sexta-feira, 25 de março de 2011

As duas faces do amor: ‘eros’ e ‘ágape’ Primeira pregação de Quaresma do padre Raniero Cantalamessa


Pe. Raniero Cantalamessa
Primeira prédica de Quaresma
AS DUAS FACES DO AMOR: EROS E ÁGAPE
1. As duas faces do amor
Com as prédicas desta Quaresma, eu gostaria de continuar o esforço, iniciado no Advento, de trazer uma pequena contribuição à reevangelização do Ocidente secularizado, que constitui nesta hora a preocupação principal de toda a Igreja e, em particular, do Santo Padre Bento XVI.
Há um âmbito em que a secularização age de maneira especialmente difusa e nefasta, e é o âmbito do amor. A secularização do amor consiste em separar o amor humano de Deus, em todas as formas desse amor, reduzindo-o a algo meramente “profano”, onde Deus sobra e até incomoda.
Mas o amor não é um assunto importante apenas para a evangelização, ou seja, para as relações com o mundo. Ele importa, antes de todo o mais, para a própria vida interna da Igreja, para a santificação dos seus membros. É nesta perspectiva que se situa a encíclica Deus caritas est, do Papa Bento XVI, e é nela que nós também nos colocamos para estas reflexões.
O amor sofre de uma separação nefasta não só na mentalidade do mundo secularizado, mas também, do lado oposto, entre os crentes e, em particular, entre as almas consagradas. Poderíamos formular a situação, simplificando ao máximo, assim: temos no mundo um erossem ágape; e entre os crentes, temos frequentemente um ágape sem eros.
O eros sem ágape é um amor romântico, mas comumente passional, até violento. Um amor de conquista, que reduz fatalmente o outro a objeto do próprio prazer e ignora toda dimensão de sacrifício, de fidelidade e de doação de si. Não é preciso insistir na descrição desse amor, porque se trata de uma realidade que temos todo dia diante dos nossos olhos, propagandeada com estrondo pelos romances, filmes, novelas, internet, revistas. É o que a linguagem comum entende, hoje, com a palavra “amor”.
Para nós é mais útil entender o que significa ágape sem eros. Na música, existe uma diferenciação que pode nos ajudar a ter uma ideia: a diferença entre o jazz quente e o jazz frio. Eu li certa vez essa caracterização dos dois gêneros, mas sei que não é a única possível. O jazz quente (hot) é o jazz apaixonado, ardente, expressivo, feito de ímpetos, de sentimentos e, portanto, de improvisações originais. O jazz frio (cool) é o profissional: os sentimentos se tornam repetitivos, o estro é substituído pela técnica, a espontaneidade pelo virtuosismo.
Com base nessa distinção, o ágape sem eros é um “amor frio”, um amar parcial, sem a participação do ser inteiro, mais por imposição da vontade do que por ímpeto íntimo do coração. Um entrar num cenário predefinido, em vez de criar um próprio, realmente irrepetível, como irrepetível é cada ser humano perante Deus. Os atos de amor voltados para Deus parecem aqueles de namorados desinspirados, que escrevem à amada cartas copiadas de modelos prontos.
Se o amor mundano é um corpo sem alma, o amor religioso praticado assim é uma alma sem corpo. O ser humano não é um anjo, um espírito puro; é alma e corpo substancialmente unidos: tudo o que ele faz, amar inclusive, tem que refletir essa estrutura. Se o componente humano ligado ao tempo e à corporeidade é sistematicamente negado ou reprimido, a saída será dúplice: ou seguir adiante aos arrastos, por senso de dever, por defesa da própria imagem, ou ir atrás de compensações mais ou menos lícitas, chegando até os dolorosíssimos casos que estão afligindo atualmente a Igreja. No fundo de muitos desvios morais de almas consagradas, não é possível ignorá-lo: há uma concepção distorcida e retorcida do amor.
Temos, então, um duplo motivo e uma dupla urgência de redescobrir o amor na sua unidade original. O amor verdadeiro e integral é uma pérola encerrada entre duas conchas que são o eros e o ágape. Não podem ser separadas, essas duas dimensões do amor, sem destruí-lo, como o hidrogênio e o oxigênio não podem ser separados sem se privarem da água.
2. A tese da incompatibilidade entre os dois amores
A reconciliação mais importante entre as duas dimensões do amor é prática. É aquela que acontece na vida das pessoas, mas, para ser possível, ela precisa começar pela reconciliação entre o eros e o ágape inclusive teoricamente, na doutrina. Isto nos permitirá conhecer finalmente o que é que se entende por estes dois termos tão comumente usados e subentendidos.
A importância da questão nasce do fato de existir uma obra que popularizou em todo o mundo cristão a tese oposta da inconciliabilidade das duas formas de amor. É o livro do teólogo luterano sueco Anders Nygren, intitulado Eros e Ágape. Podemos resumir o pensamento dele nestes termos: eros e ágape designam dois movimentos opostos. O primeiro indica ascensão e subida do homem para Deus e para o divino como próprio bem e própria origem; o outro, o ágape, indica a descida de Deus até o homem com a encarnação e a cruz de Cristo, e, portanto, a salvação oferecida ao homem sem mérito nem resposta de sua parte, a não ser a fé e somente a fé. O Novo Testamento fez uma escolha precisa, usando, para exprimir o amor, o termo ágape, e refutando sistematicamente o termo eros.
Foi São Paulo quem recolheu e formulou com mais pureza essa doutrina do amor. Depois dele, ainda segundo a tese de Nygren, essa antítese radical se perdeu para dar lugar a tentativas de síntese. Assim que o cristianismo entra em contato cultural com o mundo grego e a visão platônica, já com Orígenes, há uma reavaliação do eros, como movimento ascensional da alma rumo ao bem e ao divino, como atração universal exercitada pela beleza e pelo divino. Nesta linha, o Pseudo Dionísio Areopagita escreverá que “Deus é eros” [1], substituindo com este termo o ágape da célebre frase de João (I Jo, 4,10).
No ocidente, uma síntese análoga foi feita por Agostinho com a doutrina da caritas, entendida como doutrina do amor descendente e gratuito de Deus pelo homem (ninguém falou da “graça” com mais força do que ele), mas também como anseio do homem pelo bem e por Deus. É dele a afirmação: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e inquieto está o nosso coração até descansar em ti” [2]. Também é dele a imagem do amor como um peso que atrai a alma, como por força de gravidade, para Deus, como ao lugar do próprio repouso e prazer [3]. Tudo isso, para Nygren, insere um elemento do amor de si, do próprio bem, e, portanto, de egoísmo, que destrói a pura gratuidade da graça; é uma recaída na ilusão pagã de fazer a salvação consistir numa ascensão a Deus, em vez de na gratuita e imotivada descida de Deus até nós.
Prisioneiros desta impossível síntese entre eros e ágape, entre amor de Deus e amor de si, são, para Nygren, São Bernardo, quando define o grau supremo do amor de Deus como um “amar a Deus por si mesmo” e um “amar a si mesmo por Deus” [4]; São Boaventura, com seu ascensional Itinerário da mente para Deus; e São Tomás de Aquino, que define o amor de Deus infuso no coração do batizado (cf. Rom, 5,5) como “o amor com que Deus nos ama e nos faz amá-lo” (amor quo ipse nos diligit et quo ipse nos dilectores sui facit) [5]. Isto viria a significar que o homem, amado por Deus, pode, por sua vez, amar a Deus, dar-lhe algo de seu, o que destruiria a absoluta gratuidade do amor de Deus. No plano existencial, ainda de acordo com Nygren, o mesmo desvio acontece na mística católica. O amor dos místicos, com a sua fortíssima carga de eros, nada é, para ele, senão amor sensual sublimado, uma tentativa de estabelecer com Deus uma relação de presunçosa reciprocidade em amor.
Quem rompeu a ambiguidade e devolveu à luz a pura antítese paulina, segundo o autor, foi Lutero. Fundamentando a justificação apenas na fé, ele não excluiu a caridade do momento-base da vida cristã, como o acusa a teologia católica; antes, libertou a caridade, o ágape, do elemento espúrio do eros. À fórmula do “somente a fé”, com exclusão das obras, corresponderia, em Lutero, a fórmula do “somente o ágape”, com exclusão do eros.
Não me cabe estabelecer se o autor interpretou corretamente neste ponto o pensamento de Lutero, que, deve-se dizer, nunca pôs o problema em termos de contraste entre eros e ágape como fez com fé e obras. É significativo, no entanto, que Karl Barth, num capítulo da suaDogmática Eclesial, também chegue ao mesmo resultado que Nygren de um contraste insanável entre eros e ágape. “Onde entra em cena o amor cristão”, escreve ele, “começa de súbito o conflito com o outro amor, e este conflito não tem mais fim” [6]. Eu digo que se isto não é luteranismo, é sem dúvida teologia dialética, teologia do “aut-aut”, da antítese, não da síntese.
O contragolpe desta operação é a radical mundanização e secularização do eros. Enquanto certa teologia retirava o eros do ágape, a cultura secular era bem feliz, por sua vez, ao retirar o ágape do eros, ou seja, ao retirar do amor humano toda referência a Deus e à graça. Freud apresentou para isto uma justificativa teórica, reduzindo o amor a eros e o eros a libido, uma mera pulsão sexual que luta contra toda repressão e inibição. É o estágio a que se reduz hoje o amor em muitas manifestações da vida e da cultura, principalmente no mundo do espetáculo.
Dois anos atrás eu estava em Madri. Os jornais só faziam falar de uma certa mostra de arte na cidade, intitulada As lágrimas do eros. Era uma mostra de obras artísticas de cunho erótico – quadros, desenhos, esculturas – que pretendiam pôr em foco o inseparável vínculo que existe, na experiência do homem moderno, entre eros e thanatos, entre amor e morte. À mesma constatação se chega quando se lê a coletânea de poesias As flores do mal, de Baudelaire, ou Uma temporada no inferno, de Rimbaud. O amor que por natureza deveria levar à vida acaba ao invés levando à morte.
3. Retorno à síntese
Se não podemos mudar de uma vez a ideia de amor que o mundo possui, podemos, sim, corrigir a visão teológica, que, sem querer, a favorece e legitima. É o que fez de maneira exemplar o papa Bento XVI com a encíclica Deus caritas est. Ele reafirma a síntese católica tradicional expressando-a com os termos modernos. “Eros e ágape”, lemos ali, “amor ascendente e amor descendente, não se deixam jamais separar de todo um do outro [...]. A fé bíblica não constrói um mundo paralelo ou um mundo contraposto ao original fenômeno humano que é o amor, mas aceita o homem todo, intervindo na sua procura pelo amor para purificá-la, destruindo, em paralelo, novas dimensões suas” (7-8). Eros e ágape estão unidos à própria fonte do amor, que é Deus: “Ele ama”, segue o texto da encíclica, “e este seu amor pode ser qualificado certamente como eros, que, no entanto, é também e totalmente ágape” (9).
Entende-se o acolhimento insolitamente favorável que este documento pontifício encontrou mesmo nos ambientes leigos mais abertos e responsáveis. Dá esperança ao mundo. Corrige a imagem de uma fé que toca o mundo em tangente, sem penetrá-lo, com a imagem evangélica da levedura que faz a massa fermentar; substitui a ideia de um reino de Deus que veio julgar o mundo pela de um reino de Deus que veio salvar o mundo, começando pelo eros que é a sua força dominante.
À visão tradicional, própria tanto da teologia católica como da ortodoxa, pode-se dar, creio eu, uma confirmação também do ponto de vista da exegese. Quem sustenta a tese da incompatibilidade entre eros e ágape se baseia no fato de o Novo Testamento evitar com esmero – e, ao parecer, propositalmente – o termo eros, usando em seu lugar sempre e somente ágape (a não ser por algum raro emprego do termo philia, que indica um amor de amizade).
O fato é verdadeiro, mas não são verdadeiras as conclusões que dele se tiram. Supõe-se que os autores do NT estivessem a par tanto do sentido que o termo eros tinha na linguagem comum (o eros assim chamado “vulgar”) como do sentido elevado e filosófico que tinha, por exemplo, em Platão, o chamado eros “nobre”. Na aceitação popular, eros indicava mais ou menos o que indica hoje quando se fala de erotismo ou de filmes eróticos: a satisfação do instinto sexual, um degradar-se mais do que elevar-se. Na aceitação nobre, indicava um amor pela beleza, a força que mantém o mundo e que impulsiona todos os seres à unidade, aquele movimento de ascensão rumo ao divino que os teólogos dialéticos reputam incompatível com o movimento de descida do divino até o homem.
É difícil defender que os autores do NT, dirigindo-se a pessoas simples e de nenhuma cultura, pretendessem lhes falar do eros de Platão. Eles evitaram o termo eros pelo mesmo motivo que o pregador de hoje evita o termo erótico, ou, se o emprega, é somente em sentido negativo. O motivo é que, tanto naquele tempo como agora, a palavra evoca o amor na sua expressão mais egoísta e sensual [7]. A desconfiança dos primeiros cristãos quanto ao eros se agravava ainda pelo papel que ele desempenhava nos desenfreados cultos dionisíacos.
Tão logo o cristianismo entra em contato e diálogo com a cultura grega daquele tempo, cai por terra de imediato, como já vimos, toda preclusão quanto ao eros. Ele é usado com frequência, nos autores gregos, como sinônimo de ágape, e empregado para indicar o amor de Deus pelo homem, como também o amor do homem por Deus, o amor pelas virtudes e por tudo o que é belo. Basta, para nos convencermos disso, uma simples olhada no Léxico Patrístico Grego, de Lampe [8]. O sistema de Nygren e Barth, portanto, foi construído sobre uma falsa aplicação do assim chamado argumento “ex silentio”.
4. Um eros para os consagrados
O resgate do eros ajuda acima de tudo os enamorados humanos e os esposos cristãos, mostrando a beleza e a dignidade do amor que os une. Ajuda os jovens a experimentar o fascínio do outro sexo não como coisa turva, a ser vivida às costas de Deus, mas, ao contrário, como um dom do Criador para a sua alegria, desde que vivido na ordem querida por Ele. Na sua encíclica, o papa acena ainda para esta função positiva do eros sobre o amor humano quando fala do caminho de purificação do eros, que leva da atração momentânea ao “para sempre” do matrimônio (4-5).
Mas o resgate do eros deve ajudar também a nós, consagrados, homens e mulheres. Eu acenei no início ao perigo que as almas religiosas correm de um amor frio, que não desce da mente para o coração. Um sol de inverno, que ilumina, mas não aquece. Se eros significa ímpeto, desejo, atração, não devemos ter medo dos sentimentos, nem muito menos desprezá-los e reprimi-los. Quando se trata do amor de Deus, escreveu Guilherme de Saint Thierry, o sentimento de afeto (affectio) é também graça; a natureza não pode infundir um sentimento assim [9].
Os salmos estão cheios desse anseio do coração por Deus: “A ti, Senhor, eu elevo a minh’alma...”. “A minh’alma tem sede de Deus, do Deus vivente”. “Preste atenção”, diz o autor da Nuvem do não conhecimento, “a este maravilhoso trabalho da graça na tua alma. Ele não é senão impulso imprevisto, que surge sem aviso e aponta diretamente para Deus, como uma centelha que se desencarcera do fogo... Golpeie essa nuvem do não conhecimento com a flecha afiada do desejo de amor e não esmoreça, ocorra o que ocorrer” [10]. É suficiente, para tanto, um pensamento, um movimento do coração, uma jaculatória.
Mas tudo isso não nos é bastante e Deus o sabe melhor que nós. Somos criaturas, vivemos no tempo e num corpo; precisamos de uma tela na qual projetar o nosso amor que não seja apenas “a nuvem do não conhecimento”, o véu de escuridão por trás do qual se oculta o Deus que ninguém nunca viu e que habita numa luz inacessível...
A resposta que se dá a esta interrogação nós conhecemos bem: por isso mesmo Deus nos deu o próximo para amarmos. “Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor se torna perfeito em nós. Quem não ama o próprio irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4, 12-20). Mas devemos ficar atentos para não saltar uma fase decisiva: antes do irmão que vemos, há outro que também vemos e tocamos: o Deus feito carne, Jesus Cristo! Entre Deus e o próximo existe o Verbo feito carne, que reuniu os dois extremos numa só pessoa. É nele que o próprio amor ao próximo encontra o seu fundamento: “Foi a mim que o fizestes”.
O que significa tudo isto pelo amor de Deus? Que o objeto primário no nosso eros, da nossa busca, desejo, atração, paixão, deve ser o Cristo. “Ao Salvador é pré-ordenado o amor humano desde o princípio, como ao seu modelo e fim, como uma urna tão grande e tão ampla que pudesse acolher a Deus [...] O desejo da alma é unicamente de Cristo. Aqui é o lugar do seu repouso, porque só Ele é o bem, a verdade e tudo quanto inspira amor”. Não quer dizer restringir o horizonte do amor cristão de Deus a Cristo; quer dizer amar a Deus do jeito que Ele quer ser amado. “O Pai vos ama porque vós me amais” (Jo 16, 27). Não se trata de um amor mediato, quase por procuração, por meio do qual quem ama Jesus “é como se” amasse o Pai. Não. Jesus é um mediador imediato; amando a Ele, amamos, ipso facto, o Pai. “Quem me vê, vê o Pai”; quem me ama, ama o Pai.
É verdade que nem mesmo a Cristo se vê, mas ele existe. Ressuscitou, vive, está conosco, de modo mais real do que o mais apaixonado esposo está com a esposa. Eis o ponto crucial: pensar em Cristo não como uma pessoa do passado, mas como o Senhor ressuscitado e vivente, com quem eu posso falar, a quem eu posso beijar se quiser, certo de que o meu beijo não termina na estampa ou no lenho de um crucifixo, mas num rosto e em lábios de carne viva (ainda que espiritualizada), felizes de receber o meu beijo.
A beleza e a plenitude da vida consagrada depende da qualidade do nosso amor por Cristo. É só o que pode nos defender dos altos e baixos do coração. Jesus é o homem perfeito; nele se encontram, em grau infinitamente superior, todas aquelas qualidades e atenções que um homem procura numa mulher e uma mulher no homem. O amor dele não nos elimina necessariamente a sedução das criaturas e, em particular, a atração do outro sexo (ela faz parte da nossa natureza, que Ele criou e não quer destruir). Mas nos dá a força para vencer essas atrações com uma atração mais forte. “Casto”, escreve São João Clímaco, “é quem afasta o eros com o Eros” [11].
Será que tudo isso destrói a gratuidade do ágape, pretendendo dar a Deus alguma coisa em troca do seu coração? Anula a graça? De jeito nenhum. Antes, a exalta. O que, afinal, neste mundo, damos a Deus se não o que recebemos dele? “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19). O amor que damos a Cristo é o seu próprio amor por nós, que devolvemos a Ele, como o eco nos devolve a nossa voz.
Onde está então a novidade e a beleza deste amor que chamamos eros? O eco reenvia para Deus o seu próprio amor, mas enriquecido, colorido e perfumado com a nossa liberdade. E é tudo o que Ele quer. A nossa liberdade lhe paga tudo. E não só isto, mas, coisa inaudita, escreve Cabasilas, “recebendo de nós o dom do amor em troca de tudo o que Ele nos deu, Ele ainda se reputa nosso devedor” [12]. A tese que contrapõe eros e ágape se baseia em outra conhecida contraposição: a contraposição entre graça e liberdade, e, mais ainda, na negação da liberdade no homem decaído.
Eu procurei imaginar, Veneráveis padres e irmãos, o que diria Cristo ressuscitado se, como fazia na vida terrena, quando entrava aos sábados numa sinagoga, viesse agora sentar-se aqui, no meu lugar, e nos explicasse em pessoa qual é o amor que Ele deseja de nós. Quero compartilhar com vocês, com simplicidade, o que eu penso que Ele diria. Pode nos servir para o nosso exame de consciência sobre o amor:
O amor ardente:
É me colocares sempre em primeiro lugar.
É procurares me alegrar em todo momento.
É confrontares teus desejos com o meu desejo.
É viveres como meu amigo, confidente, esposo, e seres feliz assim.
É te inquietares ao pensamento de ficar um pouco longe de mim.
É seres repleto de felicidade quando estou contigo.
É estares disposto a grandes sacrifícios para nunca me perder.
É preferires viver pobre e desconhecido comigo a rico e famoso sem mim.
É falares comigo como ao amigo mais amado em todo momento possível.
É te confiares a mim olhando para o teu futuro.
É desejares perder-te em mim como meta do teu existir.
Se vocês acharem, como eu acho, que estamos muito longe dessa situação, não nos desencorajemos. Temos alguém que pode nos ajudar a chegar lá se pedirmos sua ajuda. Repitamos com fé ao Espírito Santo: Veni, Sancte Spiritus, reple tuorum corda fidelium et tui amoris in eis ignem accende: Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
Notas: 
1 Pseudo Dionísio Areopagita, Os nomes divinos, IV,12 (PG, 3, 709 em diante.)
2 S. Agostinho, Confissões I, 1.
Comentário ao evangelho de João, 26, 4-5.
4 Cf. S. Bernardo, De diligendo Deo, IX,26 –X,27.
5 S. Tomás de Aquino, Comentário à Carta aos Romanos, cap. V, liç.1, n. 392-293; cf. S. Agostinho, Comentário à Primeira Carta de João, 9, 9.
6 K. Barth, Dogmática eclesial, IV, 2, 832-852.
7 O sentido que os primeiros cristãos davam à palavra eros se deduz do famoso texto de S. Inácio de Antioquia,  Carta aos Romanos, 7,2: “O meu amor (eros) foi crucificado e não há em mim fogo de paixão…não me atraem o nutrir corrupção e os prazeres desta vida”. “O meu eros” não indica aqui Jesus crucificado, mas “o amor de mim mesmo” , o apego aos prazeres terrenos, na linha do paulino “Fui crucificado com Cristo, não sou mais eu que vivo” (Gal 2, 19 s.).
8 Cf. G.W.H. Lampe,  A Patristic Greek Lexicon, Oxford 1961, pp.550.
9 Guilherme de St. Thierry, Meditações, XII, 29 (SCh  324, p. 210).
10 Anônimo, A nuvem do nao conhecimento, trad. Italiana, Ed. Áncora, Milão, 1981, pp. 136.140.
11 S. João Clímaco, A escada do paraíso, XV,98 (PG 88,880).
12 N. Cabasilas, Vida em Cristo, VI, 4 .

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 25 de março de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos a primeira pregação de Quaresma à Cúria Romana, realizada nesta sexta-feira, em presença do Papa, pelo padre Raniero Cantalamessa, OFMCap.
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[Traduzido do original em italiano por ZENIT]

Homilia Diária - 25/03/2011 - "Faça-se em mim segundo a tua palavra".


Estamos celebrando hoje a Festa da Anunciação, dia em que veneramos o começo da vida de Jesus Cristo na terra. Verbo encarnado, no seio de Maria. Começa, exatamente aqui, um novo período da história da humanidade. Deus, na infinita bondade, quis despojar-se de Sua divindade e rebaixou-se a ponto de vir construir a Sua tenda entre nós e conosco! Mas isso só foi possível graças ao “Faça-se em mim segundo a tua palavra“, pronunciado pela Virgem Maria!
O Anjo havia dito a Maria: “Terás um filho. Ele chamar-se-á Jesus, o libertador“. Esta festividade é uma das mais antigas solenidades marianas da história da Igreja. Já era celebrada no Oriente, na metade do século V. E temos notícia de que no século VII se fazia a procissão da Quaresma, neste dia, para a Igreja de Santa Maria Maior. Essa festa quer levar-nos, a todos, ao Cristo Redentor, pelo “sim” dito de modo semelhante pela Santíssima Virgem Maria. Ora, no diálogo do Anjo, ele não fala somente das grandezas pessoais de Jesus; é o Salvador, é o Messias esperado, é o Rei eterno da humanidade regenerada, cuja maternidade se propõe ali a Maria.
Toda a obra redentora está ali dependendo do “faça-se” de Maria. E disso tem a Virgem plena consciência. Sabe o que Deus lhe propõe; consente no que Deus lhe pede, sem restrição nem condição; o seu “fiat [faça-se]” responde à amplidão das proposições divinas, estende-se a toda a obra redentora.
O “sim” de Maria foi tão fundamental, que mudou a face da terra. Pois, àquele diálogo de Nossa Senhora com o Anjo, certificada da sua virgindade, ela ousa responder: “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim, segundo a vossa palavra!
Trata-se de uma resposta admirável de bondade, mas também de humildade e de prudência. Aqui, a Virgem Maria manifesta mais ainda do que a sua incomparável humildade e obediência, a grandeza da sua fé, fazendo-a entregar-se inteiramente à ação divina, sem questionar nem pretender penetrar no profundo mistério, ou pensar sequer nas consequências a que se arriscava. E você? Como tem respondido ao Senhor? Em que se tem baseado a sua resposta?
Por um “faça-se” apenas, o Verbo Divino se encarnou no seu seio puríssimo e virginal! É portanto, pelo seu “sim” que Deus se fez homem. E, desse modo, formou-se no seio puríssimo da Virgem Maria, por força do Espírito Santo, o Corpo de Cristo, unindo-se ao corpo a sua alma humana criada do nada e, consequentemente, a Divindade unindo-se ao Corpo e à alma de Deus humanado – Jesus Cristo – passa a receber de Maria sangue do seu sangue, carne da sua carne! Assim, a partir daí, Aquele que é Deus verdadeiro, tornou-se também verdadeiro Homem, num mistério chamado hipostático, e a bem-aventurada Virgem Maria tornou-se, na realidade, a Mãe verdadeira de Deus!
Meu irmão, minha irmã, veja que se observarmos na história do mundo e na história dos homens encontraremos dois “faça-se” ou “sim”. O primeiro, no ato da criação, o próprio Deus pronunciando: “faça-se” – e todas as coisas aparecerem do nada! E no final a Bíblia afirmar que Deus viu que todas as coisas eram boas!
O segundo “faça-se” é o de Maria: uma resposta obediente, belíssima! Com o primeiro, Deus tirou do nada o Universo com a sua perfeição e ordem: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento a obra das suas mãos” (Sl 18,1).
Com o segundo – o de Maria – “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo1,14), num mistério de duas naturezas em uma e mesma pessoa!
Quero lembrá-lo de que o seu “sim” ou “faça-se” pode transformar vidas, libertar as pessoas dos vícios, das drogas, da prostituição, do álcool, do adultério, da ganância, dos roubos; pode curar os doentes e ressuscitar os mortos. Pode introduzir os seus na Nova Terra e Novo Céu.
Assim como nossa Mãe, Maria, nós somos chamados para levar a Boa Nova a todas as pessoas do mundo, para irradiar nelas o amor que Jesus nos proporciona junto com nossa Mãe. Neste mistério aprendamos com a Santíssima Virgem o espírito de serviço para com o próximo. Com o exemplo dela e reconhecendo a humildade de Maria no Magnificat, prometamos que seremos humildes e caridosos para com o nosso próximo. Ainda mais quando demos nosso “faça-se”, nosso “sim”, ao chamado especial de Cristo, como afirma João Paulo II.
Nesta Solenidade, aprendamos com Maria a virtude da humildade, e que ela nos ajude a sermos simples, humildes e generosos de coração como ela o foi, para que transmitamos sempre com alegria a Palavra de Deus. Nossa Senhora nos ensina também a nos colocarmos sempre a serviço do Senhor.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a sermos caridosos e solidários para com o próximo, principalmente com os mais necessitados, e que ao reconhecermos a presença deles entre nós, saibamos dizer sempre “sim”, como o fez Maria para a vontade do Altíssimo.
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Blog do Padre Bantu

Encontrar o tesouro da Palavra de Deus Entrevista com o arcebispo de Toronto sobre a ‘lectio divina’

TORONTO, quinta-feira, 24 de março de 2011 (ZENIT.org) - O arcebispo Thomas Collins, de Toronto, conduziu a ‘lectio divina' na sua diocese durante 10 anos. Ele acaba de publicar um livro para compartilhar esta experiência com um público mais amplo. Veja a entrevista que ele concedeu a ZENIT.
ZENIT: O livro é descrito como uma "adaptação da antiga prática da ‘lectio divina' aos católicos de hoje". Que tipo de adaptação é necessária? Quais são as diferenças entre a antiga prática e a ‘lectio divina' atual?
Dom Collins: A ‘lectio divina' é basicamente uma leitura orante das Escrituras, é algo diferente do estudo da Bíblia (exegese), da proclamação da Palavra de Deus na liturgia ou da leitura contínua de longos trechos bíblicos. O objetivo é experimentar um encontro com o Senhor através da leitura orante um pequeno trecho da Bíblia. Isso foi feito de muitas maneiras pelos cristãos nos últimos 2 mil anos.
Em nossos tempos modernos, várias pessoas adaptaram esta prática de maneiras diferentes, quer em sessões abertas a todos, quer em privado.
A forma pública da ‘lectio divina', que é o que eu ofereço, é um método simples de leitura orante de um pequeno fragmento da Bíblia. Espero que quem participe possa adaptar esta à sua oração privada diária.
ZENIT: O senhor poderia fazer um breve resumo do método de ‘lectio divina' que propõe no livro?
Dom Collins: A forma como eu faço a ‘lectio divina' está baseada em métodos utilizados por outros, com os ajustes à minha própria situação. As pessoas podem fazer isso de diferentes maneiras.
Eu começo com a oração solene das Vésperas na catedral, com o canto dos salmos. É uma prática antiga que enriquece a nossa vida moderna. Depois, saio e fico ao lado do santuário, às vezes dando alguma informação que pode ser útil para os fiéis para a oração do texto.
Há três fases na ‘lectio divina':
Primeiro, fazemos o Sinal da Cruz, para começar o tempo dedicado à ‘lectio divina'. Nós precisamos nos situar conscientemente na presença de Deus, pedindo-lhe perdão pelos nossos pecados e afastando as distrações que nos impedem de ouvir a sua Palavra. Fazemos a oração do jovem Samuel: "Fala Senhor, que teu servo escuta".
A segunda fase é a oração do texto sagrado. Primeiro, leio toda a passagem devagar, com uma voz forte, e peço a todos que considerem o que nos diz a nossa cabeça, nosso coração e nossas mãos: isto é conhecer a Deus, amar a Deus, servir a Deus.
Após um período de silêncio, leio o primeiro versículo da passagem, e então faço algumas observações que me vêm à mente e encorajo as pessoas a passarem algum tempo em silêncio, refletindo sobre esse versículo. Este padrão é seguido com os outros versículos - texto, comentário, silêncio - e, finalmente, volto a ler o texto inteiro, que é seguido por outro momento de silêncio.
A terceira fase é a oração do Pai Nosso, Ave Maria, Glória e o Sinal da Cruz, antes de retornar à correria da vida cotidiana.
ZENIT: Bento XVI tem recomendado repetidamente a ‘lectio divina'. Em 2005, ele disse que, se "promovida eficazmente", ela poderia trazer uma nova primavera para a Igreja. O que é uma promoção eficaz?
Dom Collins: Eu acho que é bom para um bispo ou padre dirigir uma forma pública de ‘lectio divina' ou descrever esta forma de oração em palestras ou retiros. É uma maneira simples e profunda de encontrar Deus na Bíblia.

III DOMINGO DA QUARESMA - Liturgia da Palavra: Uma fonte de água que jorra para a vida eterna - Leituras: Ex 17, 3-7; Rm 5,1-2. 5-8; Jo 4, 5-42 /

Liturgia da Palavra: Uma fonte de água que jorra para a vida eterna
DOMINGO III DA QUARESMA
Leituras: Ex 17, 3-7; Rm 5,1-2. 5-8; Jo 4, 5-42

Jesus disse à mulher: “Dá-me de beber”.... A mulher disse a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede “(Jo 4, 7; 15). Poderíamos resumir nestes dois intensos pedidos recíprocos, o longo diálogo entre Jesus e a mulher de Samaria junto do poço de Jacó.  Ainda mais, neles poderíamos reconhecer o eco da longa e dramática história da incessante busca de Deus pelo homem e da procura, às vezes mesmo que confusa, do homem por Deus. Deus está sedento do homem, e o homem fica sedento de Deus. Melhor, Deus, ao procurar o homem no seu amor, desperta nele a sede de si. 
O grito de Jesus na cruz, “Tenho sede” (Jo 19,28), é seguido imediatamente pelo jorrar das últimas gotas de sangue e de água do seu lado transpassado. Delas traz origem e vida o novo povo de Deus, o “admirável sacramento da Igreja”, como se exprime uma antiga oração da liturgia romana, moldada sobre o pensamento de Santo Agostinho, e retomada pela constituição sobre a liturgia, Sacrosanctum Concilium n. 5.
O grito de Jesus no ato da sua doação suprema diz que esta sede de Deus pelo homem não está placada: a história desta busca divina fica aberta para sempre. O grito se torna um urgente apelo para o homem tomar consciência que também seu coração fica sedento por Deus, para sempre. A sede de um pelo outro constitui a alma mais profunda e secreta da inteira história humana: “O Espírito e a esposa dizem: ‘Vem!’. Que aquele que ouve diga também: ‘Vem!’. Que o sedento venha, e quem o deseja, receba gratuitamente água da vida” (Ap 22, 17).
Deus está à procura do homem desde suas origens, quando o colocou no jardim, irrigado pelos quatro rios e rico de árvores e de frutos, como no seu “lugar natural”, entregue ao seu cuidado e responsabilidade (cf. Gn 2, 8-15). Ali o chama e o espera, como meta do seu longo peregrinar e sofrer. Os redimidos pelo sangue do Cordeiro e que se fizeram seus seguidores alcançam enfim a felicidade plena no novo jardim da ressurreição: “nunca mais terão fome, nem sede, o sol nunca mais os afligirá, nem qualquer calor ardente; pois o Cordeiro vencedor da morte os apascentará, conduzindo-os até as fontes da água da vida” (Ap. 16-17).
Jesus convida todo sedento ao encontro pessoal consigo mesmo, com a promessa que do interior de quem o procura com fé “jorrarão rios de água viva”, isso é o Espírito, dom primeiro da sua ressurreição, e herança dos batizados (cf. Jo 7,37-39). Dele nasce todo desejo, toda aspiração à plenitude, toda força para perseverar na procura do objetivo que se deixa vislumbrar na esperança.
O batismo mergulha o cristão na própria nascente da água viva, que continuará a fecundar a sua inteira existência.
Experiência de plenitude, e ao mesmo tempo urgência de uma sede insaciável, expressão de uma fé às vezes incipiente, que cresce com o progresso do amor, e leva consigo a força para perseverar que é própria  da esperança. “Ao pedir à samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o dom de crer. E, saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor” (Prefácio do Domingo). E a esperança, ao longo do caminho, não decepciona na sua tensão rumo à plenitude, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (2ª leitura, Rm 5, 5). 
Agora amamos na esperança – comenta Santo Agostinho - todavia possuímos as primícias do Espírito, e talvez de algo mais. Aproximamo-nos de quem amamos e, embora por uma gotinha, já provamos e saboreamos aquilo que avidamente comeremos e beberemos” (Sermão 21,3; LH IVpg 478).
Os exegetas ressaltam que o trecho de Jo 4, 5- 42 é estruturado através de uma linguagem simbólica muito complexa e rica de alusões teológicas e espirituais, que emergem a partir da experiência concreta e do diálogo de Jesus com a mulher de Samaria. No pano de fundo da narração do encontro, o evangelista deixa ressoar a grande experiência histórica e espiritual dos patriarcas de Israel, cujo caminho é direcionado na fé pelo próprio Deus, através de providenciais encontros dos protagonistas, junto dos poços do deserto.
Ao colocar o encontro perto do poço de Jacó nos arredores de Samaria, João deixa vislumbrar que Jesus realiza a aliança, ansiada pelos patriarcas e descrita pelos profetas como casamento de Deus com Israel, no amor e na fidelidade. No tempo do messias, ela seria estendida de Israel para todos os povos, representados pelos samaritanos, considerados infiéis e semi-pagãos.
Este horizonte de sentido fundamental do evento introduz o leitor e a nova comunidade na dimensão da aliança pascal e universal do ministério e da morte e ressurreição de Jesus. Ela vive para dar testemunho do amor salvífico e universal de Deus para com todos os homens e as mulheres, qualquer que seja a condição deles. Mesmo os “samaritanos”, os diversos, os problemáticos, os excluídos, segundo as categorias sociais e religiosas vigentes, são destinatários deste amor que “tem sede” de todos, e a todos oferece a possibilidade de encontrar a “água que dá vida”, aquela que no fundo eles estão procurando mesmo em seus desvios. Esta atitude de procura, benevolência e misericórdia marca toda a atividade e a pregação de Jesus, e será razão de escândalo para os “bem-pensantes” sociais e religiosos, e causa não última de sua decisão de matar Jesus. 
Ao pedir água à mulher de Samaria, para saciar sua sede, é o próprio Jesus a se aproximar, partilhando a mesma fraqueza e necessidade dela e de todo homem e mulher. Com seu gesto desperta a consciência dela para a procura mais profunda que ela traz consigo, e acaba oferecendo à sua fé o manancial perene do Espírito que brotará dentro ela mesma (Jo 4, 13-15).
“Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11, 28-30).
O encontro revela paulatinamente toda a sua dimensão pascal, e deixa entender a razão pela qual, desde as origens das comunidades apostólicas, este evento tão central no evangelho de João assumiu uma função tão importante na catequese do batismo e no caminho da iniciação cristã: encontro pessoal com Jesus que suscita a fé e abre a uma procura sem fim do sentido da própria vida e de Deus, profissão da fé em Jesus salvador e filho de Deus, vida renovada no Espírito que se torna o verdadeiro culto a Deus, testemunho e missão, que se irradia espontaneamente da experiência da boa nova libertadora vivenciada na relação com Jesus.
No evento das núpcias de Caná, por sua vez cheio de sentido pascal e pré-anúncio da aliança nova e eterna, Jesus já tinha mudado a água em vinho, símbolo da transformação da pequenez do homem para a superabundância divina. O evangelista frisa que este foi o primeiro sinal em quem Jesus manifestou a sua “glória” divina, solidária com os homens e que despertou a fé dos discípulos (Jo 2, 12).
Na preparação das oferendas para a eucaristia está um pequeno rito, talvez percebido por poucos, sobretudo no seu significado simbólico. É o gesto com que o sacerdote derrama algumas gotas de água no cálice, misturando-as com o vinho. O gesto litúrgico vai além da solidariedade transformadora de Jesus nas núpcias de Caná, assim como no encontro-intercâmbio com a samaritana. O vinho e a água misturados são apresentados ao Senhor, para que pela força vital da sua Palavra e do Espírito Santo, sejam transformados no sangue vivo de Cristo que sacia a sede do seu povo. Pois é a páscoa do Senhor a nascente perene da água viva.
Jesus abre esta animadora perspectiva também para o caminho da nossa vida. Um caminho sujeito a tantas provações, tentações, fadigas, e mesmo desvios, como testemunha a dura experiência de Israel no deserto, embora tivesse já experimentado a fiel providência de Deus(1ª leitura - Ex 17, 3-7). Porém, no fundo de si  mesmo, este incerto vagar guarda a saudade da sua nascente e da sua meta, mesmo quando acaba perdendo o contato com a nascente da água viva, para construir com suas próprias mãos cisternas rasgadas, atraído por projetos que se revelam inconsistentes e vazios.
É forte a admoestação do profeta: “O que encontraram os vossos pais em mim de injusto, para que se afastassem de mim e corressem atrás do vazio, tornando-se eles mesmos vazios?” (Jr 2, 5). “Meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, fonte de água viva, para cavar para si cisternas, cisternas furadas, que não podem conter água” (Jr 2, 13). O salmista, porém, interpreta com esperança o que permanece ao fundo do coração e que pode abrir novos caminhos: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3).
De onde estamos atingindo nossa água: do manancial vital do Espírito que fica jorrando dentro de nós, ou das cisternas rasgadas que o mundo nos proporciona ?
As razões da esperança e da alegria permanecem mesmo na inextricável textura das fraquezas e das falhas. “Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo que nos salva!... Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, e nós somos seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão” (Sl. 94, Responsorial).
A sociedade moderna se torna sempre mais secularizada. Para muitas pessoas Deus é o “ausente”. Uma recente análise sobre a situação da pessoa na nossa sociedade destaca que o homem contemporâneo, todavia, mesmo no drama das situações existenciais, espera conhecer e encontrar não simplesmente a volta do “sagrado” no sentido genérico, mas o Deus dos viventes e que dá a vida. Ele busca a Deus, sente nostalgia da sua presença.
A nostalgia nasce das desilusões deixadas pelo que foi imaginado e seguido como “deus”, capaz de satisfazer a sede de sentido da existência. Também as oportunidades de melhoria material e as propostas culturais da nossa época se estão manifestando insatisfatórias, em relação à fome e à sede mais profunda do coração humano. Re-emerge com insistência a necessidade de dar sentido a uma vida, mais rica de oportunidades materiais e ao mesmo tempo tão frágil, e quase desertificada interiormente. “Meu alento já vai se extinguindo, e dentro de mim meu coração se assusta... A ti estendo meus braços, minha vida é terra sedenta de ti” (Sl 143,4.6).
A experiência do nosso tempo confirma a antiga e sempre atual confissão de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para ti, Senhor, e inquieto está nosso coração enquanto não repousa em ti” (Confissões, Livr.1, 1; LH do 9º Domingo do Tempo Comum).
A aspiração mais profunda, consciente ou menos, que habita o coração do homem e da mulher é o desejo da vida, do bem, da felicidade. Este desejo se torna uma “invocação incessante” para seu cumprimento.
Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também tua oração é contínua... Se teu desejo é contínuo, a tua voz é contínua. Ficarás calado, se deixares de amar. ... Se o desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus”  (Santo AgostinhoIn Psalmos 37,14; LH IV, 264).


Por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração
SÃO PAULO, quinta-feira, 24 de março de 2011 (ZENIT.org) - Apresentamos o comentário à liturgia do próximo domingo – III da Quaresma Ex 17, 3-7; Rm 5,1-2. 5-8; Jo 4, 5-42 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo ‘Pontificio Ateneo Santo Anselmo’ (Roma), Dom Emanuele, monge beneditino camaldolense, assina os comentários à liturgia dominical, às quintas-feiras, na edição em língua portuguesa da Agência ZENIT.

Mensagem do Dia

"Dê bom exemplo com ações mais do que com palavras." (Padre Pio de Pietrelcina)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Os católicos adoram os santos? - Parte I


"Pela tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Lot, que estava assentado à porta da cidade, ao vê-los, levantou-se e foi-lhes ao encontro e prostrou-se com o rosto por terra" (Gn 19,1).
Todo católico já deve ter sido interpelado por um protestante a respeito do uso das imagens na Igreja Católica. Suas perguntas nesta matéria sempre vêm com a acusação de que nós católicos somos idólatras porque fazemos uso das imagens. O mais interessante e também triste é que normalmente essas pessoas se dizem ex-católicas. E não me surpreendo em sempre verificar que foram “católicos” muito mal formados ou totalmente ignorantes da doutrina que dizem ter professado.
Será que esses ex-“católicos” já leram no Catecismo da Igreja Católica o ensino da Igreja sobre o uso das imagens? Lá encontramos:
2131. Com base no mistério do Verbo encarnado, o sétimo Concílio ecuménico, de Niceia (ano de 787) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova «economia» das imagens.
2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, «a honra prestada a uma imagem remonta (63) ao modelo original» e «quem venera uma imagem venera nela a pessoa representada» (64). A honra prestada às santas imagens é uma «veneração respeitosa», e não uma adoração, que só a Deus se deve:
«O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem» (65).” (Catecismo da Igreja Católica, 2131-2132.)
Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como, por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.
Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia? Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar um ídolo que vai roubar a adoração devida somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção.
"Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele." (Ex 25,18-19)
"E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo." (Nm 21,8-9)
"Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã."(2Rs 18,4).
Embora a Bíblia mostre claramente em quais casos a confecção das imagens é permitida, os “leitores da bíblia” proíbem o uso das imagens em qualquer caso, desta forma extrapolando indevidamente o mandamento de Deus.

Santo do Dia!


Santa Catarina da Suécia

24 de Março



Santa Catarina da SuéciaNasceu na Suécia, de família ligada aos reis. Sua mãe era Santa Brígida, que após o falecimento do esposo, se tornou uma peregrina até instalar-se em Roma.

Catarina foi formada na Abadia de Bisberg, permanecendo ali até casar-se. Não demorou muito tempo e seu esposo veio a falecer. Tinha um coração rendido a uma intimidade profunda com Deus, abriu-se a uma consagração total e foi viver junto de sua mãe em Roma, onde permaneceram por 23 anos.

Tornou-se Abadessa em Valdstena, onde permaneceu até sua morte em 1381.

Santa Catarina da Suécia, rogai por nós!


Fonte : www.cancaonova.com

Homilia Diária - 24/03/2011 - "E você, para onde quer ir?"


Esta parábola não visa tratar sobre caridade e falta de caridade. Não diz que o rico negava esmolas a Lázaro. Talvez até ignorasse a presença dele junto de sua casa, fechado como estava em seu bem-estar, que não lhe permitia perceber problemas alheios como às vezes dizem: “Cada um por si e Deus por todos”.
Jesus quer chamar a atenção não para a necessidade de amarmos ao próximo, mas para a importância das situações. Uma situação de poder e prazeres pode insensibilizar a mente, tornando-a insensível às necessidades dos outros. Pode fechar a porta do céu, tirando a fome da vida eterna, se já se julga satisfeito com seus bens. Ao contrário, uma situação de penúria entretém a fome e a sede de algo maior: a vida eterna.
A riqueza honesta não é má nem condenável, assim como a pobreza não é garantia de salvação. Mas ambas suscitam atitudes éticas que podem facilitar ou dificultar a procura de Deus. É para isto que Jesus quer despertar os cristãos nesta parábola.
A situação cômoda em que se acham os ricos pode diminuir seu zelo pelas necessidades dos pobres e excluídos da nossa sociedade.
Jesus chama os pobres, os que têm fome, sede e choram, de bem-aventurados, não por causa da pobreza como tal, mas por causa da atitude ética, da fé e do amor ao próximo que essa pobreza preserva ou suscita. E chama os ricos de infelizes (Lc 6,24-26), não por causa da riqueza como tal, mas porque a riqueza pode fazer murchar a fé e o senso da vida futura.
O rico morreu sem fome física nem espiritual: nada mais espera na outra vida, satisfeito que estava em seu bem-estar. Lázaro que teve fome física e doenças, tinha fome de uma realidade melhor do que a vida terrestre. No além, a fome material e espiritual de Lázaro era saciada, ao passo que no rico, ela não existia.
Alguém pode ser rico e ter um coração de pobre, cultivando o desapego, a humildade, a caridade, como alguém pode ser pobre, mas ter um coração de rico, sem caridade nem humildade. Lázaro, pobre na terra, e Abraão, rico na terra, tiveram a mesma sorte final, porque ambos, em circunstâncias diferentes, tiveram o mesmo amor a Deus e o mesmo desprendimento dos bens terrenos.
A parábola nos lembra que o Céu e o inferno começam no nosso dia a dia. Não nos faltam os fatos, acontecimentos, coisas em cada dia, que são objetos de santificação. A fé descobre neles os sinais de Deus a respeito do sentido desta vida. Nós não vivemos de milagres, mas do dia a dia. É nele que devemos encontrar a vida de santificação. Muitos procuram sinais e milagres e dizem, que se Deus se fizesse mais sensível, os desse um sinal, seriam mais fervorosos. Isto é pura ilusão meu irmão, minha irmã! Quem não tem fé nos dons cotidianos de Deus, encontrará razões falsas para não reconhecer os milagres d’Ele. Abraão responde ao rico que quem não tem o hábito da fé viva, rejeitará mesmo os sinais mais significativos. Na verdade, Lázaro, irmão de Marta e Maria, e o próprio Jesus haviam de ressuscitar dentre os mortos e aparecer aos judeus, mas nem assim estes se deixaram convencer.
Abraão diz existir entre o Céu e o inferno um grande abismo. E este indica que é só na vida terrestre que podemos nos converter. O tempo da conversão é hoje e agora. A morte nos estabelece em nossa condição definitiva: ou o Céu para sempre ou o inferno para sempre.
Esta parábola nos leva a concluir que quando eu e você, deixarmos este mundo, receberemos uma sentença. Veja que Lázaro foi levado ao “seio de Abraão” e o rico aos tormentos do inferno. Isto pressupõe uma sentença de Deus logo após a minha e a sua morte. E ela é definitiva, pois o mau não pode passar para o lugar do justo, e nem vice-versa. Eu já fiz a minha opção: quero ir para o seio de Abraão! E você, para onde quer ir?
Padre Bantu Mendonça
Fonte: Blog do Padre Bantu

Libertos por Jesus (Pe. Léo) - Descrição: ão permita que o medo, te desvie da Libertação que Deus quer fazer na sua vida, pois Jesus já pagou o preço do nosso resgate com sua Morte.

Pró-vidas brasileiros contra o aborto dos anencéfalos: o Amor de Mãe é incondicional


BRASILIA, 22 Mar. 11 (ACI) .- Em um vídeo enviado hoje, 22, pelo Movimento em Defesa da Vida, a Dra. Lenise Garcia, presidente do grupo pró-vida Brasil Sem Aborto, fala contra o aborto dos bebês portadores de anencefalia e mostra em um comovente vídeo a dura experiência de uma mãe que optou por abortar o bebê e a outra que optou por dar à luz.

O aborto de crianças portadoras de anencefalia está novamente em pauta em Brasília depois que o Ministro Marco Aurélio do Supremo Tribunal Federal apresentou o relatório da ADPF-54 ao STF. O julgamento será em breve.

"Acredito que muitos médicos são sinceros, quando pensam fazer um bem à mãe ao sugerir-lhe o aborto quando se detecta a anencefalia. Sim, pois geralmente é o médico quem sugere - e não a mãe quem pede – como pode ser verificado no vídeo abaixo. Entretanto, é necessária uma reflexão mais profunda", assinala o texto do Brasil Sem Aborto.

No vídeo, depois de relatar a dura experiência de ter abortado uma menina que nasceu viva, uma das mães se pergunta: "Talvez quinze minutos era o máximo de sobrevivência para ele. Mas eu me pergunto... Em quinze minutos: quantos "Eu te amo" eu poderia falar para esse meu filho?".

No outro testemunho a mãe menciona que foi o médico quem sugeriu fazer um aborto conseguindo uma ordem judicial.
"Doutor isto pára aqui! Nós vamos levar esta gravidez assim mesmo", respondeu firmemente a mulher.
Ela também conta que o que a levou a esta decisão foi o fato de que ela não corria risco de vida e "o respeito pela vida do meu filho".
"Valeu muito a pena estes vinte minutos para mim", afirmou.
"No final quando eu fiquei muito emocionada, que eu vi o meu filho, falei: Meu filho a mamãe te ama muito. Que era só o que eu conseguia falar".

"É uma experiência que vai ficar para sempre na vida desse casal", afirma a Dra. Garcia no vídeo.
Segundo a médica, na vida do casal que tem um filho portador de anencefalia, ou fica a experiência de "ter dado a ele todo amor era possível" ou fica a dura experiência futura "de lembrar que eles recusaram a este filho a pouca vida que ele tinha".

"Experiências vitais não podem ser deletadas, e vínculos entre pais e filhos sobrevivem mesmo depois que algum deles morre", afirma o texto do Brasil Sem Aborto.

O Vídeo do Movimento Brasil Sem Aborto pode ser visto no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=m3guYoro5S0&feature=player_embedded

Os pró-vidas brasileiros também animam os internautas a verem #QuantosEuTeAmo no Twitter.

Mensagem do Dia

""Há algo maior do que Deus? Há algo maior do que uma alma divinizada? Não é esta a maior grandeza a qual pode aspirar o homem?""
Santa Teresa dos Andes

Papa convida todos a beberem da fonte da Sagrada Escritura Apresenta hoje o doutor da Igreja Lourenço de Brindes

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 23 de março de 2011 (ZENIT.org) - O Papa Bento XVI recordou hoje a importância de "amar a Sagrada Escritura" e "crescer na familiaridade com ela", aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.
O Santo Padre quis introduzir hoje a figura de São Lourenço de Brindes, retomando assim o seu ciclo de Doutores da Igreja, interrompido com o início da Quaresma.
Deste santo italiano, o Pontífice destacou sobretudo seu "grande amor pela Sagrada Escritura, que ele conhecia de memória", assim como sua convicção "de que a escuta e o acolhimento da palavra de Deus produzem uma transformação interior que nos conduz à santidade".
"A Palavra do Senhor - citou o Papa, dos escritos do santo - é luz do intelecto e fogo para a vontade, para que o homem possa conhecer e amar a Deus. Para o homem interior, que, por meio da graça, vive do Espírito Santo, é pão e água, mas pão doce como o de mel e água melhor do que o vinho e o leite. (...) É um martelo contra um coração duramente obstinado nos vícios. É uma espada contra a carne, o mundo e o demônio, para destruir todo pecado".
São Lourenço de Brindes "nos ensina a amar as Sagradas Escrituras, a crescer na familiaridade com ela, a cultivar cotidianamente a relação de amizade com o Senhor na oração, para que todas as nossas ações, toda a nossa atividade tenham n'Ele seu começo e seu cumprimento".
"Esta é a fonte à qual recorrer para que o nosso testemunho cristão seja luminoso e capaz de conduzir os homens do nosso tempo a Deus", acrescentou.
Este insigne teólogo nasceu em Brindes (Itália) em 1559 e, ainda muito jovem, entrou na Ordem dos Capuchinhos. Foi um homem de grande cultura, que dominava vários idiomas, assim como línguas antigas (grego, hebraico, siríaco).
Graças a isso e ao seu conhecimento da literatura rabínica e dos Padres da Igreja, Lourenço "foi capaz de realizar um intenso apostolado, com diversas categorias de pessoas", incluindo o diálogo com os judeus e os seguidores de Lutero.
"Em sua apresentação clara e tranquila, mostrava o fundamento bíblico e patrístico de todos os artigos de fé postos em discussão por Martinho Lutero. Entre eles, o primado de Pedro e de seus sucessores, a origem divina do episcopado, a justificação como transformação interior do homem, a necessidade das boas obras para a salvação."
"O êxito de Lourenço nos ajuda a compreender que, também hoje, levar adiante o diálogo ecumênico com tanta esperança e a confrontação com as Sagradas Escrituras, lidas segundo Tradição da Igreja, são parte irrenunciável e de fundamental importância", acrescentou o Papa.

Evangelização e oração

O Papa também falou de São Lourenço como modelo de apóstolo, afirmando que, "também hoje, a nova evangelização tem necessidade de apóstolos bem preparados, com zelo e coragem".
Este testemunho, disse, é necessário "para que a luz e a beleza do Evangelho prevaleçam sobre as tendências culturais do relativismo ético e da indiferença religiosa, e transformem os modos de pensar e agir em um autêntico humanismo cristão".
Em meio a tantos trabalhos, "cultivou uma vida espiritual de fervor excepcional, dedicando muito tempo à oração e, especialmente, à celebração da Santa Missa".
"Na escola dos santos, cada sacerdote, como muitas vezes se sublinhou durante o recente Ano Sacerdotal, pode evitar o perigo do ativismo, de agir esquecendo das motivações profundas do ministério, somente se cuidar de própria vida interior", sublinhou o Pontífice.
Rezar, explicou, "é o primeiro serviço a prestar à comunidade. Por isso, os momentos de oração devem ser, na nossa vida, uma verdadeira prioridade. (...) Mas se não estivermos em comunhão com Deus, nada poderemos dar também aos outros. Por isso, Deus é a primeira prioridade".
Por último, destacou o trabalho do santo em favor da paz, recordando que lhe foram repetidamente confiadas "importantes missões diplomáticas para resolver controvérsias e promover a concórdia entre os Estados europeus, naquele momento ameaçados pelo Império Otomano".
"Hoje, como nos tempos de São Lourenço, o mundo precisa de homens e mulheres pacíficos e pacificadores. Todos os que creem em Deus devem ser sempre fontes e construtores de paz", concluiu o Papa.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Seminário de Vida no Espírito Santo

Grupo Combatentes - 08.02.2011 - Ciclo Temático - Providência - Buscai em Primeiro Lugar o Reino de Deus

Bom Dia irmãos e irmãs combatentes,

Quero em primeiro lugar me desculpar com aqueles e aquelas que regularmente acessam o nosso blog por minha ausência nos últimos dias. A dificuldade de acesso na escola em que trabalho (que está temporariamente sem internet), e uma quantidade avolumada de serviços a serem desenvolvidos em casa, impediram-me em minha fidelidade nas atualizações. Mas Deus está no controle de todas as coisas, e elas já estão se normalizando.

Ontem encerramos nosso ciclo temático sobre a Providência Divina, com a pregação sob o seguinte tema: "Buscai primeiro o Reino de Deus e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo". Postamos também a pregação feita por Marta Sorelia, cujo tema foi "Vivendo da providência".

Peço perdão por não conseguir disponibilizar as outras duas pregações sobre o tema, realizadas pela Dione e pela Estelita.

Peço a Deus que todos nós assumamos a condição de Filhos de Deus, dependentes do nosso Pai Celestial e reconhecendo que tudo que temos, Dele recebemos.

Unidos em Cristo e na sua Igreja.

Christian Moreira

Os links são:


http://VivendodaProvidencia.4shared.com



http://BuscaiemprimeirolugaroReino.4shared.com

Quaresma, tempo de vencer as tentações e o diabo Preparemo-nos para a Páscoa definitiva - Padre Luisinho


Imagem de Destaque


Antigamente, a Quaresma era o período durante o qual – por meio da penitência e da provação – os catecúmenos* se preparavam para receber o batismo na noite de Páscoa. A Liturgia sempre coloca Jesus no Evangelho do Primeiro Domingo da Quaresma vencendo as tentações do demônio (cf. Mt 4,1-11). O Nosso Senhor e Mestre não só vence como também nos dá as dicas para vencermos o nosso inimigo e as tentações pequenas e grandes que enfrentamos todos os dias.

O objetivo desta reflexão de hoje será avaliar a nossa defesa e aumentar as nossas resistências diante das tentações e celebrar a vitória com o Senhor Jesus.

O Senhor derrotou o maligno por meio da 
Docilidade ao Espírito Santo, pois “no deserto, Ele era guiado pelo Espírito”, da Palavra“A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem”; da Oração: “Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus”; do Jejum: Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome”e pelaAdoração“Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás”.Exercendo Sua autoridade que vinha de uma vida coerente e santa. Isso fica bem claro na leitura deste Evangelho.

De maneira semelhante como o antigo povo de Israel partiu durante quarenta anos pelo deserto para ingressar na Terra Prometida, a Igreja, o novo povo de Deus, prepara-se durante quarenta dias para celebrar a Páscoa do Senhor. Embora seja um tempo penitencial, não é um tempo triste e depressivo. Trata-se de um período especial de purificação e de renovação da vida cristã para que possamos participar com maior plenitude e gozo do mistério pascal do Senhor.

Jesus Cristo, ao dar início à caminhada do novo povo de Deus, se dirige ao deserto como lugar de encontro com o Pai, lugar de recolhimento, onde Ele se revela, onde escuta Sua Palavra. E diferente do antigo povo da Aliança, que sucumbe à tentação, se revolta, tem saudade "das cebolas do Egito", onde eles tinham o que comer, mas eram escravos, o Senhor vence a tentação, vence o demônio pela oração, pelo jejum, pela Palavra e pela obediência ao Pai.

A Quaresma é um tempo privilegiado para intensificar o caminho da própria conversão. Esse caminho supõe cooperar com a graça, para dar morte ao "homem velho" que atua em nós. Trata-se de romper com o pecado, que habita em nosso coração, nos afastar de tudo aquilo que nos separa do plano de Deus, e, por conseguinte, de nossa felicidade e realização pessoal.

No pórtico da Quaresma recém-começada, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para esse personagem, mas em todos subjaz a mesma incumbência da sua missão: o que separa, o que arranca; diabo, 
dia-bolus: o que divide. O demônio – no meio do mundo que o ignora e o torna frívolo – está mais presente que nunca: nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, brincalhão e divertido.

Com Jesus, como com todos nós, o diabo procurará fazer uma única tentação, ainda que com diversos matizes: romper a comunhão com Deus Pai. Para este fim, todos os meios serão aptos, desde citar a própria Bíblia até fantasiar-se de anjo da luz. As três tentações de Jesus são um exemplo muito atual: da sua fome, converta as pedras em pão; das suas aspirações, torne-se dono de tudo; da sua condição de filho de Deus, coloque a sua proteção à prova. Em outras palavras: o 
dia-bolus buscará conduzir o Senhor por um caminho no qual Deus ou é tido como banal e supérfluo ou como inútil e nocivo.

Prescindir de Deus porque eu reduzo minhas necessidades a um pão que eu mesmo posso fabricar, como se fosse minha própria mágica (1ª tentação). Prescindir de Deus modificando Seu plano sobre mim, incluindo aspirações de domínio que não têm a ver com a missão que Ele confiou a mim (2ª tentação). Prescindir de Deus banalizando Sua providência, fazendo dela um capricho ou uma diversão (3ª tentação).
Isso se torna atual se formos traduzindo, com nomes e cores, quais são as tentações reais (!) que nos separam – cada um de nós e todos juntos – de Deus e, portanto, dos outros também. A tentação do "deus-ter" (em todas as suas manifestações de preocupação pelo dinheiro, pela acumulação de bens, pelas “devoções” a loterias e jogos, pelo consumismo). A tentação do "deus-poder" (com todo o leque de pretensões de ascensão, que confundem o serviço aos demais com o servir-se dos demais, para os próprios interesses e controles). A tentação do "deus-prazer" (com tantas, tão infelizes e, sobretudo tão desumanizadoras formas de praticar o hedonismo, tentando censurar inutilmente nossa limitação e finitude).

Quem duvida de que existem mil diabos, que nos encantam e seduzem a partir da chantagem das suas condições e, apresentando-nos tudo como fácil e atrativo, e que nos separam de Deus, dos demais e de nós mesmos?

Jesus venceu o diabo! A Quaresma é um tempo privilegiado para voltarmos ao Senhor, unindo novamente tudo o que o tentador separou.
Jejuando quarenta dias no deserto, Cristo consagrou a abstinência quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva. (Prefácio do 1° Domingo da Quaresma).


Oremos
: Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda Palavra que sai de vossa boca para vencer ao pecado, a nós mesmos e ao diabo. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Minha bênção fraterna.  
Padre Luizinho, Com. Canção Nova