Hoje, Jesus se desafia. “Com que poderei comparar o Reino dos Céus?” Primeiro, Ele o compara com o homem que lança uma semente de mostarda no seu jardim. A semente gera uma árvore que os pássaros do céu fazem ninhos em seus galhos. Qualquer pessoa simples daquela época sabia que a semente de mostarda é a menor dentre todas as sementes, mas que gera uma árvore enorme. E o que isso tem a ver com o Reino dos Céus? Veja que comparação linda: o homem que atirou a semente é o próprio Jesus, a semente é o Evangelho, o terreno é o nosso coração e a árvore que vai crescendo, a partir daquela semente, é a nossa vida, é próprio Reino dos Céus onde as aves fazem ninho. As crianças de todas as idades se aconchegam onde as pessoas vêm colher frutos para saciar sua fome de Deus, onde tantos vêm descansar à sua sombra quando estão cansados. E mesmo quando vem o lenhador e corta os seus galhos ou até o seu tronco, a árvore exala perfume sobre o machado que a feriu, mas não morre antes de espalhar novas sementes pelo mundo afora.
A segunda comparação foi com o fermento que se mistura com três porções de farinha até que tudo fique fermentado. Jesus entendia até de cozinha! Quem cozinha sabe que não é só jogar o fermento e pronto! Existe todo um processo para fazer ele penetrar na massa.
Eu fico imaginando aquelas mulheres quando iam preparar o pão, fazendo as analogias a cada gesto durante a preparação. A farinha é o nosso ser e o fermento é o amor. Enquanto a massa vai sendo misturada com o fermento, ela precisa ser batida, amassada e remodelada para que o fermento se misture e fique igualmente distribuído em toda a massa, para que, no momento de ir ao fogo, o pão resista ao calor e cresça por igual.
Nós também precisamos ser amassados e remodelados para que o amor preencha todas as áreas da nossa vida. Enquanto houver áreas sem fermento, será preciso amassá-la e sovar um pouco mais, até que o fermento do amor entre nela. Tudo isso para que, no momento de ir ao fogo, o nosso pão cresça por igual sem áreas deformadas pela falta do fermento.
Você deve ter observado que essa reflexão ficou grande, mas poderia ter ficado ainda maior pela beleza e riqueza deste Evangelho. Jesus também se desafiaria para encontrar uma comparação interessante, com algo que você está habituado a ver no seu cotidiano, só para fazê-lo entender o que é o Reino dos Céus e desejar – com todas as forças – fazer parte dele.
Senhor, faça com que eu seja instrumento de Seu Reino para que ele chegue a todas as pessoas, sem exceção, principalmente aos pobres e marginalizados.
Padre Bantu Mendonça

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

30º Domingo do Tempo Comum – Ano A - Liturgia da Palavra: "Dois mandamentos, um só amor"

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A
Dois mandamentos, um só amor
Leituras: Ex 22, 20-26; 1 Ts 1, 5c-10; Mt 22,34-40




“Mestre, qual é o maior mandamento da lei?”
Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão [na linguagem semítica “odiar” equivale a“não amar”], é um mentiroso: pois quem não ama seu irmão, a quem vê, a Deus, a quem não vê, não poderá amar.” (1 Jo 4, 20)
As palavras cortantes do “discípulo a quem Jesus amava”, não deixam dúvidas nem ilusões: o irmão é o “sacramento” no qual Deus se torna visível e tangível, aqui e agora. Nele se encontra Deus a cada dia e em cada momento e situação da vida. Quem não reconhece a Deus no irmão e não o ama, partilhando de suas necessidades e promovendo sua dignidade, ilude a si mesmo e talvez os demais, mas não pode enganar a Deus: é um mentiroso!
O amor é como a linfa vital que brota da única raiz, e se estende até os pormenores dos ramos e às folhas mais longínquas da árvore; do contrário, os ramos morrem e não dão frutos. O amor é como o sangue impelido pelo coração até as menores veias do corpo para alimentá-lo; em caso contrário, os órgãos fenecem. O amor, que é participação à própria vida de Deus, ou abrange num único abraço a Deus, a si mesmo e o irmão, ou se torna uma força que destrói a vida! Um amor dividido e limitado é uma mentira em relação às potencialidades que traz consigo, enquanto dom divino ao homem e à mulher.
Infelizmente os letrados que conhecem tão bem a letra da Torá, não estão procurando a verdade para crescer na qualidade da própria vida, mas armando armadilhas para experimentar e provocar dificuldade a Jesus. É o perene e sempre atual paradoxo dos que se aproximam de Deus não para viver, mas para desculparem-se a si mesmos e para não mudar de vida. “Mestre qual é o maior mandamento da lei?”. Pergunta não inusual dos discípulos aos mestres da lei, nas escolas de Israel. A resposta de Jesus, não fica nas nuvens das discussões acadêmicas familiares entre os letrados, mas aponta diretamente para o caminho da vida.
Se o homem, à causa da sua interioridade conflituosa, tem tendência a dividir e contrapor, Jesus, o “homem novo”, plenamente unificado em si mesmo e fonte de unidade, prospecta um horizonte de unidade e um caminho de responsabilidade. Segundo a narração de Lucas, ao fariseu que o interroga e lembra a proximidade dos mandamentos do amor a Deus e ao próximo, Jesus dá uma resposta lapidária: “Respondeste corretamente; faze isto e viverás” (Lc 10, 28-29). A atitude de Jesus retoma uma temática descrita no livro dos salmos: “Com o homem puro, tu és puro, com o astuto, tu és prudente”. (Sl 18,26)
Jesus, o Verbo encarnado do Pai, na fragilidade da sua condição de filho do carpinteiro e natural da desprezada cidadinha de Nazaré, nos revela o Pai e constitui o único e autêntico caminho que conduz à Ele. Do mesmo modo, o irmão e a irmã, sobretudo os que se encontram em maior fragilidade, nos fazem tocar com nossas mãos e nos revelam o próprio Jesus. É ele mesmo que neles é honrado, servido, ou desprezado: “Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e recolhestes... Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes... Em verdade vos digo: todas as vezes que o deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25, 31-46).
O mistério da encarnação do Verbo de Deus continua atual, ao passar da pessoa de Jesus de Nazaré para os pobres; assim como a atuação do amor que transforma os corações das pessoas e a história, este continua a operar na pessoa de Jesus através dos que, nele permanecendo como os ramos na videira, produzem os frutos da vida nova. “Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34).
A memória do amor de Jesus até o dom da própria vida, se torna memória que subverte as situações ambíguas, cultivadas pela falsa religiosidade e a espiritualidade desencarnada, que separam o suposto amor a Deus do efetivo amor aos irmãos. Tal memória denuncia a separação da sua nascente que é o exemplo pascal de Jesus e o Espírito que ele derramou da cruz, e que participamos por graça nos sacramentos da iniciação cristã.
Quando Jesus, na última ceia, partiu e distribuiu o pão aos discípulos, acompanhando o gesto com as palavras “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória” (Lc 22,19), ele não se limitou a instituir simplesmente um “novo rito”, o rito da nova páscoa, mas entregou aos discípulos a “nascente perene” da existência nova, a ser construída nas recíprocas relações do dia a dia, e o “modelo divino” a testemunhar e difundir para uma nova humanidade. 
Eis como João, a partir da experiência pessoal do amor sem limites recebido de Jesus, sintetiza o horizonte de vida radicalmente novo, inaugurado por Jesus com a sua morte por amor, participado aos discípulos com a efusão do Espírito Santo, e entregue a eles como “mandamento novo”, que qualifica a aliança “nova” estipulada no seu sangue derramado por amor. “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,34-35; cf 15,12-14).
Da experiência do amor recebido e da capacitação por ele gerada, nasce a entrega do mandamento novo e a possibilidade de cumpri-lo, não como obrigação de uma lei exterior, mas como resposta à uma vocação que vem do interior , e como vida que segue e imita o exemplo do Senhor: Depois de ter lavado os pés aos discípulos com a humildade do escravo e o amor de uma mãe, Jesus acrescenta: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (Jo 13, 15). 
Esta conformação interior a Cristo na sua páscoa é graça, e não fruto dos nossos esforços. Por isso a Igreja pede com humildade e confiança: “Ó Deus, que os vossos sacramentos produzam em nós o que significam, a fim de que um dia entremos em plena posse do mistério que agora celebramos” (Oração depois da comunhão).
À luz do exemplo de Jesus, os dois preceitos do Deuteronômio e do Levítico: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” (Dt 6,5), e“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,18), não podem em nenhuma maneira ficar divididos. Em realidade, é na radical unidade recíproca destes que se realiza o projeto de vida de Deus, manifestado através da Torá e dos profetas. Paulo, com uma fórmula ainda mais lapidária, sintetiza assim a vida nova dos batizados em Cristo: “Não devais nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois o que ama o outro cumpriu a lei... Portanto a caridade é a plenitude da lei” (Rm 13, 8-10. cf Gl 5,13.15).
A leitura do Êxodo nos orienta para a mesma direção. A memória sagrada da experiência da libertação da escravidão do Egito, por iniciativa gratuita de Deus, funda a possibilidade e a exigência que para que Israel assuma, na organização da vida social, o mesmo estilo de atenção e de cuidado em relação aos mais necessitados e frágeis, como são as viúvas, os estrangeiros os pobres “Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. Não façais mal algum à viúva nem ao órfão” (Ex 22, 20-21). Deus está sempre da parte dos oprimidos e dos pobres: “Se os maltratardes, gritarão para mim, e eu ouvirei seu clamor” (Ex 22, 22). Assim fez Deus ao ouvir o clamor do seu povo sofrido na escravidão (cf. Ex 3, 7-8).
Hoje em dia, continua a levantar-se o grito de tantas pessoas oprimidas em muitas maneiras, mesmo nos direitos mais elementares da dignidade humana, nos países pobres, nos países em desenvolvimento, assim como nos países mais ricos.
Na Europa a atitude prevalente em relação aos imigrantes dos países mais pobres, é o medo e a recusa. Aos que conseguem entrar, muitas vezes são reservadas condições de escravidão e de abandono. O Papa Bento XVI tem repetido que a solução das violentas crises financeiras e econômicas atuais, passa para a necessária mutação do parâmetro do proveito como critério absoluto da economia, para o da solidariedade.
Também o Brasil, no processo de uma acelerada transformação, continua experimentando a marginalização de milhões de pessoas. O evangelho de hoje nos diz que como cristãos não podemos nos justificar, dizendo que tudo isso é problema que pertence aos profissionais da vida social e política. Cada um é chamado a iniciar de si mesmo, a se fazer “próximo” para os que se encontram no caminho cotidiano da sua vida, como fez o “bom samaritano:” Vai, e também tu, faze o mesmo” (Lc 10, 37).
O sofrimento dos pobres é um grito que se eleva ao Senhor, e interpela também nossa consciência de cristãos e cristãs, para um empenho de promoção da justiça e da partilha mais justa dos recursos culturais, sociais, econômicos, espirituais. Nossas celebrações da páscoa de Jesus nos domingos, poderiam cair sob a acusação de “Mentira” por parte de Jesus, se não nos procuramos sair do nosso interesse individual, para nos abrir ao serviço do Senhor na pessoa humana em que está impressa a imagem de Deus.
Paulo, na segunda leitura contempla com alegria as maravilhas operadas pela Palavra recebida com fé por parte dos tessalonicenses, que sob o impulso transformador do Espírito, tem assumido um estilo de vida moldado pelo exemplo do apóstolo e do próprio Jesus. Nesta maneira eles se tornaram “evangelho vivente” que continua se espalhando em toda a Macedônia e a Ásia (1 Ts 1,6- 8). Esta é também hoje a maneira mais eficaz para testemunhar e divulgar a “boa nova” de Jesus e de participar à “nova evangelização” à qual o papa Bento XVI está convidando todos os cristãos e as cristãs, com a promulgação do “Ano da fé” a se realizar no 2012-2013.  “Assim vos tornastes modelo para todos os fieis da Macedônia e da Ásia” (1 Ts 1,7).
O convite de Jesus a anunciar a boa nova é sempre atual, e o empenho para uma resposta generosa e criativa com a graça e o vigor do Espírito, sempre novo. Esta é a nossa páscoa que nos aproxima sempre mais ao cumprimento do reino de Deus, que nestes últimos domingos do ano litúrgico, a Igreja celebra como o horizonte central da própria fé e da própria esperança, movida pelo único amor a Deus e aos homens que anima seu coração de mãe. 
“Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais, para conseguirmos o que prometeis. Por Cristo nosso Senhor” (Oração do dia).

Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração
SÃO PAULO, quinta-feira, 20 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos o comentário à Liturgia da Palavra do 30° domingo do Tempo Comum – Ex 22, 20-26; 1 Ts 1, 5c-10; Mt 22,34-40 –, redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo Pontificio Ateneu Santo Anselmo (Roma), Dom Emanuele é monge beneditino camaldolense.

A Resposta Católica: "Culto aos santos e suas imagens" - Padre Paulo Ricardo

Por que há pouca participação de fiéis nas igrejas?


As ausências na igreja podem provir de motivos circunstanciais





É fato conhecido que a frequência de fiéis aos atos litúrgicos dominicais se apresenta de maneira muito diferenciada de um lugar para outro. Há aquelas regiões onde as igrejas estão sempre cheias aos domingos. Por isso elas têm mais facilidade para manter os trabalhos pastorais, ter boa catequese, erigir belas igrejas, despertar muitas vocações sacerdotais. "Uma só coisa peço ao Senhor: habitar em sua casa por toda a minha vida" (Sl 27,4).

Já em outras regiões, há muitas atividades civis no Dia do Senhor, mas, nas igrejas, só aparecem uns "gatos pingados". Nelas, há muita dificuldade em cumprir qualquer plano pastoral, os templos são desleixados, não há catequese e, no seu horizonte, não desponta nenhuma vocação sacerdotal nem líder religioso. Sempre fui curioso para descobrir por que algumas pessoas, apesar de serem convictamente católicas, raramente frequentam a igreja. "Vou propor-vos um enigma" (Jz 14,12).

As 4 razões poderiam ser estas, acrescidas de melhores explicações por parte de quem enxerga mais longe.
1 – As ausências à igreja poderiam provir de motivos circunstanciais, como estado de saúde precária, grave cansaço, distância, perigos de vida;
2 – Os serviçais da Liturgia são dirigidos por pessoas muito difíceis de lidar, o padre é muito temperamental, não existe esforço por parte de ninguém para melhorar o canto ou não há criatividade; só se percebe mesmice sem entusiasmo;
3 - Percebe-se uma solerte influência inibidora de religiões que não buscam a oração comum. Sua tradição está distante da vida comunitária. Os espiritualistas promovem atos de caridade – o que é louvável –, mas não estimulam seus membros a se reunir e prestar culto a Deus. Eles não ensinam isso aos católicos, mas essa mentalidade passa, "por osmose", onde sua presença é muito forte;
4 – O último motivo chega até a ser polêmico, mas muito real. Algumas pessoas não têm vida ilibada, podem ser mentirosos, injustos, devassos, infiéis no casamento, promotores de discórdia ou falhos na sua fé.

Tudo isso numa graduação diversificada. Tais pessoas não se sentem à vontade entre cristãos que querem praticar justamente o contrário. Ficar longe de tal comunidade é a tendência mais normal. "Os injustos não permanecem de pé junto da assembléia dos justos" (Sl 1,5). Você concorda? Ou podem existir mais razões?
D. Aloísio Roque Oppermann scj
domroqueopp@terra.com.br

A Virtude da Obediência


Precisamente em 1990, esteve no Rio de Janeiro, como principal conferencista do Curso para Bispos realizado no Sumaré, o então Cardeal Josef Ratzinger, hoje Papa Bento XVI. Sua reflexão versou sobre o tema “O Múnus petrino no final do milênio diante dos problemas da Igreja”. Ao fazê-lo, ele se revelou um homem afável, dotado de uma inteligência privilegiada, envolvida pela simplicidade. Sabia ouvir paciente e atentamente os questionamentos. A busca sincera da verdade foi o fundamento de um diálogo fecundo. Apresentou as exigências da subordinação à verdade doutrinária, de modo profundamente humano.

Lembrava João Paulo II em sua Mensagem aos Bispos participantes do curso: “Procurem indentificar-se cada vez mais com a iniludível exigência, no âmbito da fé, de manter uma constante comunhão intereclesial afetiva e efetiva com esta Sede Apostólica, Coluna e fundamento da Verdade e Princípio visível da unidade”.

Esta constatação fez-me pensar como às vezes se está perdendo – até mesmo em alguns ambientes eclesiais – a dimensão sobrenatural da virtude da obediência, em espírito verdadeiramente evangélico. Essas sombras se tornam mais lamentáveis quando vemos multidões, inclusive de jovens, acorrerem ao Papa para ouvi-lo, por onde passa. Encontra-se com os não-católicos que reverenciam nele a força moral posta a serviço dos homens, da cultura, do bem-comum, da civilização; e, em certos meios eclesiásticos, causa estranheza perceber restrições veladas às diretrizes do Santo Padre.

Importa lembrar que a virtude da obediência é parte integrante na vida do cristão. Este, iluminado pela Fé, vê no Sucessor de Pedro e em seu próprio Bispo não apenas o homem, mas o próprio Cristo que eles representam. Essa atitude tem sua tradução teológica na ideia de “communio”, comunhão que une todos os discípulos de Jesus, pela adesão à Igreja. Ela está sob o pastoreio do Colégio Apostólico, cuja cabeça é Pedro, dos Bispos com e sob o Papa, para usar a expressão conciliar.

Esta dimensão sobrenatural da obediência transcende a simples dimensão humana. Por isso, quando tomo conhecimento de comentários desairosos ou apreciações restritivas a quem serve o Papa, no cumprimento da missão que lhe foi confiada pelo Senhor, fico a pensar se ainda há espírito de Fé em tais pessoas. Conservam o nome de “católicas”, mas pergunto, diante de certas posições, se ainda permanece intacto o conteúdo ou foi alterado por ideologias ou outros elementos contrários à Cruz de Cristo.

Que dizer do relativismo que se insinua sempre mais fortemente em meios eclesiásticos, entre Sacerdotes e na vida religiosa? A obediência, há quem o afirme, deve primeiro passar pelo crivo da própria opinião, do discernimento pessoal. O critério não é mais a verdade objetiva, é o meu próprio eu.

Tal mentalidade errônea, fortalecida pela omissão dos que se recolhem para evitar atritos, provoca não apenas uma falta de submissão ao Magistério, mas uma resistência aos legítimos Pastores, para espanto dos leigos fiéis. Os exemplos estão aí, bem como seus frutos de rebeldia insana que escandaliza os bons, afasta os débeis e dificulta a difusão do Evangelho.

É tempo de recuperarmos a virtude da obediência. É preciso voltar a ouvir, no íntimo da nossa consciência, a voz de Cristo: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, é a mim que despreza” (Lc 10, 16).

Retomando os textos do Concílio Vaticano II, tão citado, pouco conhecido e nem sempre devidamente aplicado, o Código de Direito Canônico recorda o dever dos cristãos: “Não assentimento de Fé, mas religioso obséquio de inteligência e vontade deve ser prestado à Doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos Bispos, ao exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a Fé e os costumes, mesmo quando não tenham a intenção de proclamá-la por ato definitivo; portanto, os fiéis procurem evitar tudo o que não esteja de acordo com ela” (cânon 752).

Essa atitude de assentimento pleno à autoridade no interior da Igreja, fruto da virtude da obediência, traz consigo muitas consequências. Elas são uma decorrência natural da verdadeira vida cristã. A renúncia às próprias opiniões em matéria relacionada ao Credo e à Moral, inaceitável a quem não professa o Evangelho, faz parte de nossa opção de fé. Afirma a citada mensagem do Papa aos Bispos: “Assim se poderá dar aquela resposta evangélica às situações e desafios de nossa época, conseguindo instaurar, onde quer que seja, a civilização da Verdade e da Vida, bem como de justiça, de paz e de amor”.

Pode, aos de fora da comunidade eclesial, parecer estranho tal atitude. E devem ser respeitados em sua maneira de ver. Entretanto, Cristo não nos deu uma Doutrina conforme a mentalidade do mundo. Aos que seguem tais correntes de pensamento, compreendo seja ininteligível o ensinamento do Mestre. O que não se entende é alguém afirmar-se fiel e proceder de modo contrário.

Nas palavras do hoje Bento XVI, “a principal preocupação de todo o cristão há de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor. ‘Se o Batismo é um verdadeiro ingresso na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial’” (Discurso na Igreja da Santíssima Trindade, Fátima, Portugal, a 12 de maio de 2010).

“A Igreja precisa de um clero não secularizado, que não sucumba às modas passageiras nem aos costumes do mundo”.



O Prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano, o Cardeal Mauro Piacenza, explicou em entrevista exclusiva concedida ao grupo ACI a “crise” do sacerdócio católico que os meios seculares pretendem apresentar, assim como o que cada presbítero deve viver para ser fiel à sua vocação.
Pelo seu cargo, o Cardeal Piacenza é o principal encarregado na Santa Sé, depois do Papa, de promover iniciativas para a santidade e a formação do clero: sacerdotes diocesanos e diáconos. Também se encarrega da formação religiosa de todos os fiéis, especialmente da catequese. E tem ademais um trabalho menos conhecido de conservar e administrar os bens temporais da Igreja.
O Cardeal Piacenza nasceu no dia 15 de setembro de 1944 em Gênova na Itália. Foi ordenado sacerdote no dia 21 de dezembro de 1969. Tem um doutorado em direito canônico. Foi designado Presidente da Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja em 13 de outubro de 2003 e recebeu a ordenação episcopal no dia 15 de novembro desse mesmo ano.
Foi nomeado secretário da Congregação para o Clero e elevado à dignidade de Arcebispo no dia 7 de maio de 2007. Em seguida foi nomeado Prefeito da mesma Congregação no dia 7 de outubro de 2010 tendo sido criado Cardeal em 20 de novembro desse mesmo ano.
A seguir publicamos na íntegra a entrevista exclusiva concedida  na cidade de Los Angeles (Estados Unidos) onde o Cardeal Piacenza realizou diversas atividades, e entre elas, um encontro com os sacerdotes diocesanos desta diocese, a maior do país norte-americano.
Uma conjunção de fatos e de sobreexposição na imprensa secular criou uma “crise”, por assim dizê-lo, da imagem do sacerdote católico. Como resgatar esta imagem para o bem da Igreja?
Cardeal Piacenza: Na teologia católica, imagem e realidade jamais se separam. A imagem é curada ao curar a interioridade. Devemos curar sobre tudo “por dentro”. Não devemos preocupar-nos muito por “aparentar por fora”, mas por “ser realmente”. É fácil individualizar as regras que movem ao exterior e os conseguintes interesses entrecruzados; nós não devemos jamais esconder-nos, mas, onde seja necessário, devemos reconhecer com humildade e verdade os erros, com a capacidade de reparar, seja humanamente, seja espiritualmente, confiando mais no Senhor que nas nossas pobres forças humanas.
Assim vem o resgate! Se o sacerdote for aquilo que deve ser: homem de Deus, homem do sagrado, homem de oração e, por isso, totalmente ao serviço dos demais homens, da fé deles, do seu bem autêntico e integral, seja espiritual ou material, e do bem da comunidade como tal.
Como fazer que tantos católicos desiludidos que vêem o chamado “escândalo sexual” da Igreja entendam que isto não define em absoluto o sacerdócio ministerial nem a Igreja?
Cardeal Piacenza: É humanamente compreensível, como o Santo Padre referiu na entrevista durante o vôo da sua última viagem apostólica à Alemanha, que alguns possam pensar que não podem reconhecer-se em uma Igreja na qual acontecem certos atos infames. Entretanto, o próprio Papa, naquela ocasião, convidava com claridade a ir ao fundo da natureza da Igreja, que é o Corpo vivente de Cristo ressuscitado, que prolonga no tempo sua existência e ação salvífica.
O horrível pecado de alguns não deslegitima o bom proceder de muitos, nem muda a natureza da Igreja. Certamente debilita enormemente sua credibilidade e, por isso, estamos chamados a obrar incessantemente pela conversão de cada um e por aquela radicalidade evangélica e fidelidade, que sempre devem caracterizar um autêntico Ministro de Cristo. Recordemos que para ser verdadeiramente acreditáveis é necessário crer verdadeiramente.
Alguns acreditam que esta “crise” seja ainda um argumento mais para as “reformas exigidas” sobre o modo de viver o sacerdócio. Fala-se, por exemplo, de sacerdotes casados como uma solução tanto para a solidão dos sacerdotes como para a falta de vocações sacerdotais. O que significa verdadeiramente a “reforma do clero” no pensamento e magistério do Santo Padre Bento XVI?
Cardeal Piacenza: Se aqueles que argumentam isto fossem seguidos, criariam um crack inaudito. Os remédios sugeridos agravariam terrivelmente os males e seguiriam a lógica inversa do Evangelho. Fala-se de solidão? Mas por quê? Acaso Cristo é um fantasma? A Igreja é um cadáver ou está viva? Os Santos sacerdotes dos séculos passados foram homens anormais? A santidade é uma utopia, um assunto para poucos predestinados, ou uma vocação universal, como nos recordou o Concílio Vaticano II?
Não se deve baixar e sim elevar o tom: esse é o caminho. Se a subida for árdua devemos tomar vitaminas, devemos reforçar-nos e, fortemente motivados, sobe-se com muita alegria no coração.
Vocação significa “chamada” e Deus segue chamando, mas é necessário poder escutar e, para escutar, é necessário não ter as orelhas tampadas, é necessário fazer silêncio, é necessário poder ver exemplos e sinais, é necessário olhar a Igreja como o Corpo, no qual ocorre sempre o acontecimento do Encontro com Cristo.
Para ser fiéis é necessário estar apaixonados. Obediência, castidade no celibato, dedicação total no serviço pastoral sem limite de calendário ou de horário, se estamos realmente apaixonados, não são percebidos como constrições, mas como exigências do amor que constitutivamente não poderia não doar-se. Não são tantos “nãos” mas um grande “sim” como aquele da Santa Virgem na Anunciação.
A reforma do clero? É o que eu invoco desde que era seminarista e logo um jovem sacerdote (falo dos anos 1968 -1969) e me enche de alegria escutar como o Santo Padre invoca continuamente tal reforma como uma das mais urgentes e necessárias na Igreja. Mas recordemos que a reforma da qual se fala não é “mundana” e sim católica!
Acredito que, em uma extrema síntese, pode-se dizer que o Papa considera muito importante um clero seguro e humildemente orgulhoso da própria identidade, completamente identificado com o dom de graça recebido e pelo qual, conseguintemente, seja clara a distinção entre “Reino de Deus” e mundo. Um clero não secularizado, que não sucumbe às modas passageiras nem aos costumes do mundo.
Um clero que reconheça, viva e proponha a primazia de Deus e, de tal primazia, saiba fazer descender todas as conseqüências. Mais simplesmente a reforma consiste em ser o que devemos ser e procurar cada dia chegar a ser o que somos. Trata-se então de não confiar tanto nas estruturas, nas programações humanas, mas sim e sobre tudo na força do Espírito.
Fala-se com freqüência também do “sacerdócio feminino”. De fato existe nos Estados Unidos um movimento que pretende e exige o sacerdócio e a ordenação de bispas mulheres, e que afirmam ter recebido tal mandato dos sucessores dos Apóstolos.
Cardeal Piacenza: A Tradição Apostólica, neste sentido, é de uma claridade absolutamente inequívoca. A grande e ininterrupta Tradição eclesiástica sempre reconheceu que a Igreja não recebeu de Cristo o poder de conferir a ordenação às mulheres.
Qualquer outra reivindicação tem o sabor da auto-justificação e é, histórica e dogmaticamente, infundada. Em qualquer sentido, a Igreja não pode “inovar” simplesmente porque não tem o poder para fazê-lo neste caso. A Igreja não tem um poder superior ao de Cristo!
Onde vemos comunidades não católicas guiadas por mulheres, não devemos nos maravilhar porque onde não é reconhecido o sacerdócio ordenado, a guia obviamente é confiada a um fiel leigo e, em tal caso, que diferença existe se esse fiel for homem ou mulher? A preferência de um sobre outro seria só um dado sociológico e portanto mutável, em evolução. Se fossem apenas homens então seria discriminador. A questão não é entre homens e mulheres mas entre fiéis ordenados e fiéis leigos, e a Igreja é hierárquica porque Jesus Cristo a fundou assim.
O Sacerdócio ordenado, próprio da Igreja Católica e das Igrejas Ortodoxas, está reservado aos homens e isto não é discriminação à mulher mas simplesmente conseqüência da insuperável historicidade do evento da Encarnação e da teologia paulina do corpo místico, no qual cada um tem seu próprio papel e se santifica e produz fruto em coerência com o próprio lugar.
Se logo depois tudo isto for interpretado em chave de poder, então estamos completamente fora do caminho, porque na Igreja só a Beata Virgem Maria é “onipotência suplicante”, como nenhum outro o é, pelo qual uma mulher é bastante mais poderosa que São Pedro. Mas Pedro e a Virgem têm papéis diferentes e ambos essenciais. Eu escutei muito isto também em não poucos ambientes da Comunhão anglicana.
Do ponto de vista das cifras e da qualidade, como aparece a Igreja Católica hoje, em comparação com seu passado recente, e como se vê no futuro?
Cardeal Piacenza: Em geral, a Igreja Católica está crescendo no mundo, sobre tudo graças à enorme contribuição dos continentes asiático e africano. Essas jovens Igrejas aportam sua fundamental contribuição em ordem à frescura da fé.

Nas últimas décadas –se me concede a expressão– estivemos jogando rugby com a fé, colidindo, e às vezes machucando-nos muito, e ao final ninguém chegou a lugar nenhum. Houve e há problemas na Igreja, mas é necessário olhar para frente com grande esperança! Nem tanto em nome de um ingênuo ou superficial otimismo, mas em nome da magnífica esperança que é Cristo, concretizada na fé cada um, na santidade de cada um e na perene autêntica reforma da Igreja.
Se o grande evento do Concílio Ecumênico Vaticano II foi um vento do Espírito que entrou pelas janelas da Igreja abertas ao mundo, é necessário reconhecer que, com o Espírito, entrou também não pouco vento mundano, gerou-se uma corrente e as folhas voaram pelos ares. Está tudo, nada se perdeu, entretanto é necessário, com paciência, voltar a pôr ordem.
Ordena-se sobre tudo afirmando com força o primado de Cristo Ressuscitado, presente na Eucaristia. Há uma grande batalha pacífica a ser feita e é a da Adoração eucarística perpétua, para que o mundo inteiro faça parte de uma rede de oração que, unida ao Santo Rosário, vivido como ruminação dos mistérios salvíficos de Cristo, junto a Maria, seja gerado e desenvolvido um movimento de reparação e penetração.
Sonho com um tempo próximo no qual não exista uma só diocese na qual não haja uma igreja ou pelo menos uma capela na qual dia e noite se adore o Amor sacramentado. O Amor deve ser amado! Em cada diocese, e melhor ainda se também em cada cidade e povoado, houvesse mãos elevadas ao céu para implorar uma chuva de misericórdia sobre todos, próximos e longínquos, então tudo mudaria.
Recordam o que acontecia quando Moisés tinha as mãos elevadas e o que acontecia quando as deixava cair? Jesus veio para trazer o fogo e seu desejo é que arda em todo lugar para exista a civilização do amor.
Este é o clima da reforma católica, o clima para a santificação do clero e para o crescimento de santas vocações sacerdotais e religiosas, este é o clima para o crescimento de famílias cristãs verdadeiras igrejas domésticas, eis o clima para a colaboração de fiéis leigos e clérigos.
Sim, porém é preciso acreditar em tudo isto verdadeiramente e nos Estados Unidos sempre houve e ainda há muitos recursos prometedores. Adiante!
Imprimir | Favoritos |Compartilhar

A Cruz e o Crucifixo




 por FULTON J. SHEEN
A primeira questão a ser introduzida na história do mundo e a qual nos trouxe tanta dor e inimizade foi: "POR QUE?".
Satanás foi o primeiro a levantar essa questão... "Mas por que Deus proibiu-lhes de comer do fruto de todas as árvores do Jardim?" (cf. Gn 3,1). Desde aquele dia até hoje nossas pobres mentes já formularam muitos "por quês", mas nenhum tanto quanto esse: "Por que existe a dor no mundo? Por que as pessoas tem que sofrer tanto? Por que a alegria é tão pouca e o sofrimento tanto?"
Esse problema da dor tem um símbolo e o símbolo é a cruz. Mas por que seria a cruz o símbolo perfeito do sofrimento? Porque ela é feita de duas barras: uma horizontal e outra vertical. A barra horizontal é a barra da morte... é como a linha da morte nos eletro-encefalogramas: reta, prostrada. A barra vertical é a barra da vida: erecta, de pé, inclinada para o alto. O cruzamento de uma barra sobre a outra significa a contradição entre a vida e a morte, entre a alegria e o sofrimento, sorriso e lágrimas, prazer e dor, nossa vontade e a vontade de Deus.
O único modo de se fazer uma cruz é sobrepor a barra da alegria sobre a barra do sofrimento. Em outras palavras: nossa vontade é a barra horizontal, enquanto a vontade de Deus é a barra vertical, na medida em que nós sobrepomos nossos desejos e nossas vontades contra a vontade de Deus, formamos assim uma cruz. Desse modo, a cruz se torna o símbolo da dor e do sofrimento.
Todavia, se a cruz é o símbolo perfeito do problema da dor, o Crucifixo então é a sua solução. A diferença entre a cruz e o Crucifixo é Cristo. Uma vez que Nosso Senhor, que é por si só o Amor, sobe na cruz, Ele nos revela como o amor pode ser transformado pelo amor num alegre sacrifício, como aqueles que semeiam em lágrimas podem colher com alegria, como aqueles que choram podem ser confortados, como aqueles que sofrem com Ele podem também reinar com Ele e como aqueles que carregam suas cruzes por uma breve Sexta Feira da Paixão possuirão a felicidade por um eterno Domingo de Ressurreição. O Amor é o ponto de intersecção onde a barra horizontal da morte e a barra vertical da vida reconciliam-se na doutrina de que toda a vida vem através da morte.
É aqui que a solução de Nosso Senhor se diferencia de todas as outras soluções para o problema da dor... até mesmo daquelas pseudo-soluções que se mascaram sob o nome de "cristãs". O mundo tenta resolver o problema da dor de duas maneiras: ou negando-o ou tentanto torná-lo insolúvel. O problema da dor é negado por um peculiar processo de auto-hipnotismo que costuma inculcar nas pessoas a idéia de que a dor é imaginária. Tenta-se torná-lo insolúvel através de uma tentativa de fuga e por essa razão o homem moderno sente que é melhor pecar do que sofrer. Nosso Senhor, ao contrário, não nega a dor e nem tenta escapar dela. Ele a encara e ao agir assim Ele nos prova que o sofrimento não é alheio nem mesmo ao Deus que se fez homem.
Vemos assim que a dor desempenha um papel definitivo na vida. É sem dúvida um fato marcante que nossas sensibilidades são mais desenvolvidas para a dor do que para o prazer e nossa capacidade de sofrer excede nossa capacidade de alegrarmo-nos. O prazer cresce até chegar a um ponto de saciedade e nós sentimos que se passasse daquele ponto se tornaria uma verdadeira tortura. A dor, ao contrário, continua crescendo e crescendo mesmo quando já choramos "o bastante". Ela atinge um ponto em que nós sentimos que não poderíamos mais suportar e ela vai se descarregando até matar.
Eu penso que o motivo pelo qual nós possuímos mais capacidade para a dor do que para o prazer é porque talvez Deus pretendia que aqueles que levam uma vida moral correta deveriam beber até a última gota do cálice da amargura aqui nesse mundo porque no Céu não existe mais amargor. Por outro lado aqueles que são moralmente bons nunca gozam o máximo do prazer aqui embaixo porque sabem que uma felicidade muito maior os aguarda no Céu. Mas deixando de lado as conjecturas, seja lá qual for a razão, a verdade que permanece é que na cruz Nosso Senhor demonstra um tipo de Amor que não pode tomar outra forma quando é contraposto ao mal, senão a forma de dor.
Para vencer o mal com o bem, uma pessoa deve sofrer injustamente. A lição do Crucifixo então é que a dor nunca pode ser separada ou isolada do amor. O Crucifixo não significa dor; significa sacrifício. Em outras palavras, ele nos diz em primeiro lugar que dor é sacrifício sem amor e em segundo, que sacrifício é dor com amor.
Primeiro, dor é sacrifício sem amor. A Crucifixão não é a glorificação da dor pela dor. A atitude cristã da mortificação algumas vezes é mal interpretada como sendo uma idealização da dor... como se nos tornássemos mais agradáveis a Deus quando sofremos do que quando nos alegramos.
Não! A dor em si mesma não possui nenhuma influência santificante! O efeito natural da dor é nos individualizar, centralizar nossos pensamentos em nós mesmos e fazer de nossa enfermidade o pretexto pra tudo quanto é conforto e atenção. Todas as aflições do corpo, tais como penitências e mortificações em si mesmo não tendem tornar o homem melhor. Aliás, frequentemente tornam o homem pior. Quando a dor é divorciada do amor ela leva o homem a desejar que os outros estejam como ele está, ela o torna cruel, cheio de ódio, amargura. Quando a dor não é santificada, ela deixa cicatrizes, queima todas as mais finas sensibilidades da alma deixando-a brutalmente desfigurada. Dor como simples dor então não é um ideal: torna-se uma maldição quando é separada do amor, pois ao invés de tornar uma alma melhor a torna pior.
Agora contemplemos o outro lado da figura. A dor não é pra ser negada e nem pra fugirmos dela. É pra ser encarada com amor e vivida como sacrifício. Analise sua própria experiência e verá que muitas vezes seu coração e mente lhe dizem que o amor é capaz de superar de algum modo seus sentimentos naturais acerca da dor, que algumas coisas que poderiam parecer dolorosas tornam-se alegria quando você percebe que podem beneficiar o próximo.
Em outras palavras, o amor pode transformar a dor em sacrifício agradável, o que é sempre uma alegria. Se você perde por exemplo, uma certa quantidade de dinheiro, tal perda não poderia ser aliviada pela compreensão de que talvez aquele dinheiro foi encontrado por uma pobre alma que tinha mais necessidade do que você? Se sua cabeça está latejando de dor e seu corpo extenuado por uma noite de vigília ao lado da cama de seu filho doente, não seria essa dor aliviada pelo pensamento de que foi através desse amor e devoção que aquela criança conseguiu superar a enfermidade? Você jamais poderia ter sentido aquela alegria e nem ter tido a mínima idéia do tamanho do seu amor se você tivesse se negado a fazer aquele sacrifício. E se o seu amor não estivesse presente, então aquele sacrifício teria sido apenas dor, incômodo e aborrecimento.
A verdade gradualmente emerge quando percebemos que a nossa profunda felicidade consiste no sentimento de que o bem ou benefício do próximo foi conquistado através do nosso sacrifício. O motivo por que a dor é amarga é porque não temos ninguém para amar e por quem nós deveríamos sofrer. O amor é a única força do mundo que pode tornar a dor suportável e a faz mais do que suportável ao transformá-la na alegria do sacrifício.
Agora, se a escória da dor pode ser transformada no ouro do sacrifício pela alquimia do amor, então daí se segue que nosso amor se torna mais profundo, a sensação de dor diminui e cresce nossa alegria no sacrifício. Mas não podemos esquecer que não existe amor maior do que o amor Daquele que entregou Sua própria vida por Seus amigos. Portanto, quanto mais intensamente nós amarmos os Seus santos propósitos, quanto mais zelosos formos por Seu Reino, quanto mais devotados formos pela maior Glória de Nosso Senhor e Salvador, mais nos alegraremos em qualquer sacrifício que possa trazer uma só alma para seu Sacratíssimo Coração. Tal é o motivo pelo qual São Paulo se gloriava em suas enfermidades e alegrias e que os Apóstolos se alegravam quando podiam sofrer por Jesus por quem eles tanto amavam.
Não é de se admirar que os maiores santos sempre disseram que a melhor e maior das graças que Deus havia concedido-lhes era o mesmo privilégio concedido ao seu Divino Filho: ser usado e sacrifícado por uma causa mais elevada. Nada poderia dar-lhes maior satisfação do que renovar a vida de Cristo em suas próprias vidas, cobrir seus corpos com os mesmos sofrimentos sofridos por Cristo em Sua dolorosa Paixão. O mundo tenta eliminar a dor. O Crucifixo a transforma através do amor recordando-nos que a dor vem do pecado enquanto o sacrifício vem do amor e que não há nada mais nobre do que o sacrifício.
O Mundo não pode dispensar o Cristo em Sua Cruz. Eis o motivo porque o mundo é triste: por que se esqueceram de Cristo e da Sua Paixão. E quanto desperdício de dor há neste mundo! Quantas cabeças que padecem dos mais diversos tipos de dor sem jamais terem se unido à Cabeça coroada de espinhos pela Redenção do mundo; quantos pés latejam de dor sem jamais terem se aliviado pelo amor Daquele cujos pés subiram descalços a colina do Calvário; quantos corpos feridos existem que não conhecem o amor de Cristo por eles. Esses não conhecem o amor que pode aliviar suas dores. Quantos corações que sofrem e padecem porque não possuem aquele amor do Sacratíssimo Coração; quantas almas que só conseguem enxergar a cruz ao invés do Crucifixo! Almas que possuem dor sem sacrifício, almas que nunca aprendem que é pela falta de amor que a dor cresce, almas que perdem a alegria do sacrifício porque não sabem o que é amar. Oh! Quão doce é o sacrifício daqueles que sofrem porque amam o Amor que sacrificou-se por eles numa cruz. Apenas para essas almas é possível compreender os santos propósitos de Deus, apenas aqueles que caminham pela noite escura são capazes de contemplar as estrelas.
Publicado originalmente no site AgnusDei depois incorporado ao Veritatis Splendor. Tradução de Gercione Lima.