terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pedofilia e sacerdotes.Desfazendo mitos.


Os erros e fragilidades de alguns membros da Igreja na área da sexualidade tem dado margem a muitos comentários maldosos e sem fundamento sobre o assunto,principalmente no que diz respeito à Pedofilia.
Como esclarecimento e ampliação do debate desta questão delicada,não só para a Igreja, mas também para toda a sociedade – vítima desta terrível deformação humana ,fruto do pecado e da ausência de Deus-postamos  perguntas e respostas que desfazem alguns mitos sobre o assunto em relação aos sacerdotes supostamente envolvidos e colocam as coisas em seu devido lugar.
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Mito 1: ” Pelo o que foi divulgado,é mais provável que Sacerdotes católicos sejam pedófilos em maior quantidade,comparando com outros grupos de homens..”.
Isto é falso. Não existe evidência alguma de que os sacerdotes pelo seu chamado particular estejam mais inclinados a abusar de crianças que outros grupos de homens.
O uso e abuso de crianças como objeto de satisfação sexual por parte dos adultos é epidêmico em todas as classes sociais, profissionais, religioso e grupos étnicos ao redor do mundo, segundo demonstram claramente as estatísticas sobre a pornografia, incesto e prostituição infantil.
A pedofilia (abuso de crianças e pré-adolescentes) entre padres é extremamente rara, pois afeta somente 0,3 % de todo o Clero Católico. ( cifra citada no livro Pedophilia and Piresthood (Pedofilia e sacerdócio, escrita por um estudioso não católico chamado Philip Jenkins).
A pedofilia é um tipo particular de desordem sexual compulsiva na qual uma adulto (homem ou mulher) abusa de crianças. A grande maioria dos escândalos sexuais do clero que estão aparecendo não entram propriamente na categoria de pedofilia. A maioria deve ser qualificada como efebofilia ou atração homossexual a adolescentes. Ainda que o número total de Sacerdotes que cometem abuso sexual é muito mais alto que os que são culpados de pedofilia, a cifra total fica ainda por baixo dos 2% que é semelhante à porcentagem que se dá entre os homens casados. (Jenkins, Pedophilia and Priests).
Pela ocasião aos ataques a Igreja, outros grupos religiosos e instituições não religiosas admitiram ter problemas semelhantes tanto de pedofilia como de efebofilia entre as filas de seus cleros pessoais.
Não existem evidências de que a pedofilia seja mais comum entre o Clero Católico, que entre os ministros protestantes, os líderes judeus, os médicos ou os membros de qualquer outra instituição na quais os adultos ocupem posições de autoridade sobre as crianças.
Mito 2: “O estado de celibato dos sacerdotes conduz a prática da pedofilia”.
O Celibato não é causa de nenhuma prática sexual desviada, dentre as quais se inclui a pedofilia. De fato, em comparação com os Sacerdotes, a probabilidade que os homens casados abusem sexualmente de crianças é praticamente igual (Jenkins, Pedophilia and Priests).
Entre a população em geral, a maioria dos transgressores pedófilos são homens reincidentes que abusam sexualmente de meninas.
Também existem mulheres que cometem este tipo de abusos sexuais. Embora seja difícil obter estatísticas exatas sobre o abuso sexual de crianças, os traços característicos dos que repetidamente cometem abuso sexual com crianças tem sido bem descritos.
O perfil dos molestadores sexuais de crianças nunca incluiu adultos normais que se sentem atraídos eroticamente por crianças por resultado de abstinência. (Fred Berlin, Compulsive Sexual Behaviors, in Addiction and Compulsion Behaviors [Boston: NCBC, 1998]; Patrick J. Carnes, Sexual Compulsion: Challenge for Church Leaders, in Addiction and Compulsion; Dale O’Leary, Homosexuality and Abuse).
Mito 3: “Se os Sacerdotes se casassem, desaparecia a pedofilia e outras formas de conduta sexual desviada”.
Algumas pessoas, incluindo alguns dissidentes católicos, andam a expressar seu descontentamento em público, se aproveitando desta situação para promover seus próprios interesses. Como resposta aos escândalos, alguns exigem que o clero seja casado como se o matrimônio fizesse com que “certos” homens deixassem de molestar sexualmente as crianças. Esta afirmação é desmentida com as estatísticas mencionadas anteriormente sobre o fato de que, comparando com os sacerdotes celibatários, é igualmente comum a tendência de que homens casados abusem de crianças. (Jenkins, Pedophilia and Priests).
Dado que, não ser católico e nem ser celibatário, predispõe uma pessoa a cair em pedofilia, um clero casado não resolveria o problema (Doctors call for pedophilia research, The Hartford Currant, March 23).
O fato é que homens saudáveis não andam por aí a cair em atração erótica a crianças por causa de sua abstinência.
Mito 4. “O Celibato sacerdotal é invenção da Igreja”.
Na Igreja Católica do Ocidente, o celibato se pratica universalmente a partir do Século IV, começando com a adoção que Santo Agostinho fez a disciplina monástica para todos os seus sacerdotes. Além das muitas razões praticas para adotar esta disciplina, se supunha que era um bom meio para evitar o nepotismo e o estilo de vida celibatária permitia aos sacerdotes serem mais independentes e disponíveis. Este ideal era também uma oportunidade para que os sacerdotes dessem também testemunho do mesmo estilo de vida que seus irmãos monges. A Igreja não tem mudado as normas do celibato, porque com o passar dos séculos se tem dado conta do valor pratico e espiritual que possui (Paulo VI, Carta Encíclica sobre o Celibato Sacerdotal, 1967).
Cristo revelou o verdadeiro valor e significado do celibato. Os sacerdotes católicos, desde São Paulo até o presente tem se imitado na total doação de si mesmos a Deus e aos demais vivendo em celibato. Embora Cristo tenha elevado o matrimônio ao nível de sacramento que revela o amor e a vida da Santíssima Trindade, Ele foi também testemunha viva da vida futura.
Os sacerdotes celibatários são para nós testemunhas vivas desta vida futura na qual a unidade e o gozo do matrimonio entre um homem e mulher são superpostos pela perfeita e amorosa comunhão com Deus. O Celibato entendido e vivido adequadamente libera a pessoa para amar e servir como Jesus Cristo.
O celibato bem vivido tem sido um testemunho mais poderoso do sacrifício amoroso de homens e mulheres que se oferecem a si mesmos para servir a deus e a seus irmãos em suas comunidades.
Mito 5: “Mulheres sacerdotes” ajudariam a solucionar o problema.
Não existe nenhuma conexão lógica entre o comportamento desviado de uma pequena minoria de sacerdotes varões e a inclusão clerical de mulheres. Embora seja verdade que, segundo mostram as estatísticas sobre abuso de crianças, é mais comum que homens abusem,é fato, porém que existem mulheres que molestam sexualmente crianças.
Em 1994, o “National Opinion Research Cente”r demonstrou que a segunda forma mais comum de abuso sexual de crianças era de mulheres que abusavam de meninos. Para cada três homens molestadores sexuais de crianças, uma é mulher. As estatísticas sobre as mulheres que abusam sexualmente são mais difíceis de obter porque o crime é mais oculto (entrevista com Dr. Richard Cross, “Uma questão de caráter”, National Opinion Research Center, cf. carnes).  Além disso, é muito improvável que suas vitimas mais freqüentes, as crianças, reportem o abuso sexual, especialmente quando o agressor é uma mulher (O’Leary, Child Sexual Abuse).
Existem razões pelas quais a Igreja não pode ordenar sacerdotes mulheres, O debate sobre a ordenação de mulheres não está relacionado ao problema de pedofilia e nem com outras formas de abusos sexuais.
Mito 6: “A homossexualidade não está ligada com a pedofilia”.
Isso é simplesmente falso. É três vezes mais provável que os homossexuais sejam pedófilos que homens heterossexuais. Ainda que a pedofilia seja um fenômeno extremo e raro, um terço dos homens homossexuais sentem atração por adolescentes (Jenkins, Pedophilia and Priests).
A sedução de adolescentes homens por parte de homossexuais é um fenômeno bem documentado. Esta forma de comportamento desviado é o tipo mais comum de abuso ocorrido por sacerdotes e esta diretamente relacionado com o comportamento homossexual.
A atitude da Igreja por quem tem o problema de atração homossexual se tem caracterizado pela Compaixão e também pela firmeza constante em sustentar o ponto de vista de que a homossexualidade é objetivamente desordenada e que o matrimônio entre um homem e uma mulher é o único contexto próprio para o exercício da atividade sexual.
Mito 7: “A hierarquia Católica não tem feito nada para solucionar a pedofilia”
Esta afirmação é sem dúvida,falsa.
Quando o Código de Direito Canônico foi revisado em 1983, se acrescentou uma passagem importante:
Cânon 1395, 2 “O clérigo que comete de outro modo um delito contra o sexto mandamento do Decálogo, quando este delito tiver sido cometido com violência, ameaças, publicamente ou com um menor que não tiver completo dezesseis anos de idade, deve ser castigado com penas justas, sem excluir a expulsão do estado clerical, quando o caso o requeira.”.
Mas certamente, não é o único que a Igreja tem feito. Os bispos, começando com o Papa Paulo VI em 1967, publicaram uma advertência aos fiéis sobre as conseqüências negativas da revolução sexual. A Enciclica Papal Sacerdotalis Coelibatus (sobre o celibato sacerdotal), tratou o tema do celibato sacerdotal no meio de um ambiente cultural que exigia maior “liberdade” sexual. O Papa voltou a reafirmar o celibato ao mesmo tempo em que apelava aos bispos para que assumissem responsabilidade pelos “Irmãos sacerdotes afligidos por dificuldades que põem em perigo o dom divino que foi recebido”.Aconselhava os bispos que buscassem ajuda para estes sacerdotes, ou, em casos graves, que pedissem a dispensa para os sacerdotes que não podiam ser ajudados. Além disso, lhes pediu que fossem mais prudentes ao julgar sobre a aptidão dos candidatos ao sacerdócio.
Em 1975, a Igreja Publicou outro documento chamado Declaração sobre certas questões sobre ética sexual (escrito pelo cardeal Joseph Raztinger) que tratava explicitamente, entre outros assuntos, o problema da homossexualidade entre os sacerdotes.
Tanto o documento de 1967 como o de 1975 tratam o tema dos desvios sexuais, incluindo a pedofilia e a efebofilia, que são especialmente freqüentes entre os homossexuais.
Como respostas aos escândalos, algumas dioceses estão criando comissões especiais para afrontar os casos de abuso de menores e também estão criando grupos de defesas das vitimas e também reconhecendo oficialmente que se deve atender imediatamente qualquer acusação legitima.
Na mesma linha, recentemente a Congregação para a educação católica lançou a instrução sobre os “critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras”, onde aborda de forma direta essa questão delicada e séria.
Mito 8: O ” Ensino da Igreja sobre a moralidade sexual é o verdadeiro problema no caso de pedofilia.”
O Ensino da Igreja sobre a Moralidade sexual se baseia na dignidade da pessoa humana e na bondade da sexualidade humana. Este Ensinamento condena o abuso de crianças em todas suas formas, o mesmo que condena outros crimes sexuais repreensíveis como a violação, incesto, pornografia infantil e a prostituição infantil. Em outras palavras, se estes ensinamentos fossem vividos não existiria o problema da pedofilia.
A crença de que este ensinamento conduz a pedofilia se baseia numa falsa concepção ou em uma deliberada falsa interpretação da moral sexual católica.
A Igreja reconhece que a atividade sexual sem o amor e o compromisso que se dá somente pelo matrimônio, diminui a dignidade da pessoa humana e ao fim das contas é destrutiva.
No que se refere o celibato, séculos de experiência tem provado que homens e mulheres podem absterem-se da atividade sexual ao mesmo tempo em que se realizam plenamente vivendo uma vida santa e cheia de sentido.
Mito 9: “O requisito do celibato limita o número de candidatos ao sacerdócio, resultando em um número alto de sacerdotes sexualmente desequilibrados”.
Em primeiro lugar, não existe um “alto número de sacerdotes sexualmente desequilibrados”. De novo afirmamos que a grande maioria dos sacerdotes são normais, saudáveis e fieis. Cada dia demonstram que são dignos da confiança daqueles cuidados que lhes foram confiados.
Em segundo lugar, quem não se sentir chamado a uma vida de celibato está de fato excluído de poder ser sacerdote católico. De fato, a maioria dos homens não é chamado a ser celibatário. Sem dúvida,alguns são chamados e dentre eles, alguns estão chamados por Deus ao sacerdócio.
A vocação sacerdotal, como o matrimonio, requer o livre consentimento de ambas as partes.
Portanto, a Igreja deve discernir se um candidato é verdadeiramente digno e apto mental, física e espiritualmente para comprometer-se a uma vida de serviço sacerdotal. O desejo que um candidato tem de ser sacerdote não constitui por si mesma uma vocação.
Os diretores espirituais e vocacionais conhecem agora melhor que nunca as deficiências de caráter que faz de um candidato, em outros campos qualificando, não ser apto para o sacerdócio.
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Fonte: Apologética (Espanha) Autor: Deal Hudson, Crisis magazine